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Estamos ficando menos inteligentes?

A internet estabeleceu nova forma de comunicação e informação no mundo, ao mesmo tempo em que fez o homem perder a capacidade de focar em um só assunto, tornando a mente caótica e prejudicando funções do cérebro


postado em 26/05/2019 04:06

(foto: pixabay)
(foto: pixabay)



Qual o número do celular do seu filho? Nossa, não sei! Tá gravado no smartphone. E o endereço do tio, sabe como chegar? Não, mas é só colocar no Waze. Quanto é 39 + 57? Soma aí na calculadora do telefone. Você leu a reportagem sobre a reforma da Previdência? Só partes, muito grande, não tive paciência e estou sem tempo. Lembra com detalhes da sua última viagem? Nem tanto, mas as fotos estão todas lá, no Instagram. Viu a mensagem no WhatsApp? Visualizei, enorme! Desisti na metade. Você se reconhece em alguma dessas situações? É do tipo que a maioria das respostas e informações está, obrigatoriamente, atreladas às mídias eletrônicas? Se a resposta for sim, então é melhor repensar seus hábitos.


O livro The shallows: what the internet is doing to our brains (O superficial: o que a internet está fazendo com nossos cérebros), do jornalista Nicholas Carr, finalista do prêmio Pulitzer de 2011 na categoria não ficção geral, é uma obra que reverbera sobre a seguinte questão: “Estamos ficando mais burros, e a culpa é da internet”. A constatação é que, apesar do acesso quase ilimitado a informações na grande rede, o homem perde a cada dia a capacidade de focar em apenas um assunto. A mente do internauta fica caótica, poluída, impaciente e, para Carr, com menos capacidade para pensamentos aprofundados. Enquanto escrevia o livro, lançado em 2010, o autor confessou ter restringido seu acesso a e-mails e desativado suas contas no Twitter e no Facebook porque se descobriu incapaz de se concentrar.


Há quem veja as mídias eletrônicas assumindo o papel de “novos braços e cérebros” do ser humano. Por um lado, elas contribuem para o conhecimento aumentar exponencialmente, o que faz o mundo ficar mais inteligente. Por outro, individualmente, o homem emburrece porque sabe menos do todo. Ficou impossível acompanhar. A internet foi criada em 1969, nos EUA, e chegou ao Brasil em 1988, restrita à área acadêmica, só chegando ao grande público em 1994. O grande boom por aqui ocorreu em 1996, sendo um marco o lançamento da música Pela internet, de Gilberto Gil, pela própria rede, cantando uma versão acústica ao vivo e conversando com internautas sobre sua relação com a internet: “Criar meu web site/Fazer minha home-page/ Com quantos gigabytes/Se faz uma jangada/Um barco que veleje (…) Um barco que veleje nesse infomar/Que aproveite a vazante da infomaré/Que leve meu e-mail até Calcutá/Depois de um hot-link/Num site de Helsinque/Para abastecer” (...).


Desde então, a grande rede só evoluiu, cresceu e inovou. Para Nicholas Carr, o modo como a informação é disseminada na internet deteriora o cérebro em um nível físico, destruindo as conexões e circuitos cerebrais responsáveis, entre outros, pela capacidade analítica de processar informações, com resultados desastrosos para a memória de longo prazo assim como afetando a criatividade. Daí a conclusão de que a rede pode estar deixando as pessoas menos inteligentes.

PENSAMENTO RASO Levantada a questão, muitos estudos e pesquisas já foram e continuam sendo feitos. A preocupação é quanto à preservação, principalmente, da chamada memória de curto prazo ou memória de trabalho, que pode ser alterada prejudicando suas funções. Em 2007, o professor de psiquiatria da Universidade da California – Los Angeles (UCLA), Gary Small, autor do livro iBrain: Surviving the technological alteration of the modern mind (iBrain: Sobrevivendo à alteração tecnológica da mente moderna), recrutou três experientes internautas e três novatos para um estudo sobre a atividade cerebral. Eles acessavam páginas na web e eram mapeados por uma ressonância magnética do cérebro. Enquanto usavam um teclado portátil para o Google, o exame indicou aumento do fluxo sanguíneo. A atividade cerebral dos surfistas experientes era mais extensa do que a dos novatos, particularmente em áreas do córtex pré-frontal associadas à resolução de problemas e à tomada de decisões. No fim da pesquisa, Small apontou que mais atividade cerebral não é necessariamente uma atividade cerebral melhor. “A atual explosão da tecnologia digital não apenas está mudando a maneira como vivemos e nos comunicamos, mas está alterando rápida e profundamente nossos cérebros.”


Sinal de alerta ligado. Hora de pensar como a web está moldando nosso cérebro. Ainda não se sabe até que ponto é prejudicial ou não. No entanto, estudiosos apontam que, ao navegar na rede, os internautas entram em um ambiente que promove “leitura superficial, raciocínio apressado e distraído e aprendizado superficial”. Ou seja, apesar do volume de informação, o pensamento está cada vez mais raso, o que pode mudar a estrutura do cérebro. Hoje, o Bem Viver conversou com especialistas para clarear a discussão sobre até que ponto tudo isso é preocupante ou não.


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