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Estado de Minas

Helvécio Carlos


postado em 09/06/2019 04:12





“Depois de Vinicius, não é possível um substituto!”


A história de Vinicius de Moraes passa por Minas Gerais. Foi no interior do estado que o poeta se refugiou depois de ser cassado pelo Ato Institucional nº 5. Ele e outros 13 diplomatas foram vítimas do AI-5. Até a poeira baixar, o poeta ficou “escondido” durante seis meses no Pouso do Chico Rei, em Ouro Preto. O quarto número 1 acabou sendo batizado com seu nome. Quarta-feira, no Grande Hotel Ronaldo Fraga, Gilda Mattoso, a nona e última mulher do autor de Soneto de fidelidade, vai contar histórias que marcaram a vida de Vinicius e, claro, as lembranças do relacionamento que durou dois anos até a morte dele, em 1980. “Desde que fiz meu livro, Assessora de encrenca (2006), muita gente se queixou por ter falado pouco sobre meu romance com Vinicius. Fiquei com isso na cabeça e agora veio o convite do querido Ronaldo Fraga e decidi aceitar. Será meu primeiro talk show!”, comemora Gilda, que foi assessora – das mais respeitadas – de nove entre 10 grandes estrelas brasileiras. No bate-papo não faltaram também histórias que marcaram os 30 anos da carreira de Gilda .
Sobre o relacionamento com Vinicius, ela conta que, apesar de ter sido a nona mulher do escritor, o ciúme nunca foi problema. “Sou uma pessoa pouquíssimo ciumenta e não tinha ciúme do passado. Ele era um companheiro fiel e amoroso. Isso me bastava”. Para ela, romântica inveterada, Vinicius era o namorado perfeito. “Fazia versos, mandava bilhetinhos, dava flores, mas não necessariamente em datas como o Dia dos Namorados. E sim quando lhe dava na telha”.


COM A PALAVRA
Gilda Mattoso, jornalista

Você nunca escondeu a vontade de se casar com um cara igual a Vinicius. O destino ouviu seu pedido?
Acho que o universo conspirou a meu favor, pois morei em vários países na Europa nos anos 70 e aonde quer que eu fosse, Vinicius aparecia por um motivo ou outro. Fomos construindo uma relação ao longo dos anos, que começou como amizade e acabou em casamento. A relação com minha família não foi fácil, sobretudo com minha mãe, viúva, supercatólica, cujos filhos – somos sete irmãos – tinham se casado no civil, na igreja. Quando ela viu a sua caçula unir-se a um homem tão mais velho, boêmio, famoso, enfim, não era isso com o que ela sonhou pra mim!

Existe uma intolerância com relação à diferença de idade de um casal. Naquela época, você sofreu preconceito pela diferença de idade entre vocês e pelo fato de ser a nona mulher do poeta?

Não sofri propriamente preconceito, mas pessoas na rua me tratavam como filha dele, e quando nos beijávamos ficavam assustadas (aconteceu isso num voo). Se as pessoas achavam ruim de eu ser a nona mulher dele, eu não me importava nem um pouco, pois ele não me dava motivos. Não ficava falando do passado, recordando as outras mulheres (algumas delas, aliás, ficaram amigas minhas). Algumas delas já morreram, mas Nelita Leclery, que foi a número cinco, ainda é minha amiga.

Como você se sentia quando Vinicius a apresentava como “Gilda, minha viúva”?
Ficava chateada, pois parecia que ele já ia morrer, mas depois eu entendi que ele queria dizer que eu seria sua última companheira, e aí ficava lisonjeada.

A obra de Vinicius segue viva na carreira de artistas como Mart’nália e Rael, que foi elogiado pela filha do poeta, Maria de Moraes, que disse que o pai adoraria conhecê-lo. Qual é importância da obra de Vinicius para a nova geração?
Fico muito feliz quando vejo gente da novíssima geração curtindo a obra dele. Sejam livros, seja música. Tenho ido a casamentos onde são ditos seus sonetos de amor e cantadas suas músicas. Fico profundamente emocionada.

Você se lembra de alguma história boa de Vinicius de Moraes com Minas, com compositores mineiros?
Vinicius era muito amigo dos chamados quatro mineiros: Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino e Hélio Pellegrino, que frequentavam nossa casa e foram amigos fiéis até o fim. Ele tinha um outro amigo em BH: Hélcio, Helton.... não me recordo bem, a quem ele queria muito bem. Ele frequentava também Ouro Preto, no Pouso do Chico Rei, de suas amigas Ninita (Moutinho, carioca do Rio de Janeiro) e Lili Correia de Araújo (dinamarquesa que, depois de morar em Paris, Pernambuco e no Rio de Janeiro, mudou-se para Ouro Preto. Ela morreu aos 99 anos, em 2006).

Para você, o que significa o Dia dos namorados?
Uma data comercial para vender presentes. Quem se quer bem comemora todo dia!

Depois de Vinicius houve substituto no coração?
Tive umas relações e de uma delas nasceu minha única filha, que é o bem maior que tenho na vida. Depois de Vinicius não é possível um substituto!


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