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Estado de Minas MÚSICA

Alanis Morissette abre o coração em seu novo disco

Serenamente, a cantora canadense fala dos problemas que enfrentou, como dependência química e depressão, no álbum 'Such pretty forks in the road'


01/08/2020 04:00

O contraste entre luz e escuridão dá o tom da capa do novo álbum de Alanis Morissette(foto: RCA Records/divulgação)
O contraste entre luz e escuridão dá o tom da capa do novo álbum de Alanis Morissette (foto: RCA Records/divulgação)
Quando Alanis Morissette lançou o seminal Jagged little pill, em 1995, o título do disco aludia a um dos versos da sétima faixa, You learn. Depois de 25 anos, a cantora e compositora canadense faz esse mesmo exercício ao nomear seu nono álbum, Such pretty forks in the road, com o verso de Smiling, canção responsável por abrir o trabalho. Mas as semelhanças do novo disco com aquele que a colocou em evidência param por aí.

No passado, Alanis era a jovem representante do pop rock raivoso, que escrevia letras geniais cheias de sarcasmo. Agora, ela soa mais serena, ainda que atormentada por questões existenciais. Ao longo das 11 faixas do novo trabalho, a canadense aborda suas imperfeições e problemas pessoais com a sinceridade de quem trata a escrita como um processo terapêutico.

É assim que Alanis canta, com profunda naturalidade, sobre dependência química, insônia e depressão pós-parto, condição que enfrentou após dar à luz seus três filhos – Ever, de 9 anos, Onyx, de 4, e Winter, de 11 meses.

Em Ablaze, canção dedicada à prole, Alanis fala sobre o vínculo que criou com os filhos, principalmente nos momentos de dificuldade. “Minha missão é manter a luz em seus olhos acesa”, diz a letra feita por ela. Já em Diagnosis, destaque do novo álbum, aborda o alívio em poder nomear uma condição anteriormente indescritível.

Em outro momento, na angustiante Reckoning, endereçada aos “negacionistas”, Alanis faz um comentário sobre a realidade política dos Estados Unidos, onde mora. “Todos nós estamos bem informados, e você será assombrado”, avisa um dos versos.

Majoritariamente sombrio, o disco reserva algum otimismo em Reasons I drink, cujos acordes de piano revelam a faixa alegre, ainda que seu tema seja a dependência química. Divulgada como primeiro single do álbum, a música remete a outros momentos da carreira de Alanis Morissette, como no disco Flavors of entanglement (2008), quando ela decidiu enveredar por uma abordagem mais pop radiofônica.

Planejado para maio, o novo disco foi adiado por conta da pandemia, assim como a turnê em comemoração dos 25 anos de Jagged little pill. O trabalho contou com a produção cuidadosa de Alex Hope e Catherine Marks, responsáveis pela sonoridade alternativa das canções, reforçada pela presença de piano e arranjos orquestrais.

Diferentemente de Havoc and bright lights (2012), seu último disco de estúdio, aqui Alanis Morrissette não cai do erro de tentar reproduzir a si mesma. E é interessante observá-la mais vulnerável, entregue às suas falhas, como em Pedestal, música que fecha o álbum, na qual a inconfundível voz quase desafina.

É como ela canta na arrojada Nemesis: “Essa metamorfose fechou a porta e abriu uma janela.” Longe do instrumental simples que forma a maior parte do álbum, a faixa mais dramática é também a que mais deve apontar para o futuro de Alanis enquanto cantora.

SUCH PRETTY FORKS IN THE ROAD
De Alanis Morissette
Epiphany/RCA Records
Disponível nas plataformas digitais 


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