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É sempre tempo de ser feliz

Pessoas na terceira idade quebram tabus e mostram que, para embarcar em aventuras amorosas, basta abrir o coração e deixar as emoções aflorarem


postado em 29/09/2019 04:00

Entre danças e pisadas no pé, os aposentados Vera Lúcia, de 66 anos, e Leonel Gonzaga, de 87, se apaixonaram e não se desgrudaram mais(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Entre danças e pisadas no pé, os aposentados Vera Lúcia, de 66 anos, e Leonel Gonzaga, de 87, se apaixonaram e não se desgrudaram mais (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)


“...Se a pele enrugar/Sorria são rugas de amor/E a natureza lhe dará certeza de que o tempo passou/Apesar dos pesares brotou/Sementes que você plantou/Outra vida virá, novas ilusões no coração/Vão lhe proporcionar/Pra não sofrer, nem chorar...”, cantava o grupo de samba Fundo de Quintal sobre o envelhecimento e seus desencontros. Mas apesar das transformações corporais, o tempo se encarrega de trazer, na maturidade, sentimentos estigmatizados, como o corpo, o amor e o sexo.

É do ser humano sentir prazer, amor, sensações de erotismo e, principalmente, afeto. Seja um carinho, um cafuné, um beijo ou até o mais caloroso abraço.

Não é só de doenças ligadas à chegada da idade que se vive. É ir além, é informar sobre relações de amizade, de sexo, de maturidade e de qualidade de vida. É sair fora da caixa e enxergar as cerca de 21 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como seres que também têm o direito a ter uma vida íntima plena. Em qualquer idade, sempre será tempo de viver e se reinventar. Afinal, nunca é tarde para ser feliz. Na terça-feira, 1º de outubro, há motivos de sobra para se comemorar o Dia do Idoso, que cada vez mais ocupa seu espaço e ensina que viver com qualidade de vida é uma questão de atitude.

De acordo com a neuropsicóloga Rosana Hosken Veiga, a sexualidade e a afetividade ainda estão muito ligadas à performance sexual e à beleza, que combinam muito com a juventude. “Sexualidade e afetividade caminham durante toda a existência dos seres humanos, se transformando, assim como nos transformamos ao longo do tempo”, comenta. Para isso, ela acredita que a questão etária e a expectativa de vida diz muito sobre essa carência de empatia. “Os 60 de hoje representam bem os 50 de tempos atrás. Então, ainda há muita energia nessa idade. Porém, é palco de muito preconceito e esquecimento”, lamenta.

NO COMPASSO

Nos bailes da vida, mais precisamente no Baile da Maturidade, em BH, entre danças e pisadas no pé, a aposentada Vera Lúcia Bretas, de 66 anos, foi convidada para bailar pelo também aposentado Leonel Gonzaga, de 87. Nesse momento não teve descompasso. Segundo ela, foi tudo muito espontâneo. Afinal, um homem tão inteligente e interessante não a chamaria para dançar duas vezes. “Lembro-me de que ele estava tão cheiroso, me cativou em cada detalhe, em cada olhar, em cada troca de palavras”, relembra. Ela conta que foi ao baile com a intenção de se divertir com a irmã e o cunhado, mas acabou arranjando um namorado. “Um dia em que não fui no baile ele me ligou dizendo para eu ir. Senti 'borboletas' no estômago”, conta.

A paixão na maturidade foi encarada de forma natural pelos dois. Afinal, com o apoio da família e, principalmente, pela vontade do casal, quem poderia impedi-los? “Vivemos outros tempos, não é como antigamente. Meus filhos e a família dele foram superabertos conosco. Não se preocupam tanto ou têm aquele ciúme ruim, porque eles torcem para a nossa felicidade”, explica. O casal aproveita ao máximo essa 'paixão bonita', como diz a aposentada. Saem juntos, viajam, dançam e se apaixonam todos os dias. “A pele fica muito mais bonita, tudo fica colorido e, além disso, é muito bom pro astral e a autoestima”, comenta, demonstrando emoção nas palavras.

Para Hosken, não há regras para o que se deseja em relação a relacionamentos amorosos, mas atravessar a linha dos 50 pode dar um sentido pessoal de emergência e de se viver o essencial. “Isso se transporta para as relações. Sentimentos como alegria, gratidão e aceitação fazem parte dessa fase do viver. Então, o amor estará com novos sabores e novas perspectivas. E sempre se descobre o que vale a pena “vivendo”, revela.

Parece tão complicado hoje em dia fazer isso funcionar. Tudo assusta, tudo repele e, muitas vezes, relações resistentes, sólidas, estáveis e prazerosas se deixam perder por medos, inseguranças ou por preconceito dos outros. Assim, o Bem Viver direciona o foco para os mais maduros, para falar sobre o redescobrimento afetivo e sexual inerente à idade, desmitificando tabus e celebrando a felicidade.

* Estagiário sob a supervisão  da subeditora Elizabeth Colares



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