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Estado de Minas

Minas retoma o cultivo de seringais

Alta de quase 15% na cotação da borracha anima produtores de látex. Mas falta de mão de obra qualificada ainda é um desafio a ser superado por quem quer investir nesse mercado


postado em 17/10/2016 06:00 / atualizado em 17/10/2016 09:37

Lavoura de seringueiras formada: em Minas maior produção fica no Triângulo(foto: Senar/Divulgação)
Lavoura de seringueiras formada: em Minas maior produção fica no Triângulo (foto: Senar/Divulgação)

Depois da crise dos últimos dois anos, há expectativa de investimento no cultivo(foto: Senar/Divulgação)
Depois da crise dos últimos dois anos, há expectativa de investimento no cultivo (foto: Senar/Divulgação)

Depois de dois anos com preços em baixa e pouco estímulo a novos plantios, o mercado brasileiro da borracha vive a expectativa de uma retomada. O preço do quilo do coágulo – o látex extraído das seringueiras –, que chegou a custar R$ 1,86 em 2014, aumentou quase 15%. O quilo hoje vale, em média, R$ 2,13. O maior desafio para a expansão das lavouras de seringueiras no Brasil é a falta de mão de obra qualificada. Mas, para incentivar o setor da borracha, surgem cursos e programas de treinamentos voltados para produtores rurais.

A falta de investimentos na heveicultura (cultivo da seringueira) no Brasil fez com que a produção nacional não acompanhasse a demanda interna. Hoje, o país fabrica apenas um terço da borracha que consome. O restante é importado da Ásia. No entanto, o aumento no valor do quilo do látex tem despertado o interesse de vários produtores.

“A taxa de consumo aumenta de 3% a 5% ao ano. A produção também vem crescendo e temos a perspectiva de equilibrar com o consumo em 2021 devido à expansão da cultura em vários estados. Hoje, aproximadamente, dois terços do látex usado vem de fora, principalmente do Sudeste asiático, da Tailândia, da Indonésia e da Malásia”, explica Henrique Frederico Santos, engenheiro-agrônomo e instrutor de cursos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-Minas).

Trabalhador qualificado chega a sangrar até 1 mil árvores por dia(foto: Senar/Divulgação)
Trabalhador qualificado chega a sangrar até 1 mil árvores por dia (foto: Senar/Divulgação)
Para superar o desafio da falta de mão de obra, o Senar lançou cursos para que os produtores aprendam as técnicas de extração do látex. “A atividade é desenvolvida no momento da sangria, para a qual é necessária a qualificação. Um trabalho mal feito, além de comprometer a vida útil da planta, atrapalha a produtividade”, diz Henrique.

A técnica consiste principalmente na medida da espessura ideal da casca para retirar o líquido branco da seringueira. São dois tipos de treinamento disponíveis pelo Senar, um mais curto, de 24 horas, chamado de aperfeiçoamento, para que já está na atividade, e outro de qualificação, de 40 horas, em que produtores iniciantes recebem uma boa base para a extração do látex.

“Um trabalhador sem qualificação consegue sangrar 400 árvores por dia. Já um trabalhador qualificado chega a atingir 1 mil árvores por dia facilmente. Se a perfuração da casca for ultrapassada, o ferimento permite a entrada de doenças, como os fungos, nas árvores, que podem secar o painel por onde é extraído o líquido, e até matar a planta”, afirma o agrônomo.

BOA ADAPTAÇÃO Em Minas Gerais, praticamente todo o território tem boa aceitação para o plantio das seringueiras. Apenas no extremo Sul do estado, onde são comuns geadas e temperaturas abaixo de 15°C, o plantio não é indicado. As maiores lavouras estão localizadas na região do Triângulo Mineiro, influenciadas pela proximidade com o interior paulista.

“Com grande investimento nas técnicas de plantação, São Paulo produz hoje mais de 50% do látex nacional. Minas é o quarto maior produtor. Aqui em Minas somos beneficiados pela ausência do principal problema que afeta aos seringais: o chamado mal das folhas. É um fungo que desfolha as plantas e elas não conseguem ter produção”, conta Henrique.

De pneus a camisinhas


De acordo com os números do Senar o consumo interno do látex brasileiro é voltado principalmente para as empresas automobilísticas. Cerca de 75% da produção é usada por empresas que fabricam pneus. A borracha é também usada para instrumentos cirúrgicos e na produção de preservativos. Em 2014 e 2015, em função da seca e da redução da atividade econômica, a produção em Minas caiu, retomando o crescimento, gradualmente, a partir do fim do ano passado.

“O preço do produto vem melhorando, já atravessando o período de crise. O preço da borracha é muito influenciado pelo mercado internacional e a cotação sofre influência do dólar. O aumento do preço por quilo do coágulo faz com que cresça o estímulo para produtores, que investem na eficiência da produção”, explica Ana Carolina Gomes, analista de agronegócios da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).

Os especialistas do setor ressaltam que a plantação de seringueiras é muito favorável para os pequenos agricultores, uma vez que cada trabalhador consegue conduzir até cinco hectares, obtendo uma renda mensal média de R$ 2,5 mil. O plantio das seringueiras pode também ser complementar a outras culturas. O cultivo pode ser feito de forma consorciada com plantações de café, cacau, mamão, banana e outras atividades rurais desenvolvidas no estado.

Seringueira


A planta é originária da Amazônia, só que foi a partir do cultivo na África e Ásia que, com o seu látex, ganhou o mundo. No século XIX as sementes foram levadas pelos ingleses para as colônias britânicas, e dali para superar o Brasil e o restante do planeta. A seringueira é uma árvore de grande porte e ciclo perene pertencente ao gênero Hevea, com 11 espécies, das quais, Hevea brasiliensis é a mais produtiva e plantada comercialmente, com boa qualidade de látex.


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