A 28ª edição do Festival Mix Brasil começa nesta quarta-feira (11), às 20h, com pocket show da cantora e atriz transgênero Linn da Quebrada. Na programação, que vai até dia 22, serão exibidos 101 filmes brasileiros e estrangeiros. O evento on-line oferecerá também música, teatro, artes visuais, seminário de literatura, laboratório audiovisual e debates sobre temas relevantes para a comunidade LGBTQIA+.
A mostra competitiva nacional contará com dois longas-metragens mineiros. A torre (2019), de Sérgio Borges, e Valentina (2020), de Cássio Pereira dos Santos, estão entre os nove filmes selecionados para concorrer aos prêmios Coelho de Ouro, escolha do júri, e Coelho de Prata, concedido pelo público.
“O Mix é um festival supervibrante, com público jovem e engajado. Apesar de ser a distância, estou ansioso para saber a repercussão que o meu filme terá, pois é sobre esse público que ele fala”, conta Cássio Pereira dos Santos, mineiro de Uberlândia e diretor de Valentina.
INTERIOR
Valentina é uma garota transgênero de 17 anos que se muda da cidade grande para o interior de Minas Gerais. A protagonista é interpretada pela atriz trans Thiessa Woinbackk.
“O filme fala das lutas das pessoas trans, mas também propõe saídas, tem final positivo. No início, Valentina tende a não enfrentar a vida, mas passa por uma jornada de transformação e se torna mais forte”, explica o diretor.
A escola da nova cidade, por exemplo, nega-se a aceitar que a garota se matricule com o nome social adotado por ela. Guta Stresser, Romulo Braga, Ronaldo Bonafro, Leticia? Franco, Pedro Diniz e João Gott fazem parte do elenco.
Valentina foi filmado em Estrela do Sul, cidade do Alto Paranaíba. O longa chama a atenção para as dificuldades que a população LGBTQIA , em especial os transgêneros, enfrenta nas instituições de ensino.
“Trans acabam saindo da escola por conta da equipe escolar e dos colegas, sem terminar o ensino básico. Esse é o ponto inicial do processo de marginalização”, adverte o cineasta Cássio Pereira dos Santos. Para a elaboração do roteiro, a equipe conversou com cerca de 50 mulheres trans mineiras.
A torre, de Sérgio Borges, aborda os conflitos internos de André (Enrique Diaz). “Uma crise é como se fosse maior do que o próprio indivíduo e o derruba da torre. Mas também é uma possibilidade de André se levantar e começar de novo”, afirma o diretor.
Opressão
O filme de Borges critica o comportamento machista. “Vivemos em um mundo patriarcal, mas esse patriarcal também é opressor para o homem. Tento, de maneira singela, falar sobre isso. A ideia de respeito à diversidade deve olhar também para o homem cis branco, porque esse homem tem que se curar para termos uma sociedade melhor”, defende.
O longa foi filmado em Aiuruoca, no Sul de Minas. “Passamos duas ou três semanas em um lugar sem energia elétrica, tendo que catar lenha, vivendo nas condições da comunidade mesmo. As casas eram no mato, vivemos muito intensamente na natureza”, conta Sérgio Borges.
A jornada de André simboliza um rito de passagem. “Ele se despede um pouco da juventude, toma posse das responsabilidades da vida adulta, mas não sem uma espécie de pesar. É uma ideia de morte, renascimento e harmonização”, conclui Sérgio Borges.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
FESTIVAL MIX BRASIL
.De hoje (11) a 22 de novembro, com exibições gratuitas
.A torre entra em cartaz na quinta-feira (12), às 9h, e fica em cartaz até dia 16
.Valentina entra em cartaz no dia 17, às 9h, e fica em cartaz até dia 19
.Informações no site.