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Estado de Minas TÃO LONGE, TÃO PERTO

Confira lançamentos de músicos mineiros que moram no exterior

Luiz Gabriel Lopes gravou EP em Portugal. Da Espanha, Marcelo Paganini manda 'Circus is empty'. Na Alemanha, Nil Lus fez canção inspirada no coronavírus. Vanessa Falabella e Mel Freire cantam nos EUA e na Itália


31/08/2020 04:00 - atualizado 31/08/2020 21:53

Luiz Gabriel Lopes trocou BH por Portugal, onde lançou o EP Presente e gravou clipe em Sintra(foto: Camila Pastorelli/divulgação)
Luiz Gabriel Lopes trocou BH por Portugal, onde lançou o EP Presente e gravou clipe em Sintra (foto: Camila Pastorelli/divulgação)


Tão longe, tão perto. Nestes tempos de pandemia, o título do filme de Wim Wenders traduz bem o sentimento de artistas mineiros que vivem no exterior. Direto de Portugal, Estados Unidos, Alemanha, Itália e França, cantores e compositores vêm rompendo a barreira do isolamento, lançando EPs e singles que, via internet, chegam a Belo Horizonte, cidade onde iniciaram a carreira.
Luiz Gabriel Lopes, que fez parte da banda Graveola e agora integra a Rosa Neon – destaques da cena musical de BH –, estava em turnê na Europa no início do ano. Em Portugal, foi pego de surpresa pela pandemia, mas a quarentena não o intimidou. Por lá, produziu o EP Presente, com faixas autorais, que chegou em maio às plataformas digitais. O nome do selo fonográfico de Luiz não poderia ser mais simbólico: Pequeno Imprevisto.

CLIPE “Acabei de lançar o clipe da canção Recomeçaria, dirigido pela artista plástica mineira Bárbara Avelino, que também está morando em Portugal”, conta ele. Há  10 anos Luiz Gabriel faz temporadas além-mar. Tem desenvolvido projetos com artistas portugueses e ganhou parceiros por lá, onde também investe na carreira solo.
 
Nil Lus, que vive na Alemanha, compôs A coroa sem rei, inspirada no coronavírus(foto: Victor Maciel/divulgação)
Nil Lus, que vive na Alemanha, compôs A coroa sem rei, inspirada no coronavírus (foto: Victor Maciel/divulgação)
 
 
“Esse período se tornou rico, de muita criação e produção. Lancei o Presente com quatro músicas que gravei durante a quarentena”, diz o cantor e compositor, revelando que se sente mais confortável em Portugal do que se estivesse no Brasil.
 
Registrado na “sala portuguesa” de Luiz, o EP foi mixado e remasterizado no Brasil por Otávio Carvalho. Além de Recomeçaria (gravada anteriormente por Juliana Perdigão), ele traz as faixas Minha irmã (inédita), Lembrete (releitura do sucesso do Graveola) e Amigo, composta pela tia do cantor.
“Gravei de maneira simples, no sentido de entender essa coisa da quarentena, da solidão, de estar todo mundo em casa. Isso trouxe a dimensão muito forte de mergulho espiritual e individual nos processos emocionais e psicológicos. O EP trata da questão de ressignificar a distância, o isolamento, a saudade. Enfim, busca trazer esse sentimento de maneira potente”, afirma Luiz.
 
De acordo com ele, o clipe de Recomeçaria remete “aos ciclos da natureza, a recomeçar, à morte e à vida”. As cenas foram filmadas num bosque na cidade de Sintra. Árvores, folhas secas e o chão são “personagens” do vídeo, que enfatiza a relação do corpo com o espaço.
 
Enquanto as pessoas buscam se ajeitar em sofás, cadeiras, salas e apartamentos apertados durante o confinamento social, Luiz Gabriel, com o que chama de “clipe afetivo”, mostra o corpo interagindo com a natureza, as árvores e a luz do sol.
 
A quarentena criativa do mineiro não se limitará a Presente. Ele promete EP com cinco faixas, para outubro. Violonista, Luiz Gabriel Lopes explora essa faceta em seu novo trabalho, depois de lançar os discos solo Passando portas (2010), O fazedor de rios (2015) e Mana (2017), que traziam outra sonoridade.
 
