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Estado de Minas MÚSICA

Fãs mataram saudade de Caetano e agora torcem pela volta do 'velho normal'

Na minitemporada do baiano no Palácio das Artes, o público cantou, protestou e demonstrou desejo de superar o trauma da pandemia


04/04/2022 04:00 - atualizado 04/04/2022 16:01

De blusa branca, Caetano aponta com as duas mãos para o alto, olhando para a plateia, durante o show Meu coco, em Belo Horizonte
Caetano Veloso escolheu Belo Horizonte para receber a estreia nacional da turnê de seu novo disco, "Meu coco" (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

Cambistas tentando comprar e vender ingressos, muitos carros estacionados na Avenida Afonso Pena, grupos de pessoas conversando animadamente no hall, enorme fila para entrar no foyer e até um gato passeando entre as pessoas, meio alheio a tudo.
 
A cena poderia ser de algum momento no Grande Teatro Cemig do Palácio das Artes registrado em 2018 ou 2019. Mas as máscaras tampando narizes e bocas situam o registro em 2022 – nestes dias de “novo normal” –, com protocolos de combate à COVID-19 ainda mantidos, embora tudo comece a readquirir certo ar de normalidade pré-pandemia.

EXPECTATIVA

Na última sexta-feira (1º/4), dia da estreia nacional da turnê “Meu coco”, o público compareceu em peso para ver Caetano Veloso aparentemente desassombrado com o fantasma da pandemia. Ingressos para a sessão estavam esgotados há semanas. Na entrada do Grande Teatro, o clima era de descontração e expectativa em reencontrar o ídolo, que encerrou a temporada em BH nesse domingo (3/4).
 

"Poder ver o ídolo de perto é muito gostoso. A gente ficou esse período todo só assistindo a lives e acompanhando pelo Instagram, então é muito bom poder ver ao vivo, a sensação é outra"

Camila Szerman, geóloga

 
 
Alguns assistiam a um espetáculo pela primeira vez desde que o isolamento social se impôs, há dois anos. É o caso do aposentado Márcio Tomaz. “O sentimento de estar aqui é muito bom. Sou fã de Caetano, até pela forma como ele se posiciona politicamente, sem medo de dar opinião. É importante, neste momento, que uma pessoa do quilate dele se expresse”, ressaltou.

Confira um trecho do show de sexta (1/4):
 
Com efeito, não faltaram ao longo do show posicionamentos políticos devidamente declarados. “Fora Bolsonaro genocida” entoou a plateia, a plenos pulmões, em determinado mo- mento. Caetano, primeiro, apenas ou- viu. Depois soltou, enfático: “Sem sombra de dúvida!”.
 
“Até brinquei com a moça com quem estava conversando aqui: vão acabar me prendendo hoje, porque se tiver a chance, vou pular no palco para dar um abraço nele”, disse Márcio Tomaz, pouco antes do início do show.
 
A geóloga carioca Camila Szerman fazia sua “estreia” no Palácio das Artes. Ela mora em Belo Horizonte há dois anos. “Até agora, só peguei pandemia aqui”, contou. Foi a primeira vez que saiu de casa para assistir a um show.
 
“Aos poucos, a vida vai voltando ao normal. Poder ver o ídolo de perto é muito gostoso. A gente ficou esse período todo só assistindo a lives e acompanhando pelo Instagram, então é muito bom poder ver ao vivo, a sensação é outra”, ressaltou Camila.

''Vão acabar me prendendo hoje, porque se tiver a chance, vou pular no palco para dar um abraço nele''

Márcio Tomaz, aposentado


 
Era a segunda vez do assistente social Euler Campos no Palácio das Artes, desde a chegada da pandemia. Em dezembro, ele viu o show “As várias pontas de uma estrela”, de Gal Costa. Na ocasião, o teatro já podia receber lotação máxima de público.
 
“Ainda estava um pouco receoso, mas queria muito ver a Gal”, contou Euler. “Como profissional da saúde, posso dizer que a gente viveu um período muito conturbado durante a pandemia, então foi muito prazeroso ir naquele show, assim como agora. É bom voltar a ver pessoas interagindo, conseguindo estar um pouco mais próximas, além de reencontrar artistas que ficaram muito tempo longe dos palcos”, comentou Euler.

Confira um trecho do show de sexta (1/4):
 


O processo de reabertura gradual do Grande Teatro começou em 7 de julho do ano passado, com “Incomoda, incomoda, incomoda”, espetáculo de alunos para celebrar os 35 anos do curso técnico de teatro do Cefart, o centro de formação da Fundação Clóvis Salgado.

O primeiro show musical na casa, ainda com capacidade de público reduzida e transmissão on-line ao vivo, foi da Orquestra Mineira de Rock, em 14 de agosto do ano passado.

''É bom voltar a ver pessoas interagindo, conseguindo estar um pouco mais próximas, além de reencontrar artistas que ficaram muito tempo longe dos palcos''

Euler Campos, assistente social


ÔMICRON

Desde então, o Grande Teatro mantém agenda regular de espetáculos com cada vez menos restrições – salvo no início deste ano, quando a variante Ômicron impôs alguns cancelamentos.
 
A Fundação Clóvis Salgado segue o protocolo sanitário, como a obrigatoriedade do uso de máscaras. Porém, na sexta-feira, não foram poucas as pessoas que tiraram essa proteção, mais notadamente ao final do show de Caetano.
 
O gesto precipita a incipiente flexibilização das regras de segurança em espaços fechados, já adotada em alguns estados. Em Minas, a previsão é de que isso ocorra a partir de 1º de maio.
 


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