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Estado de Minas MÚSICA

Protestos antirracistas fortalecem a música negra nos EUA

'FTP', do rapper YG, virou hino nas ruas, enquanto antigas canções do Public Enemy, Prince e Gil Scott Heron voltam às paradas. Palavras de Gerald Floyd se mesclam ao instrumental de Kendrick Scott


postado em 18/06/2020 04:00

Peça instrumental criada pelo baterista Kendrick Scott traz áudio com últimas palavras de George Floyd (foto: Rick Diamond/AFP )
Peça instrumental criada pelo baterista Kendrick Scott traz áudio com últimas palavras de George Floyd (foto: Rick Diamond/AFP )

Lançado recentemente pelo rapper YG, FTP – Fuck the police se tornou um hino para milhares de pessoas, ao exigir reformas radicais na polícia depois da morte de George Floyd, negro que perdeu a vida nas mãos de um agente branco em Minneapolis, crime que deflagrou uma onda mundial de revolta.

A lista de reprodução Black lives matter do Spotify, conjunto de 66 músicas que inclui hits de James Brown, Killer Mike, Nina Simone, NWA, Childish Gambino, Beyoncé e Kendrick Lamar, já ultrapassou 1 milhão de seguidores.

SCOTT HERON A Viral 50, lista diária da plataforma on-line, inclui o clássico The revolution will not be televised, de Gil Scott Heron, canção falada da década de 1970, cujo título vem do slogan usado pelo movimento Black Power dos Estados Unidos. A música passou a figurar agora no ranking Top 10.
Lançada em 1988, Fight the power, do grupo de rap Public Enemy, também voltou às paradas. Além disso, surgiu um novo vídeo de Baltimore, composta por Prince em 2015, após a morte do afro-americano Freddie Gray também nas mãos de policiais.

Em resposta à recente onda de protestos nas ruas, Trey Songz lançou a canção gospel 2020 riots: How many times, enquanto o cantor de folk e soul Leon Bridges mandou para as redes Sweeter, uma reflexão sobre o racismo.

“A morte de George Floyd foi a gota d'água para mim. Foi a primeira vez que chorei por um homem que não conhecia. Sou George Floyd, meus irmãos são George Floyd e minhas irmãs são George Floyd. Não posso e não vou mais ficar em silêncio”, desabafou Bridges.

Fredara Hadley, professora de etnomusicologia da Juilliard School, respeitada instituição de ensino de Nova York, lembra que, durante muito tempo, a experiência da comunidade negra foi a principal promotora da música de protesto nos Estados Unidos. Isso ocorre desde os abolicionistas, com o spiritual, ao movimento pelos direitos civis dos anos 1960, impulsionado por jazz, funk, rock, soul e rythm and blues.

“A música e as ambições negras ocuparam espaços não permitidos à população negra”, diz Fredara Hadley.

Kendrick Scott, baterista de jazz radicado em Nova York, compôs uma peça instrumental mesclada ao áudio das palavras de George Floyd antes de morrer e manifestantes cantando o nome dele.

TAMBORES Enquanto escrevia a peça, Scott se imaginava na linha de frente dos protestos, tocando seus tambores diante da polícia. “Usar as próprias palavras de Floyd foi doloroso”, admitiu. “Queria que as pessoas tivessem a reação visceral de senti-las realmente, não apenas imaginá-las. Queria usar apenas meu instrumento e minha voz, o melhor que faço, para trabalhar pela mudança.”

A professora Fredara Hadley destaca que a internet possibilita forte conexão entre artistas e o público. “Você tem um diálogo contínuo, dizendo que não há distância entre os músicos negros e as comunidades negras. Os artistas podem ser nossos amplificadores, nossos cronistas”, explica. (AFP)









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