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Estado de Minas CIÊNCIA

Aumento peniano tem riscos e não deve ser feito por estética, dizem médicos

As técnicas envolvidas no procedimento são variadas e envolvem diversos graus de complexidade


18/07/2021 17:07

O aumento não é assegurado nem com a cirurgia(foto: AFP PHOTO / ANDREAS SOLARO)
O aumento não é assegurado nem com a cirurgia (foto: AFP PHOTO / ANDREAS SOLARO)
Na era das redes sociais e de sufocantes padrões de beleza, até o pênis entrou na onda das pressões estéticas. Com celebridades realizando — e compartilhando — o procedimento cirúrgico de aumento peniano, pode se tornar tentadora a ideia de que “melhorar” o pênis pode acabar rendendo alguns pontos na beleza do homem.
 
Especialistas, entretanto, alertam para o fato de que um procedimento cirúrgico no órgão genital traz riscos e deve ser realizados especialmente para soluções fisiológicas, e não estéticas.
 
Para tentar entender melhor como a faloplastia funciona na prática — e os cuidados que englobam o procedimento — a reportagem falou com especialistas da urologia, e a opinião comum é de que o aumento peniano não tem resultados garantidos, por isso, fatores estéticos devem ser a menor das razões para uma faloplastia.

Faloplastia é mais do que aumento peniano

De acordo com Eduardo Pimentel, diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia — Seccional do Distrito Federal, a faloplastia vai além do aumento peniano e tem como principal razão corrigir problemas que afetam o pênis, ou o desenvolvimento do membro: “A faloplastia é empregada em várias situações em que existe uma deformidade do pênis, como uma criança que nasceu com a uretra fora do lugar, essa correção é uma faloplastia, ou homem com pênis torto, ou até que sofreu um trauma, ou uma queimadura, o tratamento pode envolver a faloplastia”.
 
As técnicas envolvidas no procedimento, como explica Bruno Vilete, urologista do Hospital Santa Marta, são variadas e envolvem diversos graus de complexidade: “Não existe uma técnica padrão para a faloplastia, podendo ser utilizadas várias técnicas, como a secção do ligamento suspensor do pênis, uso de retalhos de tecidos, enxerto de próteses biológicas, lipoaspiração da gordura supra-púbica, ou mesmo uso de próteses penianas em caso de disfunção erétil associada”.

Aumentando o pênis

Pimentel explica que, mesmo aplicada ao aumento peniano, a faloplastia ainda reserva prioridades: “A faloplastia voltada para o aumento peniano é indicada quando o paciente tem algum problema específico, como o micro-pênis, que nesse caso tem a finalidade de reconstruir um pênis adulto. Também é importante pontuar que, em os casos em que o paciente passa por uma transição de gênero, pode ser usada a faloplastia”.
 
Em relação ao aumento final do pênis, Vilete pontua o quanto os resultados podem ser insatisfatórios: “Não há uma aumento garantido com qualquer que seja a técnica empregada, sendo que em alguns estudos observou-se aumentos de 2 a 5 cm e em outros mostram até perda de dimensões (-1cm a 3 cm)”.

Cirurgia = riscos

Ambos os especialistas deixam um lembrete claro sobre como o procedimento de faloplastia para o aumento peniano pode trazer riscos. “Não existe nenhuma cirurgia isenta de risco. Todas têm um risco, o que me preocupa é que quando você faz uma cirurgia no pênis, que tem duas funções fisiológicas de extrema importância, como a de excreção e reprodução, dependendo do nível de problemas na cirurgia pode ocorrer um comprometimento dessas funções”, defende Pimentel, que ainda completa: “A gente tem de ter muito cuidado de não sair de uma cirurgia com mais problemas do que quando entrou”.
 
O diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia DF ainda indica a posição da associação em relação ao tema: “A sociedade não é simpática à faloplastia para aumento peniano apenas por questões estéticas, apesar disso ser feito. Essa indicação é clara, na sociedade, que a cirurgia tem de ter uma razão fisiológica”.
 

"A gente tem de ter muito cuidado de não sair de uma cirurgia com mais problemas do que quando entrou"." Eduardo Pimentel, Diretor-Presidente da Sociedade Brasileira de Urologia - Distrito Federal

 

Pressão estética

Segundo Vilete, além dos riscos cirúrgicos, a pressão estética para realizar uma faloplastia de aumento peniano (que tem um tempo médio de recuperação de até dois meses sem atividade sexual), pode trazer sérias consequências psicológicas: “A demanda das pessoas pelo corpo perfeito está cada vez mais explícita no nosso dia a dia. É provável que os ‘modelos de perfeição’ influenciem os comportamentos e tendências, fazendo com que os indivíduos busquem por soluções ‘milagrosas’ para se sentirem adequados para exposição na sociedade, o que consequentemente influi no aumento da ansiedade, depressão e sensação de inadequação social”.
 
Para Pimentel, fatores psicológicos podem ainda compor as razões que levam homens a procurar cirurgia de faloplastia para o aumento peniano: “Na maioria das vezes, o que observamos, é que o homem que sente uma vontade de aumentar o pênis, talvez fosse interessante analisar questões psicológicas ou emocionais antes de partir para uma cirurgia no membro”.
 
“A decisão em fazer o procedimento apenas baseada na tentativa de melhorar aparência estética genital, sem levar em consideração outros fatores que influenciam, como transtornos da autopercepção corporal, levam a um grande número de insatisfação com os resultados”, completa Vilete.

Opções não cirúrgicas?

Mas e aumentar o pênis sem cirurgias, é possível? Segundo os especialistas, o aumento não é assegurado nem com a cirurgia, soluções milagrosas vendidas em publicidade então são menos prováveis. “O pênis depois de adulto, vai ter um volume conservado, para você aumentar é preciso aumentar toda a estrutura, e isso é muito difícil ocorrer sem cirurgia, é como tentar aumentar uma perna, só funciona plenamente com uma cirurgia. Existe muita propaganda de produtos que até tentam prometer, mas não são totalmente funcionais”, diz Pimentel.
 
“Não existe nenhum método 100% efetivo para o aumento peniano, seja cirúrgico ou não. Apesar das muitas publicidades sobre o assunto que encontramos, não há soluções milagrosas”, conclui Vilete.


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