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Estado de Minas MÚSICA

Cristina Saraiva lança 'SOS' para denunciar a destruição da natureza

Faixas do disco abordam a venda ilegal de madeira na Amazônia, queimadas, crise hídrica e a crise ambiental que será herdada pelas novas gerações


29/06/2022 04:00

Usando colar de contas e tendo o verde da natureza ao fundo, compositora Cristina Saraiva sorri, sentada em uma cadeira de madeira
Canção de Cristina Saraiva foi parar no Facebook de Yannick Jadot, que disputou o governo da França pelo Partido Verde (foto: Richard Nakamura/divulgação)

Um disco totalmente dedicado à natureza e à crise ambiental. Assim é “SOS”, lançado pela compositora e cantora carioca Cristina Saraiva.

O projeto traz as participações de Cláudio Lins, Alexandre Saraiva (ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas), Susana Gianini, Tutuca, Alexandre Saraiva, Patrícia Bastos, Renato Braz e Simone Guimarães. Luiz Waack e Breno Ruiz assinam os arranjos.

O álbum surgiu do single “SOS Amazônia”, inspirado na operação realizada pelo delegado Alexandre Saraiva, que fez a maior apreensão de madeira ilegal na região.

Exonerado do cargo de superintendente da Polícia Federal do Amazonas em 2021, ele apresentou ao Supremo Tribunal Federal notícia-crime contra o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acusando-o de conivência com grandes madeireiros. Salles deixou o governo meses depois.

O delegado cantou ao lado de Simone Guimarães. Participaram das gravações Breno Ruiz (piano), Leandro Braga (piano), Luiz Waack (violões e viola), Cássia Maria (percussão) e Toninho Ferragutti (acordeom).

Estamos gastando, detonando e destruindo tudo, como se não houvesse amanhã. As pessoas não estão nem aí

Cristina Saraiva, compositora


INGLÊS

“SOS Amazônia” é parceria de Cristina com Simone. “Gravamos a música antes do disco, como single. Fiz também a versão dela em inglês, com letra um pouco diferente, meio focada na questão da Comunidade Europeia, a principal compradora da nossa floresta”, explica.

Ligada à questão ambiental, há anos ela faz músicas com essa temática. Uma delas dedicou ao Sistema Cantareira, por exemplo. Cristina é carioca e vive há 12 anos em Piracaia, no interior paulista.

“Moro na região do Sistema Cantareira, que abastece mais da metade da Grande São Paulo. Tivemos uma crise hídrica em 2014/2015 e ainda estamos nos arrastando”, diz.

De acordo com a artista, o novo álbum é fruto do atual momento histórico do Brasil, marcado pela crise ambiental. “Não canto mal, apenas não sou cantora, sou compositora. O meu prazer maior é ouvir a minha música bem cantada”, comenta.

Orgulhosa da turma de intérpretes que reuniu, elogia Simone Guimarães. “Ela tem uma voz maravilhosa, é compositora extraordinária, grande artista.” Também chama a atenção para o mineiro Tutuca, do Quarteto Sentinela, filho do guitarrista Fredera, do grupo Som Imaginário.

“Tutuca é um supercantor, tem a veia mineira”, diz. “Modéstia à parte, um timaço participa do meu disco. Tenho vários parceiros, inclusive fiz uma canção com o violeiro e compositor mineiro Bilora”, continua.

Composta para Ária, a neta nascida na Noruega, “Pra quem virá” questiona o que vai sobrar do mundo para as novas gerações. “Estamos gastando, detonando e destruindo tudo como se não houvesse amanhã. As pessoas não estão nem aí, e as consequências acabam sobrando para quem está chegando”, lamenta Cristina.

TRAGÉDIA

Já “Geada” surgiu de fatos ocorridos em 1975. “A gente fala da seca, mas houve uma geada inacreditável em São Paulo e no Paraná. O violeiro Júlio Santim veio com a melodia e me falou disso. Como sou formada em história, fui correndo pesquisar para saber o que aconteceu, para onde foram as famílias atingidas”, conta.

Outra antiga do repertório é “Laranjeiras”, parceria dela com Simone Guimarães, que a gravou em seu primeiro álbum, “Cirandeiro” (1997).

“Peguei também duas músicas que não são minhas. É um disco autoral, mas nem tanto”, comenta, referindo-se a “Passaredo”, de Chico Buarque e Francis Hime, e “Matança”, de Jatobá.

Entre as inéditas estão “Canto de guerra”, parceria dela com Felipe Radicetti, e “Labaredas”, com Dante Ozzetti. “Queria muito falar dos incêndios florestais. Não poderia falar do meio ambiente sem citá-los”, diz. Cristina encomendou a melodia a Dante, pôs a letra e Patrícia Bastos a gravou.

Orgulhosa, conta que a versão em inglês de “SOS Amazônia” chegou onde jamais poderia imaginar. “A gente fez o clipe denunciando a venda ilegal de madeira e ele foi compartilhado pelo candidato do Partido Verde à presidência da França (Yannick Jadot). Ele postou no Facebook, dizendo que apoiava a campanha. Então, a gente não sabe aonde a nossa música chega, as coloco no mundo e cada uma tem o seu destino.”

CLIPES Duas canções de “SOS” têm clipes. “Já gravei o de ‘Pra quem virá’, que deve subir para o YouTube em breve. E o de ‘Labaredas’ foi o Dante Ozzetti quem gravou”, conta.

Além de mandar o álbum virtual para as plataformas, Cristina mandou fazer 500 cópias do CD físico. “Já está na fábrica. É para algumas pessoas que gostam muito (do formato). É para registrar, ficar”, comenta.

REPERTÓRIO

“AMAZÔNIA”
•De Breno Ruiz e Cristina Saraiva
“LARANJEIRAS”
•De Simone Guimarães e Cristina Saraiva
“PASSAREDO”
•De Francis Hime e Chico Buarque
“CANTAREIRA”
•De Simone Guimarães e Cristina Saraiva
“LABAREDAS”
•De Dante Ozzetti e Cristina Saraiva
“GEADA 1975”
•De Júlio Santim e Cristina Saraiva
“MATANÇA”
•De Jatobá
“SOS AMAZÔNIA”
•De Simone Guimarães e Cristina Saraiva
“CANTO DE GUERRA”
•De Felipe Radicetti e Cristina Saraiva
“PRA QUEM VIRÁ
•De Bilora e Cristina Saraiva

Capa do disco SOS mostra céu avermelhado durante queimada
(foto: Acervo pessoal)

“SOS”

• Disco de Cristina Saraiva
• 10 faixas
• Disponível nas plataformas digitais


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