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Estado de Minas MÚSICA

Lana Del Rey investe em letras fora do padrão no novo álbum

Cantora inicia as canções pelo refrão em 'Chemtrails over the country club' e homenageia suas referências musicais


19/03/2021 18:18 - atualizado 19/03/2021 18:25
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O nome do novo trabalho de Lana Del Rey faz alusão à teoria de que o rastro dos aviões no céu é um produto deliberadamente tóxico
O nome do novo trabalho de Lana Del Rey faz alusão à teoria de que o rastro dos aviões no céu é um produto deliberadamente tóxico (foto: Divulgação/Interscope )
No início da década de 2010, quando a música ''Video games'' viralizou na internet e deu fama instantânea a Lana Del Rey, muita gente questionou a autenticidade do trabalho da cantora norte-americana. 

Naquela época, as pessoas tinham a impressão de que ela era mais um produto da indústria do que uma artista de verdade. Com o passar dos anos, Lana Del Rey se desvinculou da imagem de “superproduzida” e assumiu uma liberdade criativa tão fértil que lhe rendeu seis álbuns num intervalo de sete anos.

Quando ainda colhia os frutos de seu incensado mais recente disco, ''Normal fucking rockwell!'' (2019), Lana já dava indícios de que estava às voltas com um novo trabalho. Pouco tempo depois, ela anunciou ''Chemtrails over the country club'', lançado na última sexta-feira (19/3).

O caminho até aqui foi longo. A primeira música de divulgação do trabalho, ''Let me love you like a woman'', saiu em outubro de 2020. Na época, a cantora já havia confirmado a intenção de lançar o novo álbum até o final do ano, mas a pandemia atrasou a produção. O lançamento foi transferido para o início de 2021, quando foi divulgada a música-título, acompanhada de um videoclipe cinematográfico.

Teoria da conspiração

Como sempre, o trabalho é bastante conceitual. O título se refere à teoria de que a trilha de vapor deixada por aviões no céu seria, na verdade, um composto químico utilizado para prejudicar a população.

Conspiracionismo à parte, ''Chemtrails'' é o disco menos ousado de Lana Del Rey e o mais conciso. Nele, ela consegue passar a mensagem em 10 faixas e dá continuidade à parceria com o produtor Jack Antonoff - conhecido por ter trabalhado com Taylor Swift, Lorde e St. Vincent. 

Além disso, Lana aprofunda a sonoridade que marcou seu trabalho anterior, juntando boas letras com instrumentais minimalistas. Na faixa de abertura, ''White dress'', a cantora explora um novo jeito de cantar, extremamente agudo. De início, isso causa certo estranhamento. Uma balada romântica, a música cresce ao longo da execução.

A faixa-título chama a atenção pela produção cuidadosa, cheia de surpresas, como a inserção de cordas e uma bateria com levada jazz. 

Veja o clipe:


Em ''Tulsa Jesus freak'', a voz de Lana Del Rey aparece distorcida, o que dá um requinte psicodélico para a música. Reza a lenda que essa seria a música-título do álbum, quando ele ainda tinha como nome provisório ''White hot forever''. 

''Já compus algumas partes do disco. Ele se chama 'White hot forever', e eu acho que provavelmente será um lançamento surpresa dentro de 12 ou 13 meses'', disse ela, em entrevista ao “The Times”, em agosto de 2019.
''Let me love you like a woman'' é uma faixa bastante tradicional no repertório de Lana Del Rey, diferente de ''Wild at heart'', na qual ela referencia as grandes composições da música country norte-americana.  

Reflexões sobre a fama 

Incrivelmente melódica, a sexta faixa, ''Dark but just a game'', traz viradas imprevisíveis e uma letra que reflete sobre a fama. Lana a define como ''sombria, mas apenas um jogo'', conforme diz a letra. 
''Not all who wander are lost'' retoma as referências ao country, assim como ''Yosemite'', originalmente escrita para o álbum ''Lust for life'' (2017).

Em ''Breaking up slowly'', Lana concretiza a aproximação com o tradicional gênero norte-americano. Para isso, ela conta com a presença da cantora Nikki Lane.

Já ''Dance till we die'' retoma a morte como tema - no passado, Lana Del Rey virou meme com um verso da música ''Summertime sadness'', do disco ''Born to die'' (2012), que diz: ''Eu queria estar morta''. 

A música nova não trata a morte como libertação, mas como catarse. Na letra, ela cita alguns de seus ídolos, como Joni Mitchell, Joan Baez e Stevie Nicks.

É de Mitchell a música ''For free', responsável por fechar o álbum. Nesta faixa, ela conta com a participação das cantoras Zella Day e Weyes Blood.

Ao fazer referência explícita a nomes tão importantes para a história da música norte-americana, Lana Del Rey parece apontar o futuro que deseja para a sua carreira. No melhor estilo “nasci na época errada”, ela não se entrega à lógica de divulgação dos álbuns, está sempre compondo e disposta a entrar em estúdio.

Um detalhe de ''Chemtrails over the country club'' é a maneira como ela inverte o padrão ‘verso seguido de refrão seguido de verso’. A maioria das canções começa com o refrão.

Em uma das músicas do ótimo ''Norman fucking rockwell!'', ela canta sobre a obsessão em escrever ''o próximo melhor disco americano''. E é isso que seus últimos trabalhos têm se mostrado: uma busca incessante pelo verso perfeito, a melodia ideal e o instrumental sublime. Com isso, ela deixa o recado de que o próximo sempre será melhor.

“CHEMTRAILS OVER THE COUNTRY CLUB”
Lana Del Rey
Intercope Records/Universal Music
Disponível nas plataformas digitais


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