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Estado de Minas ARTES CÊNICAS

Festival Mundial do Circo abre mão da lona e ocupa espaços abertos em BH

Na volta ao formato presencial, evento terá apresentação gratuita de espetáculos em parques e praças e estreará montagem específica no Galpão Cine Horto


04/08/2022 04:00 - atualizado 03/08/2022 20:19

Os artistas circenses Fernando Sampaio, Fernando Paz e Filipe Bregantim em cena de Circo Charanga
"Circo Charanga" (2019), mais recente montagem do grupo LaMínima, é um dos quatro espetáculos que a companhia paulista vai apresentar no festival, em espaços abertos da cidade (foto: Carlos Gueller/Divulgação)

Em 2001 tinha início em Belo Horizonte um projeto pioneiro: o Festival Mundial de Circo. O evento nasceu, duas décadas atrás, como a maior iniciativa do gênero no país. O Grupo LaMínima, de São Paulo, trouxe a BH a montagem “Cia. de Ballet”, que envolvia uma “grande” companhia itinerante, com produtores, técnicos, artistas, coreógrafos, formados por apenas duas pessoas. No caso, Domingos Montagner (1962-2016) e Fernando Sampaio.

“Cia. de Ballet” tinha um número aéreo, no qual a dupla de palhaços se apresentava vestida como bailarinas clássicas. Acabou levando o primeiro lugar na categoria do Festival Mundial de Circo, o que lhe valeu um convite para sua estreia fora do Brasil. Em 2002, o LaMínima foi à França para participar do Festival Mundial de Circo de Demain, em Paris.

A trajetória do evento mineiro e do grupo paulista está interligada desde então. Tanto por isto, em sua 21ª. edição, a primeira presencial desde 2019, o Festival Mundial de Circo dedica boa parte de sua programação ao LaMínima, que está comemorando 25 anos. O evento tem início nesta quinta (4/8) e prossegue até o próximo dia 11, com espetáculos em ruas, praças e teatros, além de programação paralela de exposição, oficina e lançamento de livro.

A “Mostra de Cenas Circenses”, espetáculo que costura números de 12 artistas do Brasil, da Colômbia e do Canadá, será apresentada no sábado (6/8) e no domingo (7/8) no Galpão Cine Horto. Já o LaMínima vai trazer quatro montagens de rua de seu repertório – “Rádio Variété”, “Luna Parke”, “Reprise” e “Circo Charanga”, este inédito em Belo Horizonte.

O festival, que é realizado anualmente, não teve edição em 2020, em decorrência da pandemia. Voltou no ano passado para uma versão on-line. “Funcionou demais. Tanto que um dia tivemos 11 mil acessos, a ponto de o site ‘cair’”, comenta Fernanda Vidigal, idealizadora do evento. 

Ator e atriz fazem acrobacia no solo na cena Rascunho 37
O número "Rascunho 37", da Cia Gravita, integra a %u201CMostra de Cenas Circenses%u201D, produzida para o festival (foto: Fernando Rezende/Divulgação)

Youtube

A partir desta iniciativa, Fernanda diz que não há mais como fazer o festival sem um braço on-line que seja. Nesta quinta, será lançado no canal do YouTube do evento vídeo com a contadora de estórias Mariane Bigio. Pernambucana, ela vai contar a história do circo em formato de cordel, em apresentações direcionadas para as crianças.

A “Mostra de Cenas Circenses”, que vem ocorrendo ao longo das edições do evento, nasceu como uma forma de reunir diferentes expressões em um mesmo espetáculo. “Muitas vezes, os artistas circenses não têm um espetáculo de 60 minutos, mas sim um número de alguma técnica, que pode ser de malabarismo, equilibrismo, ilusionismo. Abrimos sempre um chamamento para selecionar artistas, individuais, duplas ou trios, para apresentarem seus números”, conta Fernanda.