CATALUNHA Desde 1984, o cantor, compositor e instrumentista Marcelo Paganini mora na Europa. Atualmente, ele se divide entre a França e a Espanha, onde mantém um estúdio na Catalunha. “É nele que gravo meus discos. Na sexta-feira, lancei o single Circus is empty, do qual participam Billy Sherwood, baixista do grupo inglês Yes, Alan Holzman, que foi tecladista do Miles Davis e do Steve Wilson, e Chad Wackerman, baterista do Frank Zappa”, conta Paganini.
 
Distante do Brasil há tantos anos, o mineiro diz que “BH é apenas uma janela na internet”. Comenta que a pandemia tem forte impacto sobre a arte. “Fronteiras fechadas e quarentenas acabaram de assassinar o que restava da profissão de músico. Não há mais nem esperança de trabalhar. Agora, espero para ver se o trabalho via internet deixará de ser mito e vai virar realidade, pagando o suficiente para o artista viver dignamente”, observa Paganini.
 
O Brasil não está nos planos dele. “Quero morar entre a França e a Catalunha o resto da minha vida. Nem sei se volto para BH algum dia. Para um cara que sempre foi excluído, que acabou tendo de montar uma banda do eu sozinho e hoje vive recluso, a pandemia não mudou muita coisa”, diz.
Em 11 de dezembro, dia de seu aniversário, Marcelo Paganini vai lançar o vinil Identity crisis. “Tem a participação de Lenny White, baterista do Miles Davis e do Return to Forever, que gravou duas músicas. Uma delas é Soul much further away, parceria inédita minha com Lô Borges. É uma justa homenagem ao Clube da Esquina, do qual faço parte. Pouca gente sabe que sou parceiro do Lô e de Márcio Borges, fundadores do movimento”, afirma Paganini.

EUA Radicada nos Estados Unidos desde 2014, a cantora Vanessa Falabella se dedica à carreira solo, compõe e participa da banda Brazilian Music Soul, criada por ela e o instrumentista Carlos Dias. Morando em São Francisco, a mineira trabalha na produtora do amigo Diogo Sabre. Há dois meses, ela lançou o single autoral Eu sou do mar, produzido por Zeca Baleiro. “Ainda vamos fazer o clipe, essa foi uma das razões para me mudar para São Francisco”, conta Vanessa.
 
A cantora mantém os vínculos com Minas, mas pretende continuar nos EUA. “Falo muito com minhas irmãs aí, isso alivia um pouco. Também acompanho os artistas mineiros, procuro manter contato com eles. A saudade é grande, inclusive de coisas simples como as montanhas, o cheirinho de BH, meus sobrinhos. Acompanho tudo, a internet ajuda muito”, comenta.

ALEMANHA Há 30 anos no exterior, o cantor e compositor Nil Lus já morou nos Estados Unidos, França, Espanha e Inglaterra. Atualmente, vive na Alemanha. Conta que saiu de Minas com “um violão, 600 canções e US$ 100 na carteira”. Atleta da Seleção Brasileira, jogou handebol nos EUA, cantou em barzinhos na Europa e gravou seu primeiro disco, Libertê, egalitê, fraternitê, em Lisboa.
“Viver fora do Brasil é ser órfão pelo resto da vida. Somos os eternos retornados. Ser imigrante, mesmo legalizado, é carregar um coração fora do peito”, diz Nil. Ele conta que está trabalhando bastante, apesar da pandemia.
 
“Continuo gravando meus discos, embora o setor cultural esteja impactado. Acabei de lançar o vídeo de uma canção sobre o coronavírus, chamada A coroa sem rei, que pode ser visto no YouTube. Estou gravando a trilha sonora que compus para um longa-metragem alemão que sairá no começo de 2021”, enumera. Há três meses, Nil lançou seu 15º disco, Como caido del cielo.
 
A cantora Mel Freire mora na Itália desde 1983. A pandemia a obrigou a cancelar apresentações em Portugal e na Espanha. “No momento, estou com um trabalho que começou em março e teve de ser adiado. Chama-se Mel Freire canta Fred Martins”, comenta.
 
Fred Martins, que tem canções gravadas por Ney Matogrosso, Maria Rita e Zélia Duncan, entre outros cantores, é de Niterói e mora em Portugal. “Agora estamos fazendo o videoclipe de uma das faixas do disco”, conta Mel.
Nas últimas semanas, a mineira tem se apresentado em shows ao ar livre em eventos privados no verão europeu. “A saudade do Brasil não me incomoda tanto, o que me deixa pra baixo é não cantar”, conclui Mel Freire.


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