Estante repleta de livros

É alta temporada também no mercado de livros, agitado nesta semana pelo lançamento mundial de "O que sobra", do príncipe Harry, que se tornou um best-seller instantâneo

Isabel Infantes/AFP
 
Pré-venda e expectativa para produtos culturais não são exclusividade de ingressos para shows e novas temporadas de séries. No mundo dos livros, também há espaço para a ansiedade do que vem por aí.
 
Para saciar a expectativa de leitores engajados, preparamos uma lista de títulos recém-lançados ou em situação de pré-venda que estão na programação das editoras nacionais. Confira o que vale a pena ler nesse comecinho de 2023.

“Pureza”

•  Garth Greenwell
•  Todavia (224 págs.)
•  R$ 74,90

“Pureza” é o segundo livro de Garth Greenwell publicado no Brasil e traz a história de um professor americano em Sófia, capital da Bulgária, que acaba de romper um relacionamento com um jovem. Especializado em estudos literários LGBTQIA+, Greenwell é também um dos nomes mais promissores da literatura contemporânea norte-americana. O livro foi escrito em Sófia, onde o autor dava aulas no American College, a mais antiga instituição educacional americana fora dos Estados Unidos. “O que te pertence”, publicado em 2019 no Brasil, é considerado por muitos críticos o romance gay da contemporaneidade.

“Ioga”

•  Emmanuel Carrère
•  Alfaguara (272 págs.)
•  R$ 79,90

Carrère é um dos autores mais interessantes da literatura contemporânea francesa quando se trata de autoficção. O 16º livro do autor traz um relato inicialmente planejado para ser um "livrinho simpático e perspicaz", mas que acaba por se transformar em uma espécie de descida aos infernos. Em 2015, o autor decidiu realizar um retiro de ioga. Deixou para trás celular e computador, mas levou uma caneta e um caderninho com a intenção de tomar notas para o ensaio. No meio dos exercícios e meditações, os atentados ao “Charlie Hebdo” sacudiram Paris, e Carrère perdeu um amigo. De volta à cidade, a ansiedade, a depressão e o medo tomaram conta do escritor. “Ioga”, em pré-venda na Alfaguara e previsto para fevereiro, é sobre esse misto de busca do equilíbrio e da vida que se impõem tragicamente.

“Depois que as luzes se apagam”

•  Tadeu Rodrigues
•  Editora Nós (128 págs.)
•  R$ 62

O encontro entre um porteiro ex-artista de circo e um menino marca uma narrativa de reflexão sobre respeito e amizade. O menino Estevão tem uma condição que o impede de deixar o Edifício Fabuloso, no qual trabalha um porteiro que é também um ex-palhaço e se dedica a narrar as memórias para o menino. As lembranças  do artista acabam por inundar a imaginação da criança e a ajudá-la a realizar viagens imaginárias.

“Aniquilar”

•  Michel Houellebecq
•  Alfaguara (480 págs.)
•  R$ 99,90

Uma história familiar, a descoberta de uma doença, a França mergulhada em um jogo eleitoral no ano de 2027, personagens que parecem encarnar figuras reais, menos niilismo e mais otimismo, o oitavo romance do francês Michel Houellebecq começa como se fosse um thriller político e termina com uma redenção pouco comum na obra do autor. Paul Raison é um funcionário da administração pública francesa, conselheiro e confidente do ministro das finanças de um governo que lembra o de Emmanuel Macron, mas não o cita diretamente. Enquanto vídeos de deep fake viralizam na internet com a cabeça do ministro cortada por terroristas e atos de terror se espalham aqui e ali, incluindo um massacre de imigrantes, Raison precisa lidar com o papel central de seu chefe na reeleição de um títere escolhido pelo presidente em exercício.

“Satisfação”

•  Nina Bouraoui
•  Paris de Histórias (160 págs.) 
•  R$ 55

Publicado originalmente em 2021, o 18º romance da autora francesa chega ao Brasil com uma narrativa comovente em primeira pessoa que dá voz a Madame Akli, francesa casada com um argelino, que adota a Argélia como país no momento de descolonização e anos depois de uma guerra de independência que durou quase uma década. É um país tão ferido quanto a própria personagem que Bouraoui propõe ao dar voz a uma mãe e mulher que questiona os papéis aos quais acabou atrelada. Ganhadora de prêmios importantes, como o Renaudot, o Inter e o Femina, a autora é filha de pai argelino e mãe francesa, nasceu na Bretanha e assume influências de nomes como Marguerite Duras e Annie Ernaux, ganhadora do Nobel de 2022.

“Beleza e tristeza”

•  Yasunari Kawabata
•  Estação Liberdade (282 págs.)
•  R$ 68

Oki vai a Kyoto para assistir às badaladas do ano-novo, uma tradição, e é invadido pelas próprias memórias. Na cidade mora Otoko, com quem teve um relacionamento anos atrás. Na época, a mulher era uma adolescente e Oki, um homem casado e com filhos. A menina engravidou, mas o bebê morreu ao nascer. Anos depois, quando recebe o telefonema convidando para a cerimônia das badaladas, Otoko elabora um plano. É sobre o tempo e seu efeito sobre as relações esse romance, publicado originalmente em 1964. Metáforas sensoriais, o universo feminino, a sensualidade e a tragédia são ingredientes frequentes na obra de Yasunari Kaeabata, o primeiro autor japonês a ganhar o Nobel de Literatura, 
em 1968.

“O coração que chora e ri”

•  Maryse Condé
•  Editora Bazar do Tempo (184 págs.)
•  R$ 62

Vencedor do prêmio Marguerite Yourcenar e publicado originalmente em 1999, o romance é um livro de memórias da própria autora. Maryse nasceu em Point-à-Pitre, em Guadalupe, um departamento ultramarino francês encravado no Caribe e fonte de todos os romances da autora. Nesse livro, ela acompanha a pequena Maryse, a infância em uma família burguesa, o desabrochar para a independência e para o conhecimento em Paris, a descoberta da própria identidade negra e o retorno às raízes.

“Todos nós estaremos bem”

•  Sérgio Tavares
•  Dublinense (192 págs.)
•  R$ 59,90

Ganhador do Prêmio Sesc de Literatura em 2010 com o livro de contos "Cavala", Sérgio Tavares lança agora um romance sobre o encontro entre um empresário que enriqueceu trabalhando para a ditadura militar e uma ex-guerrilheira que acabou presa, torturada e exilada. Com uma narrativa que envolve descrições explícitas de cenas de sexo homoafetivas, o romance de Sérgio Tavares foca numa geração que encarou a luta pela liberdade como uma questão de vida ou morte.