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Estado de Minas MÚSICA

Maneskin resgata o glam rock setentista no mercado dominado pelo pop

Vencedora do Eurovision, banda italiana faz sucesso no Spotify com suas performances exageradas, visual extravagante e o espírito dos anos 70


30/05/2021 04:00

Jovens integrantes do Maneskin comemoram a vitória no Eurovision, troféu que a Itália não conquistava há 31 anos (foto: Kenzo Tribouillard/AFP %u2013 22/5/21)
Jovens integrantes do Maneskin comemoram a vitória no Eurovision, troféu que a Itália não conquistava há 31 anos (foto: Kenzo Tribouillard/AFP %u2013 22/5/21)

Trajes justos e espalhafatosos uniformizando os quatro jovens da banda. Botas de salto alto, unhas pintadas, maquiagem e a polêmica acusação de que um dos integrantes cheirou cocaína durante o show. A cena poderia ser pinçada do passado do rock mais romantizado no imaginário dos fãs. Porém, ela ocorreu no último fim de semana, quando os italianos do Maneskin venceram o festival Eurovision 2021 com a canção “Zitti e Buoni”.

“Só queremos dizer a toda Europa, ao mundo inteiro, que o rock and roll nunca morre”, afirmou o vocalista Damiano David, ao receber o troféu do importante festival realizado em
22 de maio, na Holanda. Principal astro do grupo, David, de 22 anos, fez questão de se submeter a exames para provar que não procedem as acusações de que usou drogas.

TESTE

Na imagem captada por uma das câmeras que transmitiam o Eurovision, Damiano abaixa a cabeça rapidamente em direção à mesa. O movimento levantou a suspeita, nas redes sociais, de que ele se drogava, mas o resultado negativo do teste desmentiu as insinuações.

O cantor já havia se defendido na entrevista coletiva após o evento, alegando ter se abaixado porque um dos colegas havia quebrado um copo. Versão confirmada posteriormente pelo serviço de limpeza. David se disse “contra as drogas”.

O quarteto romano é formado por Victoria De Angelis (baixo), Thomas Raggi (guitarra) e Ethan Torchio (bateria), além de Damiano. Criada quando eles cursavam o ensino médio, a banda vive o auge do estrelato. Na verdade, o grupo, cujo nome significa luar em dinamarquês, acostumou-se cedo aos holofotes.

Há cerca de cinco anos, os quatro tocavam pelas ruas de Roma, fazendo versões de sucessos do pop rock mundial. Até que, em 2017, ganharam notoriedade ao participar da versão italiana do programa “The X-Factor”.

Mesmo em segundo lugar com o single “Chosen”, o quarteto assinou contrato com a Sony Music para lançar o EP de estreia. Além dessa faixa-título, o repertório incluiu a versão do hit “Somebody told me”, da banda de indie rock norte-americana The Killers, apresentada no “The X-Factor”.

Se os chamados “talent shows” da TV mundial, como “Idols” e “X-Factor”, costumam ser dominados por jovens alinhados ao pop, a exemplo de Adam Lambert, Jennifer Hudson e One Direction, o Maneskin surpreende por conquistar seu espaço com o rock.

Embora não fujam totalmente aos padrões pop, os italianos se destacam por resgatar, em certa medida, o glam rock. Popularizado nos anos 1970 pelas bandas New York Dolls, Motley Crue e até por David Bowie (em algumas de suas fases), o estilo remete ao punk rock, ao heavy metal e ao hard rock. As principais características são a proposta performática e a extravagância não só nos vestuários, mas também nos arranjos musicais.

''Nosso grupo é uma tradução da música do passado para a modernidade''

Damiano David, cantor


STONES

“Nosso grupo é uma tradução da música do passado para a modernidade. Existem muitos grupos, mas poucos permanecem. Como inspirações estéticas, temos em mente os Rolling Stones, os Doors”, disse Damiano David, em 2017, à revista “Diva e Donna”.

Flertando com essa ideia, mas sem abrir mão da linguagem pop, os jovens italianos lançaram o primeiro álbum, “Il ballo della vita”, em 2018, pela Sony Music.

Já “Teatro d'ira: Vol. I”, que traz a faixa premiada no Eurovision, foi lançado em 19 de março deste ano. O disco tem um hard rock mais acentuado em relação ao álbum anterior, especialmente em “Zitti e Buoni”, que se tornou a música mais acessada no Spotify na Itália após a premiação, e uma das 20 mais ouvidas no mundo ao longo da última semana.

Em entrevista à revista norte-americana Variety, Thomas Raggi afirmou que a banda sempre acreditou no rock e também em cantar em italiano. Sobre o raro triunfo em um festival de um grupo que aposta no rock mais datado, Victoria De Angelis disse: “O que é realmente bom é que parecemos reais. É algo em que realmente acreditamos. Somos simplesmente nós mesmos, em vez de nos conformarmos com os tipos de música que estão mais na moda hoje.”

Antes de ser aclamada na Holanda, quebrando o jejum de 31 anos sem troféu dos italianos no Eurovision, a banda venceu, em março, o tradicional Festival de Sanremo.

A carismática cantora francesa Barbara Pravi, de 28 anos, frequentemente comparada com Edith Piaf, ficou em segundo lugar no Eurovision, com “Voila”, canção sobre autoafirmação. O cantor suíço Gjon's Tears completou o pódio com “Tout l'Univers”.


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