A pianista Luísa Mitre posa para foto com os braços apoiados em piano aberto

A pianista Luísa Mitre faz hoje a estreia oficial de seu duo com o saxofonista Cléber Alves, em show no Clube de Jazz do Café com Letras

Henrique Boccelli / Divulgação

A pianista, compositora e arranjadora Luísa Mitre recebe o saxofonista Cléber Alves como convidado para uma apresentação, nesta quarta-feira (15/2), no Clube de Jazz do Café com Letras. O encontro concretiza um desejo que vem sendo acalentado há anos pela dupla. O repertório que será apresentado mescla temas autorais e composições de nomes como Radamés Gnattali, Nivaldo Ornelas, Egberto Gismonti e César Camargo Mariano.

Luísa conta que acompanha o trabalho de Alves desde a adolescência, frequentando seus shows. “Conheço ele dos palcos há muito tempo. Meu tio, Kiko Mitre, toca com ele há muitos anos. Depois, quando fui estudar na UFMG, ele foi meu professor no curso de música popular  e, desde então, sempre falava que tinha vontade de fazer um duo de piano e sax, com uma abordagem de música de câmara”, diz.

A pianista explica que a ideia seguiu pairando no ar, a princípio em torno da obra de Radamés, que Alves vinha estudando e que o Toca de Tatu – grupo de choro que ela integra – já havia gravado. “Depois, eu já no mestrado e ele no doutorado, a conversa sobre formar esse duo continuava, mas sem ir para a frente”, recorda.

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Pois a estreia do duo finalmente ocorreu, só que no ambiente virtual, durante a pandemia, segundo Luísa. Eles fizeram um pocket show pelo projeto Memorial Instrumental, do Memorial Vale, mas com tudo gravado previamente em estúdio e transmitido pelo YouTube. “Ao vivo, vai ser a primeira vez agora”, explica a musicista.

Planos

Ela destaca que o duo estreia já com planos no horizonte. O roteiro do show inclui uma música de Nivaldo Ornelas “praticamente inédita”, conforme aponta a pianista. Ela diz que o tema foi gravado uma única vez, por um saxofonista carioca, e foi tocado pouquíssimas vezes.

Trabalhar essa música ensejou na dupla a vontade de se aprofundar na obra do compositor mineiro radicado no Rio de Janeiro. “A gente estava pensando em gravar esse tema que vamos apresentar no Clube de Jazz, que é para sax soprano e piano. Cléber, que é bem próximo do Nivaldo, comentou isso com ele, e ele disse que tem várias peças para nos passar, então estamos com essa ideia de ir para o estúdio”, diz Luísa.

Luísa já se apresentou no Clube de Jazz do Café com Letras – espaço inaugurado no segundo semestre de 2022, com a intenção de ser um ponto de referência para o gênero em Belo Horizonte.

“A primeira vez que toquei lá foi acompanhando a (saxofonista) Gaia Wilmer, logo quando o Clube abriu. Depois foi com o Trio Mitre, que somos eu, minha irmã, Natália, e o Kiko, tendo como convidado o Cléber Alves, no final do ano passado. Acho o espaço ótimo, tem um piano acústico e tem a estrutura toda com esse direcionamento para a música instrumental”, diz.

Atuando em diversas formações, Luísa viu 2023 começar com uma agenda de shows intensa. Ao longo do mês de janeiro, ela se apresentou em duos com a flautista Maiara Moraes, no Café com Letras, e com a irmã Natália Mitre, no festival Minas em Harmonia; e também com o grupo Toca de Tatu, no Memorial Vale.

“Espero que o ano continue nesse ritmo, porque shows em sequência dão um gás para a gente. O ano passado ainda foi bem difícil nesse quesito, de a gente ter oportunidades de se apresentar. Pelo que está se desenhando até agora, parece que 2023 vai ser muito bom. Da parte dos músicos, está todo mundo mais confiante, e da parte do público, percebo que as pessoas estão mais à vontade para sair, estão retomando as atividades”, comenta.

Oportunidades

Ela considera que um cenário aquecido também resulta de investimentos públicos e ampliação das formas de incentivo para a produção e a circulação musical. “Estou esperançosa de que, com o novo governo e o Ministério da Cultura reativado, as coisas melhorem para nossa área. A cena de Belo Horizonte é muito efervescente, com muita gente fazendo coisas boas todos os dias. O problema está na falta de oportunidades, de espaços para dar vazão”, aponta.

Em relação aos projetos com que está às voltas, ela destaca que finalmente vai gravar um disco em duo com o violonista Lucas Telles – seu marido e também parceiro de formação no Toca de Tatu. “É uma coisa que a gente já vinha ensaiando há tempos e agora vai acontecer. Devemos entrar em estúdio ainda neste primeiro semestre, para lançar o disco no segundo”, diz.

LUÍSA MITRE E CLÉBER ALVES
Show do duo de piano e sax, nesta quarta-feira (15/2), às 20h, no Clube de Jazz do Café com Letras (Rua Antônio de Albuquerque, 47, Savassi, (31) 98872-4989). Ingressos com preços variando de R$ 15 (individual, na área externa) a R$ 120 (mesa com quatro lugares, em frente ao palco).