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Escorpião vence o câncer

Estudo comandado por cientistas mineiros aponta que veneno do aracnídeo pode ajudar no tratamento da doença. A descoberta já tem uso patenteado pela UFMG, com grande potencial de aplicação


postado em 25/12/2018 05:08

Toxina do veneno do Tityus serrulatus, espécie comum no Brasil, é importante condutor de medicamentos(foto: beto novaes/em/d. a press)
Toxina do veneno do Tityus serrulatus, espécie comum no Brasil, é importante condutor de medicamentos (foto: beto novaes/em/d. a press)

Uma pesquisa de cientistas mineiros descobriu no veneno do escorpião amarelo, Tityus serrulatus, espécie comum no Brasil, uma toxina que pode abrir um novo caminho para o tratamento contra o câncer. O trabalho do grupo de cientistas, entre eles a professora Carolina Campolina, coordenadora do mestrado profissional em biotecnologia e gestão da inovação do Centro Universitário de Sete Lagoas (Unifemm), indica que a substância pode se transformar em importante condutor de medicamentos, uma vez que ela é capaz de penetrar no núcleo das células e atuar de maneira mais efetiva em nível celular. A pesquisa foi divulgada recentemente na revista científica Scientific Reports, do grupo Nature, que reúne as principais publicações médicas do mundo.


A toxina recebeu o nome CPP-Ts e sua característica é aumentar a contração em células de músculo cardíaco, estando relacionada diretamente aos sintomas do envenenamento por escorpião, que são taquicardia e hipertensão arterial. O estudo, intitulado “CPP-Ts: a new intracelular calcium chanel modulator and a promising tool for drug delivery in cancer cells”, é liderado pelo professor titular do Departamento de Biologia Geral da UFMG, Evanguedes Kalapothakis.


A descoberta e a descrição dessa toxina, por si só, já eram um marco importante na pesquisa científica do país, mas o grupo foi além. “Como a substância era capaz de atravessar membranas, os pesquisadores identificaram que ela seria importante carreador de medicamentos que têm alvos no núcleo de células”, explica a professora Carolina Campolina.


Após a descoberta, a etapa seguinte foi fazer uma modificação na estrutura da substância, para que ela perdesse qualquer atividade farmacológica e servisse apenas como um carreador inerte. “A toxina modificada não era mais capaz de causar contração celular, mas ainda detinha a propriedade de se dirigir ao núcleo. De forma surpreendente, essa toxina modificada não entrava em células normais, mas atingia o núcleo de células tumorais de câncer de mama, próstata, pele, cólon e pulmão”, revela a professora.

POTENCIAL A descoberta já tem uso patenteado pela UFMG e apresenta grande potencial de aplicação para o tratamento do câncer. Como próximos passos, os pesquisadores pretendem ligar a toxina CPP-Ts a drogas utilizadas no tratamento da doença, para que ela direcione esses quimioterápicos apenas para células tumorais. “Espera-se que a entrega específica da droga às células de câncer resulte em um tratamento mais eficaz, com utilização de doses menores do fármaco e menos efeitos colaterais da terapia.”


Mesmo sendo divulgada em uma das publicações de maior impacto no meio científico, Carolina conta que todo o processo para a veiculação durou cerca de quatro meses, entre submissão e revisão. “A publicação ocorre por “revisão por pares” ou “peer-review”. Após submeter o trabalho para o periódico, precisamos aguardar que o editor e pelo menos mais dois revisores realizem a revisão do artigo.”


Devido à alta taxa de ocorrências no país, acidentes com picadas de escorpião são considerados um problema de saúde pública. De acordo com dados do Ministério da Saúde, no Brasil, são registrados aproximadamente 120 mil novos casos a cada ano, com cerca de 140 óbitos.


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