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Estado de Minas CINEMA

Festival de cinema fantástico tem curadoria e júri formados só por mulheres

12ª edição do Cinefantasy, que começa nesta quinta-feira (9/09), também vai discutir o assédio do setor audiovisual e homenagear Helena Ignez. Evento é on-line


09/09/2021 04:00 - atualizado 09/09/2021 07:21

"As almas que dançam no escuro", do gaúcho Marcos DeBrito, faz sua estreia no festival internacional, que tem 16 títulos na competição de longas de ficção (foto: Fotos:divulgação)


Mortes misteriosas, fantasmas e a relação entre humanos e tecnologia são alguns dos temas presentes na 12ª edição do Cinefantasy – Festival Internacional de Cinema Fantástico , que disponibiliza, on-line e gratuitamente por meio da plataforma Innsaei.TV, 119 produções a partir desta quinta-feira (9/09). 

Entre os destaques da mostra está a estreia mundial de "As almas que dançam no escuro", filme do cineasta, roteirista e escritor gaúcho Marcos DeBrito. O evento ainda realiza uma exposição virtual, workshops e um debate sobre assédio no cinema.

A homenageada desta edição é a atriz e diretora Helena Ignez , de 79 anos, que atuou em clássicos como “O padre e a moça” (1966), de Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988), "O bandido da luz vermelha" (1968) e "Copacabana mon amour" (1970), ambos de Rogério Sganzerla (1946-2004), e dirigiu "Luz nas trevas – A volta do bandido da luz vermelha" (2010), "A moça do calendário" (2017) e "Fakir" (2019), esse último premiado pelo público no 9º Cinefantasy.

Para celebrar a carreira de Helena Ignez , o festival exibe oito obras dirigidas por ela, incluindo os curtas "Reinvenção da rua" (2003), "A miss e o dinossauro" (2005) e "Poder dos afetos" (2013), e os longas "Canção de Baal" (2007) e "Feio, eu?" (2013).

O documentário "A mulher da luz própria", que conta a trajetória da atriz e diretora e tem direção assinada por sua filha, Sinai Sganzerla, também integra a programação e será disponibilizado na plataforma SPCine Play.

"Anomalia" (2019), de Sergio Vargas Paz, é outra das atrações do Cinefantasy, que começa hoje e vai até o próximo dia 19

 
POTÊNCIA 

"A Helena Ignez tem um trabalho consolidado como atriz, diretora e produtora e foi premiada em uma de nossas edições. A partir do conhecimento dela, de sua trajetória de vida e da potência criativa que ela representa, decidimos homenageá-la no festival", explica Mônica Trigo, diretora do festival e presidente da FANTLATAM – Alianza Latinoamericana de Festivales de Cine Fantastico.

"Ela [Helena Ignez] tem um trabalho muito experimental que passeia por diversas linguagens. Em várias de suas obras, o universo fantástico aparece de forma não necessariamente explícita. É impressionante perceber o potencial criativo que ela desbrava", acrescenta.

A escolha de uma figura feminina para receber a homenagem não é sem motivo, e começou durante um dos debates da última edição, quando foi levantada a questão do assédio contra mulheres no meio audiovisual. Diante dos depoimentos das convidadas, Mônica decidiu fazer a mostra com uma equipe exclusivamente formada por mulheres.

"Enquanto festival de cinema, nós temos um trabalho muito político de garantir que nossa mostra seja um espaço de inclusão. De muitas formas, o Cinefantasy acaba sendo uma área de influência para abrir as portas para as realizadoras. Por isso decidimos dar esse recorte para a curadoria e o júri. Um festival como o nosso é um espaço de garantia de exibição de realizadoras negras, LGBQIA%2b e mulheres", afirma.

Segundo ela, cada curadora fez um recorte específico para as diferentes mostras que compõem o festival. A própria Mônica Trigo assina a curadoria da mostra de longas de ficção, que reúne um total de 16 títulos de diferentes partes do mundo, como Alemanha, Coreia do Sul, Etiópia e Rússia.

A mostra de documentários tem seleção assinada pela jornalista e documentarista Flávia Guerra e traz nove longas, entre eles o indiano "Kalpavigyan: Uma jornada especulativa" (2021), de Arunava Gangopadhyay, e o francês "Nós somos as novas quimeras" (2020), de Mathias Averty.

Já a mostra de curtas-metragens conta com 86 títulos e a seleção privilegiou produções da América Latina, que são 44 do total. Ao todo, são 15 mostras competitivas entre longas e curtas.

"A mulher de luz própria", documentário de Sinai Sganzerla sobre Helena Ignez, será exibido, assim como oito títulos dirigidos pela atriz e cineasta homenageada


TROFÉU 

Os premiados receberão o troféu José Mojica Marins e o troféu João Acaiabe para a categoria Fantastic Black Power, e as produções brasileiras concorrem a prêmios de parceiros do evento. Os melhores filmes brasileiros de curta e longa-metragens  serão indicados para o Prêmio FANTLATAM. 

"O cinema fantástico é um gênero com potencial criativo que permite viagens por territórios desconhecidos e inéditos, exercícios de imaginação, mas que também apresenta pautas atuais e necessárias", comenta Mônica.

Minas Gerais está representada pelo documentário "Nh?? Yãg M? Yõg Hãm: Essa terra é nossa!" (2020), de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero. A produção parte da visão de dois cineastas indígenas para mostrar os efeitos da perda de terras, assassinatos e abusos cometidos por pecuaristas e comerciantes.

Além da exibição dos filmes, o 12º Cinefantasy promove workshops de roteiro, processo criativo e afrofuturismo. Na próxima segunda-feira (13/09), ocorre o debate on-line "Assédio no cinema – Vamos discutir?", com participação de Helena Ignez, Flávia Guerra, Simone Matos, Eduardo Dias Santana e Rosana Alcântara.

Já a exposição virtual "Elas estão comigo", de Daniela Távora, fica em cartaz no site do festival até 1º de dezembro. A mostra é composta por uma série de obras produzidas em várias mídias, tais como texto, vídeo, desenho e áudio sobre relações artísticas e influências que mulheres exercem nas trajetórias umas das outras.
 
FORMATO 

Esta é a terceira vez que o Cinefantasy é realizado de forma on-line. Na verdade, esta edição é caracterizada como híbrida, já que serão realizadas sessões presenciais em Fortaleza, no Ceará.

Para Mônica Trigo, o formato imposto pela pandemia da COVID-19 "não se desconstrói mais". "Nada substitui uma tela de cinema e o contato com o público, mas poder alcançar públicos de diferentes lugares é algo que nós não pretendemos abandonar nas próximas edições", anuncia.

Para ela, essa transposição das barreiras geográficas é a principal vantagem do ambiente virtual, enquanto o medo da pirataria é a grande desvantagem.

"Infelizmente, o Brasil ainda é campeão de pirataria no mundo todo. Vazar uma obra significa encerrar a carreira dela. No começo, nós tivemos muita dificuldade com isso, principalmente com realizadores estrangeiros. Uma das nossas principais preocupações é garantir a segurança dos filmes, buscando plataformas que sejam seguras", diz.

12º CINEFANTASY – FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA FANTÁSTICO 
Desta quinta-feira (9/09) a 19/09, nas plataformas Innsaei.TV ( https://innsaei.tv/ ) e Spcine Play ( www.spcineplay.com.br ). On-line e gratuito. Mais informações:  www.cinefantasy.com.br


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