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Estado de Minas LITERATURA

Will Smith fala de sua 'covardia' em biografia lançada no Brasil

Ator se culpa por não defender a mãe do pai alcóolatra, diz que desenvolveu o talento de fazer rir para controlá-lo e sempre fez graça para ser amado


05/04/2022 04:00 - atualizado 06/04/2022 15:32

 Will Smith e Jada
Will Smith e a mulher, Jada (foto: Dimitrios Kambouris / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)

“Olhando para trás, me dou conta de que talvez estivesse exagerando um pouco, mas a razão de eu odiar tanto aquelas críticas era porque eles, sem saber, estavam cutucando aquilo que eu mais odiava em mim mesmo: a sensação de ser um covarde.” A frase é do ator Will Smith e você pode estar se perguntando se ela se refere ao escândalo do tapa ocorrido na última festa do Oscar.

Nada disso. A reflexão faz parte de “Will”, livro escrito pelo ator em parceria com Mark Mason, no qual ele fala do que viveu desde a infância até se tornar astro de Hollywood.

“TOSCO”

No início de sua carreira no hip-hop, o jovem negro era chamado de “fraco”, “tosco” e “rapper modinha”. Will explica que veio de família de classe média – portanto, tinha condição social melhor que a de outros rappers que desabafavam sobre as adversidades da vida em sua música.

O livro revela a busca de Will por equilíbrio emocional. Muito mais que traçar como ele alcançou o ápice da carreira de ator, a biografia permite contato com o mundo interior do artista, as questões mais profundas que o atravessam e a relação com a família – tanto com pais e irmãos, quanto a que constituiu com Jada Pinkett Smith.

Will é paciente da terapeuta austríaca Michaela Boehm, com formação em psicologia junguiana. O livro, aliás, parece derivar das sessões de psicanálise. O ator investiga sua própria personalidade e – pasmem! –, o que ele mais faz é questionar a passividade, a doçura, o jeito de resolver tudo de maneira diplomática, sendo engraçado.



Em dado momento, ele revela o conflito entre o Tio Fofo, que a todos quer alegrar e agradar, e Will, ser humano que, como qualquer outro, é atravessado por dilemas existenciais, alguém que passa por momentos difíceis e lida com sentimentos ruins. Afirma que, desde a infância, optou pela personalidade engraçada, o melhor jeito que descobriu para ser amado.

Will conta como os pais se encontraram, pessoas de personalidades e formações distintas. O pai, extrovertido, falador e brincalhão, de pouco estudo, mas muito disciplinado. A mãe, mulher de poucas palavras, mas muito culta por gostar de ler, com a formação superior que poucas mulheres negras receberam nos Estados Unidos na década de 1960. Amante de jazz e blues, o casal viveu a era gloriosa da Motown.

O pai de Will teve papel fundamental na formação do caráter do ator, fazendo dele um homem disciplinado. Disciplina adquirida na Força Aérea americana imposta aos filhos.

Will atribui a essa disciplina o sucesso do ator, que bate recordes de bilheteria. Indagado por repórteres sobre o sucesso estratosférico, respondia: “Bom, eu me considero bem mediano em termos de talento. Acredito que tenho vantagem quando se trata da minha disciplina inflexível e implacável e da minha ética do trabalho.”

Durante a infância, Will conviveu com o pai atormentado pelo alcoolismo, que o tornava extremamente violento com a esposa, Caroline. Uma das cenas que marcam suas lembranças é não ter reagido às agressões sofridas pela mãe. Isso o colocou, para si mesmo, no lugar de covarde.

Ao mesmo tempo, o menino percebeu que poderia controlar o pai se o fizesse rir. A ligação dos dois é marcada por esse conflito. Não é à toa que eles têm o mesmo nome: o astro foi batizado Williard Carrols Smith II.

MURO

Embora com alguns problemas de tradução, o livro traz momentos curiosos da vida do jovem  Will Smith, como a tarefa que o pai impôs a ele e ao irmão de reconstruir um muro gigantesco em frente da sua loja, de três metros de altura por seis metros de comprimento. 
 
O ator revela que tomou ayahuasca, chá alucinógeno preparado por xamãs na Amazônia.

“Sou feliz?”, pergunta ele, em certo momento. Para os mortais, a resposta pode ser óbvia por se tratar de um ator que conquistou sucesso e constituiu família que é referência. No entanto, a resposta a essa pergunta, no capítulo “A entrega”, é bastante surpreendente e engraçada.

Com texto leve e rápido de ler, o livro é divertido e pode ajudar a compreender Smith, que corre o risco de virar persona non grata em Hollywood após agredir Chris Rock, durante a festa do Oscar, para defender a esposa.

Capa do livro WILL
(foto: Editora BestSeller/Reprodução)


“WILL”
• De Will Smith, com Mark Mason
• Editora BestSeller
• 448 páginas
• R$ 59,90


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