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Estado de Minas

Uma história de amor com Brumadinho

A cidade mineira e Inhotim viraram set de cenas do filme 'O jardim secreto de Mariana'. Dirigida por Sérgio Rezende e protagonizada por Andréia Horta e Gustavo Vaz, trama celebra a vida e a natureza


26/11/2019 04:00 - atualizado 25/11/2019 22:02

Os protagonistas Andréia Horta (Mariana) e Gustavo Vaz (João) contracenam à beira do lago de Inhotim(foto: Fotos: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )
Os protagonistas Andréia Horta (Mariana) e Gustavo Vaz (João) contracenam à beira do lago de Inhotim (foto: Fotos: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )

Este ano, Brumadinho esteve sob os holofotes devido à tragédia do rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, com 256 mortos e 11 desaparecidos. No fim de semana, a cidade voltou a ser invadida por câmeras, mas por outro motivo: virou locação de O jardim secreto de Mariana, o novo filme do cineasta carioca Sérgio Rezende (O paciente, Zuzu Angel e Guerra de Canudos).

O Estado de Minas acompanhou com exclusividade as filmagens em Inhotim. É o primeiro longa de ficção rodado no instituto de arte, considerado o maior museu a céu aberto do mundo, que já serviu de cenário para a série brasileira 3%, da Netflix.

Foi o próprio Sérgio quem teve a ideia de filmar lá. “É um projeto antigo. Quando escrevi a primeira versão do roteiro, a história se passava na Europa. Ao logo do tempo, fui adaptando para o Brasil e Inhotim surgiu na última hora. Um belo dia, me veio uma luz. A protagonista é apaixonada pela natureza, por plantas. No Brasil, o lugar ideal seria Inhotim”, conta o diretor. As primeiras cenas do longa foram rodadas em Minas.

O filme conta a história de amor e desencontros de Mariana, interpretada pela atriz mineira Andréia Horta, e João, papel do carioca Gustavo Vaz. Ela é botânica, mas não consegue usar a ciência a seu favor quando decide realizar o maior sonho de sua vida: tornar-se mãe.

“Quando o Sérgio decidiu que queria fazer em Inhotim, nem sabia se caberia no nosso orçamento, mas corremos atrás e todos foram muito cordiais e solícitos. Mariana vem dar uma palestra aqui no museu e o João vem atrás dela. Gravamos cenas também na cidade de Brumadinho. Inhotim trouxe para a trama uma atmosfera linda. Fazer aqui foi importantíssimo para o coração do filme. Até São Pedro colaborou, pois não choveu enquanto estávamos rodando”, ressalta Érica Iootty, da Arpoador Audiovisual, responsável pela produção.

''Um belo dia, me veio uma luz. A protagonista é apaixonada pela natureza, por plantas. No Brasil, o lugar ideal seria Inhotim''

Sérgio Rezende, diretor


No domingo, o sol até deu as caras. Profissionais da equipe não só comemoraram as condições favoráveis do tempo, como fizeram questão de demonstrar a felicidade pelo título do Flamengo na Libertadores. O set estava cheio de camisas rubro-negras. “A gente começou com o pé direito esse trabalho. Agora seguimos para Nova Friburgo, no interior do Rio. O astral deste lugar e de todos os profissionais se reflete no filme. Convivo com essa história há anos e é interessante vê-la ganhando vida. Há uma ansiedade para saber se aquela imagem que vamos construir atende à fantasia com a qual convivi durante tantos anos. Foi uma revelação, tudo aqui superou minhas expectativas”, comemora Sérgio Rezende, que visitou Inhotim pela primeira vez há três meses, durante a pré-produção. “Só tenho a agradecer ao Antonio Grassi (diretor-presidente do Instituto) e Pedro Nehring (principal paisagista do espaço) por tudo.”

O que mais encantou Andréia Horta foi a conexão de sua personagem com a natureza. “E há também a ligação com a maternidade, que tem tudo a ver com o desenvolvimento das plantas, das flores. Mariana é botânica e, em suas palestras, foca muito a capacidade das mulheres e das plantas de gerar vida”, analisa. Nascida em Juiz de Fora, a atriz acredita que Inhotim foi um ganho para a própria história. “Ainda mais que sou mineira. Por mim, faríamos o filme inteiro aqui. Este lugar é maravilhoso, bonito demais. Já conhecia, mas é sempre ótimo voltar.”

TV 

Andréia conheceu Sérgio Rezende durante uma entrevista do diretor para O país do cinema, programa que ela apresenta no Canal Brasil. Quando leu o roteiro – também assinado pela filha dele, Maria Rezende –, não titubeou. A experiência na TV, conta, influencia seu trabalho. “A gente aprende muito, pois o programa dá um panorama de tudo produzido no Brasil, percorre várias narrativas e gêneros. Tenho contato com cineastas que estão começando e outros tarimbados”, explica.

''As câmeras só vinham aqui filmar tragédia. A gente tem de mudar o foco. O filme tem outra energia''

Célia Gomes, moradora de Brumadinho



O ator Gustavo Vaz está em seu quinto longa. “Fiz trabalhos importantes (entre eles, Maria do Caritó, que acabou de ser lançado, e Depois a louca sou eu, previsto para o primeiro semestre de 2020), mas João é meu primeiro protagonista no cinema. Esse desafio me interessou, fora o fato de estar num projeto com o Sérgio e a Andréia”, revela.

A relação com a natureza proporcionada por Inhotim foi outro estímulo para Gustavo. “A força da natureza e da arte acabam entrando no filme e se misturando com ele. O projeto parte de uma ideia da poesia, o roteiro traz algo poético. Tem tudo a ver com este lugar aqui. Em vários momentos, me peguei parado, contemplando, me alimentando da beleza deste espaço”, revela. Atualmente, o ator pode ser visto nas séries Aruanas, na Globoplay, e Coisa mais linda, na Netflix.

O elenco de O jardim secreto de Mariana conta também com Paulo Gorgulho, Denise Weinberg, Iano Salomão e Maria Volpe. A estreia está prevista para o segundo semestre de 2020.

Mutirão  afetivo

Moradores de Brumadinho também participam de O jardim secreto de Mariana, que contou com 23 figurantes da cidade, além de Belo Horizonte, Igarapé, Betim e Contagem. A cuidadora de idosos Célia Martins Gomes, de 42 anos, estava na lotérica quando uma produtora lhe perguntou se aceitaria fazer uma ponta. “Ela disse que estavam me observando há alguns dias e eu tinha o perfil. Achei a ideia maravilhosa, nunca fiz nada assim na minha vida. Topei na hora”, conta.

Moradora de Brumadinho, ela nunca havia botado os pés em Inhotim. “Foi um dia inesquecível. E ainda recebi pra isso (risos). Nossa cidade ficou tão marcada por coisas negativas, as câmeras só vinham aqui filmar tragédia. A gente tem de mudar o foco. O filme tem outra energia, é um romance, celebra a natureza e o amor. É importante até para mostrar a força e a capacidade da população de se reerguer”, defende Célia.

A produtora Érica Iootty ressalta o carinho dos moradores. “Eles queriam nos ajudar o tempo todo. Acho muito relevante fazermos isso neste momento, trazendo algo mais leve, feliz e alto-astral. A cidade e a região estavam precisando. É fundamental mostrar as coisas boas de Brumadinho”, acredita.

A equipe de reportagem foi a Inhotim a convite da produção do filme










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