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Túlio Mourão lança o livro 'Alma de músico' nesta terça (4), em BH

Músico repassa seus 50 anos de carreira ao lado de grandes nomes da MPB e dos Mutantes e conta, em formato de crônica, como foi ser adolescente durante a ditadura


postado em 04/02/2020 04:00 / atualizado em 03/02/2020 18:57

(foto: Árvore Comunicação/Divulgação)
(foto: Árvore Comunicação/Divulgação)

Nascido na cidade mineira de Divinópolis e tendo vivido no Rio de Janeiro de 1971 a 2001, o compositor e pianista Túlio Mourão, de 68 anos, dispôs em forma de crônica as memórias de seus 50 anos de carreira no livro Alma de músico, que ele lança nesta terça-feira (4), no projeto Sempre um Papo, em Belo Horizonte.

Sobre o período em que esteve radicado no Rio de Janeiro, Mourão afirma: “Tive uma vivência e uma experiência privilegiadas, pois estava no coração da Música Popular Brasileira de todas as vertentes, passando também pelo rock dos Mutantes. Eu tinha um pouco de recato em dizer que essa foi a melhor fase da MPB, mas hoje não tenho nenhuma dúvida disso”.

Com os Mutantes, Mourão participou da gravação do disco Tudo foi feito pelo sol, sexto álbum da banda, lançado em 1974. O músico mineiro tem nesse álbum as canções Pitágoras e Cidadão da Terra, essa em parceria com Sérgio Dias. Ele trabalhou também no programa Chico & Caetano (Globo) e acompanhou Maria Bethânia, Milton Nascimento e Fagner, entre muitos outros. “Houve uma vez em que fiquei como o único tecladista do Fagner, do Belchior e do Ednardo. Toquei também com Raul Seixas. No livro, conto a história de cada um deles”, diz.

Além das memórias musicais, uma outra razão impulsionou o músico a escrever o livro. “Frei Betto me convenceu de que era importante registrar essas memórias. Não se trata de vaidade pessoal ou registros da minha história, mas uma contextualização muito importante de um período da MPB. Também é importante registrar como aconteceu essa música e em qual contexto social e político.”

Segundo ele, “as pessoas que estavam em posição de escrever sob o impacto da ditadura, ou seja, quem estava no jornalismo, na música, na literatura ou na poesia e estava em evidência, tinha por volta de 30 anos. Naquela época, o adolescente não tinha espaço algum para escrever, não tinha chance alguma, não tinha sequer voz”. Mourão afirma que “a ditadura impactou, de uma maneira diferente, quem tinha 20 ou 30 anos, porque o mundo estava passando por mudanças extraordinárias no fim da década de 1960 e começo de 1970”.

Pelo livro desfilam referências ao festival de Woodstock, a Janis Joplin e Jimmi Hendrix, às drogas, aos hippies e aos questionamentos daquele período. “Principalmente sobre as instituições, pois em tudo havia uma vontade de experimentar o que a contracultura trazia de fora, com todo mundo se deslocando de seus eixos, indo para algum lugar, testando lugares novos.”

ADOLESCENTES

Na sua opinião, os mais impactados por esse contexto eram os mais jovens. “Os adolescentes da época eram aqueles que não estavam engessados, não tinham ainda sido cooptados e presos pelo engessamento do sistema, das estruturas familiares, profissionais e mundiais. Na realidade, essa vontade de mudança impactava muito mais o adolescente. Simultaneamente, havia uma vontade de explodir o mundo e de experimentar. Acontece que, no Brasil, vivíamos a face e a fase mais duras da ditadura, que foi de uma estupidez horrível.”
Mourão abandonou o curso de arquitetura para fazer vestibular para o Instituto Villa-Lobos. “Lá era uma escola superior de música, na qual eu pretendia ter uma base acadêmica que desse suporte para o meu aprendizado de música. Mas a Villa-Lobos era de vanguarda, e o governo não a suportava, por isso perseguiu o instituto, prendeu professores e destituiu o maestro Reginaldo de Carvalho, que era o diretor. Como se não bastasse, nomeou o general Graça para substituí-lo.”

Depois dessa “tentativa de ter uma base acadêmica na música”, Mourão se profissionalizou e passou a tocar com diversos artistas. Ele tem canções feitas em parceria com Milton Nascimento, Adélia Prado, Fernando Brant, Márcio Borges, Ronaldo Bastos, Abel Silva, Sérgio Dias, Tavinho Moura, Murilo Antunes e Nelson Motta, e composições suas gravadas por Milton Nascimento, Maria Bethânia, Nara Leão, Ney Matogrosso, Zimbo Trio e Eugênia Melo e Castro.
(foto: Editora Gulliver/reprodução)
(foto: Editora Gulliver/reprodução)

Alma de músico
• Editora Gulliver (234 págs.)
• R$ 40
• Sempre Um Papo com Túlio Mourão, nesta terça-feira (4), às 19h30, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes – Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Entrada franca. Mais informações: (31) 3261-1501.


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