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Estado de Minas MÚSICA

Kylie Minogue ignora a pandemia e convida a ferver na pista

Com canções certeiras, 'Disco', o novo álbum da cantora australiana, faz uma homenagem ao gênero que deixa a seriedade de lado e aposta em pura diversão


09/11/2020 20:22

Kylie Minogue em show em Berlim, em 2018 (foto: AXEL SCHMIDT/AFP)
Kylie Minogue em show em Berlim, em 2018 (foto: AXEL SCHMIDT/AFP)
Em um ano repleto de lançamentos inspirados pela disco music, como Future nostalgia, de Dua Lipa, e What's your pleasure?, de Jessie Ware, Kylie Minogue ocupa uma posição de destaque neste 2020. 

Com 32 anos de carreira, a cantora australiana chega ao 15º álbum, o recém-lançado Disco, disposta a revisitar o som que marcou a década de 1970 e despertar a nostalgia pelo gênero que continua impactando o trabalho de artistas mais jovens.

Quando anunciou que estava produzindo o sucessor de Golden (2018), disco country-pop que dividiu opiniões à época de seu lançamento, a cantora chegou a dizer que pretendia homenagear a ''melhor era do pop'' no novo trabalho. Com a chegada do primeiro single, Say something, em julho passado, ficou claro que Disco é a forma que Kylie Minogue encontrou de prestar tributo a divas como Gloria Gaynor e Diana Ross, sem atropelar as estrelas em ascensão que também decidiram fazer um revival da música disco.

PISTA 
Para isso, ela segue a estrutura eletrônica e funkeada que o gênero consagrou. Também não deixa de fora os refrões repetitivos e os arranjos crescentes. Além disso, as letras não têm nenhuma ligação com a dura realidade de 2020: falam de temas escapistas e são um convite para cair na pista.

Também lançadas como singles, Magic e I love it comprovam a vocação do disco para a estética clubber. A primeira, responsável por abrir o álbum, tem uma atmosfera dançante digna dos grandes hits, algo sublinhado pela seção de sopros que emula o trabalho da banda Chic, de Nile Rodgers. Já a segunda, oitava faixa do trabalho, não é menos dançante e assume um lado mais romântico.

É notável o quanto a australiana, de 52 anos, alcança um bom desempenho quando não sai da zona de conforto. Ainda que Disco seja um mergulho no gênero que o próprio título anuncia, o álbum traz também um retorno à atmosfera dos discos Fever (2001) e Aphrodite (2010), considerados pontos de virada na carreira de Kylie Minogue.

Na faixa Miss a thing, por exemplo, ela consegue unir essas diferentes fases da carreira por meio de uma canção que flerta com o eletropop. Já em Real groove, traz diferentes camadas vocais e se permite o uso de efeitos na voz – o que não compromete seu desempenho como cantora –, ecoando o que a dupla francesa Daft Punk fez no disco Random access memories (2013).

Kylie Minogue se arrisca na empolgante Supernova, um dos destaques do álbum, marcada por uma percussão eletrônica agressiva; e em Last chance, cujo arranjo lembra o trabalho do grupo sueco ABBA.  

TEATRAL 
Talvez a faixa mais surpreendente seja Where does the DJ go?. Teatral, a composição parece trilha de musical e 'precisa' ganhar um videoclipe com essa abordagem.

Ainda que esteja na zona de conforto, a cantora e compositora também faz alguns movimentos arriscados, que, apesar de não funcionar totalmente, mostram que ela ainda tem fôlego para novos ares.

Dance flor darling é um desses casos. O início lento engana, mas a música vai acelerando e explode no refrão, referenciando a lendária discoteca Studio 54, de Nova York, citada na letra. Apesar disso, ela soa deslocada entre as 12 faixas do registro (ou 16, considerando o total da versão deluxe).

Unstoppable, por sua vez, é uma quase-balada cheia de referências setentistas, marcada por linhas de baixo e coro. Na derradeira Celebrate you, Kylie entrega uma declaração romântica que comove pela simplicidade das mensagens que tenta passar.

Disco é um retorno digno de uma das maiores pop stars que a Austrália já produziu. Em meio ao caos provocado pela pandemia da COVID-19, esse trabalho, que também é fruto da quarentena, ou seja, foi em grande parte produzido em casa, é uma declaração de amor às pistas de dança e prova que ainda há espaço para uma música pop cujo único objetivo é divertir.

DISCO
.Kylie Minogue
.Liberator Music/BMG
.Disponível nas plataformas digitais







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