A cada edição, um diretor é convidado para “amarrar” os números em um único espetáculo, que é ensaiado na semana de estreia do festival. Vários nomes já passaram por esta função, como o próprio Montagner e Chico Pelúcio, do Galpão. Neste ano, o convidado foi Ronaldo Aguiar, do Recife, criador conhecido no universo circense, que já trabalhou com os companhias de Marcos Frota, Zanni e Circo Mínimo.

Fernanda diz que o festival está de volta ao formato tradicional com “muita ansiedade, ainda mais porque para as artes cênicas o público é fundamental”. “Queria muito que esta edição fosse na rua, pois não iremos montar lona, já que acho mais seguro. Esta ideia veio ao encontro da comemoração dos 25 anos do LaMínima”, acrescenta.

Mais recente espetáculo do grupo paulista, “Circo Charanga” estreou em 2019. Interrompido durante a crise sanitária, circulou pouco fora do estado de São Paulo. A montagem, com direção artística de Luiz Carlos Vasconcelos, coloca em cena três palhaços que erguem na rua uma pequena lona para um espetáculo de variedades. O trio lança desafios e números de habilidade, nos moldes dos circos clássicos.

Em cena estão Fernando Sampaio, cofundador da companhia, Fernando Paz e Filipe Bregantim, que hoje formam o LaMínima. “Dependendo da montagem, convidamos outros artistas”, comenta Luciana Lima, diretora de produção do grupo e viúva de Montagner. De acordo com ela, as montagens que virão a BH são de estrutura mais simples. 

“Como são espetáculos de rua, já fazemos pensando na linguagem, na rotatividade de pessoas. Os textos são rápidos, assim como as ações e a música. São coisas que as pessoas conseguem ‘pegar’ em um flash”, diz Luciana. A programação da companhia no festival ainda abrange a oficina “Palhaçaria e comicidade física” (inscrições já encerradas), exposição de fotografias e o lançamento do livro “Domingos Montagner: o espetáculo não para”, escrito pelo jornalista Oswaldo Carvalho.

Luciana comenta que, quando a agenda de Montagner ficou mais apertada por em razão da demanda de novelas e filmes, artistas circenses foram convidados pelo LaMínima para substituí-lo. Filipe Bregantim entrou em 2010, para a montagem de “Rádio Variété”, e Felipe Paz em 2012, quando o grupo estreou “Mistero bufo”.

“A coisa foi acontecendo de forma natural e, quando houve o acidente (Montagner morreu afogado no Rio São Francisco, em Sergipe, em 15 de setembro de 2016, durante as gravações da novela “Velho Chico”) eles já estavam inseridos no grupo”, comenta Luciana. Na época, o LaMínima se preparava para as comemorações de seus 20 anos (a companhia foi criada em 1997).

“O acidente foi em setembro e, em março do ano seguinte, demos início às comemorações dos 20 anos, com a estreia do espetáculo ‘Pagliaci’. O projeto já existia e foi uma forma de darmos continuidade e de o Domingos estar presente. Não podíamos deixar toda essa potência de trabalho, de vida e de dedicação ao circo se esvair”, diz Luciana. 

Desde a morte de Montagner, que completa seis anos no próximo mês, o LaMínima já estreou três espetáculos. Um quarto, o de número 17 do grupo, já está a caminho. Ainda sem título, tem estreia prevista para fevereiro de 2023.

FESTIVAL MUNDIAL DE CIRCO
Desta quinta-feira (4/8) a 11/8. Programação e mais informações no site do festival


Ouro Preto e Mariana

Após a temporada belo-horizontina, o LaMínima faz quatro apresentações em Ouro Preto e Mariana. No próximo 12 de agosto, às 19h, a companhia apresenta “Rádio Variété” no Museu Boulier (Rua Padre Rolim, 412, Ouro Preto). No dia seguinte, às 11h, “Circo Charanga” será apresentado na mesma cidade, no Parque Horto dos Contos, ao lado da Basílica Nossa Senhora do Pilar. Ainda no dia 13, às 16h, “Rádio Variété” será levado à Praça Gomes Freire, em Mariana. Na mesma praça, encerrando a temporada, no domingo (14/8), às 11h, a montagem “Reprise” será apresentada. Entrada franca.


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