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Estado de Minas EM DIA COM A PSICANÁLISE

Existe uma terceira margem entre opostos para nos fazer menos radicais

Em carne e osso todos têm diferenças se forem verdadeiros sujeitos de seu desejo. Só alienados concordam o tempo todo


14/02/2021 04:00


Você já deve ter ouvido falar que todos os computadores "pensam" apenas com base em zero e 1. E é verdade. Todas as informações e tudo o que seu computador faz neste exato momento está sendo processado em dados compostos apenas de zero e 1. Este modo de operar chama-se Sistema Binário.

A base binária é capaz de simbolizar todos os números possíveis e imagináveis. No entanto, ao contrário da forma comum, utiliza apenas os símbolos zero e 1.

No maniqueísmo também se consideram apenas dois pontos de vista, tipo o bem ou mal. Ou sombra ou luz. E, por extensão, qualquer visão do mundo se divide entre poderes opostos e incompatíveis. Admitir que os bons sejam sempre bons e os maus sempre maus é uma demonstração de maniqueísmo e de um pensamento binário, pobre e rígido quando se trata da alma humana.

Consideramos que há nuances e múltiplas tonalidades entre as cores branca e preta, o prisma demonstra isto. Devemos sempre pensar que existe uma terceira margem entre dois pontos opostos, pontos de vista originais devem ser considerados e fazem com que possamos ser menos radicais.

Recentemente, temos percebido a dificuldade de conversar sobre política, por exemplo. Imediatamente, quando fazemos uma crítica ao presidente Bolsonaro, a maioria das pessoas imediatamente pula para o Lula. E lá vem chumbo. E vice-versa quando tocamos o nome Lula, muitos fazem o sinal da cruz e voltam para o atual governo.

Quase, portanto, é como se apenas os dois polos existissem. Como os binários zero e 1. Será que na política brasileira só existem lulistas e bolsonaristas? Não teremos outras chances? Assim também é em outros campos além da política.

Escutamos problemas de relacionamento de casais em que as pessoas têm um ideal e desejam que o parceiro se encaixe ali. Sem entender que os seus ideais só existem na sua cabeça, no seu imaginário. O outro sempre é alteridade radical.

Em carne e osso todos têm diferenças se forem verdadeiros sujeitos de seu desejo. Só alienados concordam o tempo todo para agradar ao outro temendo perder seu amor.

Para conviver é preciso tolerar o pacote completo. O bom e o ruim de cada um, o chato e o legal na mesma pessoa, o sim, o não e o talvez.  Os sintomas de cada um fazem parte da relação. Não conviver com o sintoma do outro torna inviável qualquer relação.

Bem dizia Lacan: não existe relação sexual. Claro que literalmente existe, mas o que ele queria apontar é que o entrosamento nunca é perfeito e que os casais não se relacionam como a outra metade da laranja. Cada um é ímpar. Tem seus próprios desejos e fantasias, singulares, que nunca serão com os do outro.

Alguns chegam a exigir, alegando que não custa nada que o parceiro abra mão do seu desejo para atendê-lo. Ceder uma vez ou outra pode ser, mas se fizer isto sempre, se anular para atender ao outro, é a morte em vida e causa depressão. Entre um homem e uma mulher, o amor pode ser chamado “amuro”, também palavras de Lacan. Deve-se encarar o muro entre dois humanos sempre.

Então, melhor entender que não tem como ser atendido sempre e que as coisas não são certas ou erradas. Existe um mundo vasto entre os dois opostos e precisamos coragem para viver a vida como ela é. Fazer laços e pactos é a única via possível e implica em perdas e ganhos. Exigências, porém, também concessões. Não se pode ganhar sempre!

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