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De olho no fundo do olho

Técnica desenvolvida por cientistas americanos combina uso de tecnologia de imagem e de colírio fluorescente para analisar o epitélio pigmentar da retina, camada de difícil observação


postado em 24/03/2019 05:05


Doenças oftalmológicas, como boa parte das enfermidades, têm mais chances de cura quando são diagnosticadas mais cedo. Para ajudar nesse processo, pesquisadores americanos desenvolveram um método apurado, capaz de analisar o epitélio pigmentar da retina (EPR) — camada celular localizada no “fundo” do olho e, por isso, difícil de ser avaliada por médicos. Por meio do uso combinado de imagens ópticas adaptativas e de um colírio fluorescente, os investigadores conseguiram analisar, de forma mais clara, essa estrutura. Com a tecnologia, acreditam, será possível identificar alterações na retina com maior exatidão, o que também poderá contribuir para melhores tratamentos. As descobertas foram publicadas na última edição da revista especializada JCI Insight.

 

O EPR mantém a saúde dos fotorreceptores sensíveis à luz da retina. Como as células contêm pigmento e, assim, absorvem a luz, a fina camada de tecido do EPR é difícil de ser visualizada. O corante escolhido pelos pesquisadores, chamado indocianina, ajuda na observação dos vasos sanguíneos. “A angiografia com indocianina verde (ICG) é rotineiramente realizada em clínicas oftalmológicas. Usando a tecnologia chamada adaptativa óptica, vimos, em 2016, que a indocianina verde também pode ser usada para observar as células epiteliais de pigmento localizadas na retina. No trabalho de agora, nos baseamos nessa técnica e exploramos a estabilidade dela a longo prazo”, conta Johnny Tam, pesquisador do National Eye Institute, nos Estados Unidos, e principal autor do estudo.

 

Tam explica que o corante desaparece rapidamente dos vasos sanguíneos, em cerca de 30 minutos, mas persiste no EPR por várias horas, revelando um padrão de mosaico fluorescente, com algumas células aparecendo mais intensamente do que outras. Em testes, os pesquisadores usaram os padrões de EPR para rastrear células individuais em voluntários saudáveis e pessoas com doença retiniana. Também projetaram um software que reconhece os padrões de EPR e calcula as alterações que ocorrem de uma sessão de imagens para a próxima.

 

Como resultado, observou-se que, em voluntários saudáveis, houve pouca alteração no EPR ao longo de vários meses, com a grande maioria das células mantendo uma quantidade estável de coloração por ICG. No caso dos participantes com enfermidades retinianas, porém, as mudanças foram maiores. Os resultados animaram a equipe. “Estudar células do epitélio pigmentar da retina na clínica é como olhar para uma caixa-preta. Hoje, quando os sinais de doença são detectáveis com técnicas convencionais, muitos danos já ocorreram”, justifica Johnny Tam. “Este estudo é uma prova de conceito de que podemos usar um corante fluorescente para revelar essa impressão digital única do EPR e monitorar o tecido ao longo do tempo.”

 

TRATAMENTOS FUTUROS Uma das apostas da equipe é de que a possibilidade de visualizar um padrão de mudanças do EPR ajudará no desenvolvimento de novos tratamentos para evitar danos ou reparar problemas presentes no EPR. “Acreditamos que a imagem do epitélio pigmentar da retina combinada com outras avaliações clínicas será muito importante para identificar quais pacientes estão em risco de perder a visão. Nossa técnica permite rastrear longitudinalmente células individuais e, assim, podemos começar a monitorar a progressão da doença dentro do epitélio pigmentar da retina”, explica Johnny Tam.

 

Rafael Yamamoto, oftalmologista do Visão Hospital de Olhos, em Brasília, acredita que a técnica criada pelos cientistas americanos poderá ajudar a entender melhor a origem de doenças distróficas degenerativas. “Esses tipos de enfermidades, como a distrofia macular Sorsby e a degeneração macular relacionada à idade, não têm uma causa bem definida. O que nós sabemos apenas é que há alguma intercorrência em nível celular desencadeando uma série de fatores que fazem com que essas células se degenerem”, diz.
Para o médico, as novas informações poderão aprimorar a clínica. “Tratar doenças como essa é muito difícil, pois os exames só determinam o dano quando ele já está estabelecido, ou seja, em um estágio em que ocorreu uma perda funcional”, frisa. A intenção de Johnny Tam e a equipe é chegar a esse estágio. “Esperamos implantar essa técnica em mais pacientes e encontrar maneiras de tornar essa tecnologia prontamente disponível para outras clínicas em todo o mundo”, diz o pesquisador.


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