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Estado de Minas EM DIA COM A PSICANÁLISE

Pais devem ser firmes e não ter medo de frustrar as crianças

Na quarentena, famílias têm de se virar neste novo modo de convivência em tempo integral


postado em 05/07/2020 04:00


Muitas famílias em isolamento social, os pais em home office, as crianças em casa e o fim da pandemia parece escorregar para um futuro anunciado que se estende para não se sabe quando. Crianças de variadas idades confinadas. As maiores – em sala de aula on-line, estudando, privadas de recreação e espaço livre para gastar sua energia – estão restritas aos contatos virtuais, mas encontram-se em jogos e atividades possíveis no momento. As menores, sem atividades e passeios, contam apenas com a disponibilidade dos pais que se alternam para atendê-las, cuidar da casa e trabalhar. Uma situação difícil.

As famílias têm de se virar neste novo modo de convivência em tempo integral. Disseram-me recentemente que muitos casais estão se separando. Não sei se é verdade, não há nenhuma estatística que eu conheça sobre o assunto, mas não duvido. As relações amorosas não são simples, nenhum casal é um par prefeito. Somos ímpares e não fazemos um com o outro, embora seja isto que muitos esperam encontrar, alguém com os mesmos desejos, pensando da mesma forma e em plena harmonia.

Ao contrário, no amor temos muito trabalho. O outro nos incomoda, tem seu tempo, seu método, não concorda sempre, a divisão de trabalho nem sempre é justa e vão surgindo incômodos. A vida a dois sempre cobra um preço alto e não há como fugir da conta a pagar. É matemática. Aquele que acredita que o outro será sempre um complacente companheiro, que suportará tudo sem desanimar, está se enganado e pode levar um belo susto.

Assim é a relação entre o homem e a mulher ou entre dois homens ou duas mulheres, seja homo ou heteroafetiva, é sempre instável. Ela gira em torno da contingência, nunca da certeza. E para fazer laço é preciso suportar este amor imperfeito. Portanto, para viver a dois é preciso muito investimento, respeito à diferença e sorte. Muita sorte.

Ainda preciso falar dos momentos necessários ao casal para sua relação conjugal. Ficar a sós, namorar, fazer amor. Precisam se organizar para preservar seu espaço, além das funções de pai e mãe e lembrar que são também um homem e uma mulher ou um casal.

Os pequenos precisam de atenção, mas também de aprender a brincar e se ocupar de suas próprias coisas, ter uma rotina e horários para permitir liberdade para si e para os adultos. O brincar desenvolve a criatividade e a fantasia com a qual deverá se ocupar. Pelo menos por um tempinho.

Mas para isto precisam ser educados. Tarefa impossível, dizia Freud. Ainda mais agora com os pais presentes todo o tempo. Para estes pais, eu lembraria Silvia Grebler, em seu programa Entre laços e nós, às quintas-feiras, na rádio CBN. Especialmente, em 26 de junho, quando ela fala sobre a educação. Sobre princípios que regem a vida de cada um e da importância da transmissão de princípios éticos e valores que não se realiza de qualquer jeito. Uma lista de regras a serem cumpridas e repetidas são insuficientes e cansativas tanto para os pais quanto para as crianças, e afinal não colam. São apenas sinalizadores do certo e errado. O que cola mesmo, lembra muito bem Grebler, é o combinado que envolve a criança e a responsabiliza no resultado.

Os pais devem ser firmes e não ter medo de frustrar as crianças, pois não é possível viver sem se frustrar, então é bom aprender desde cedo. Muitos pais têm medo de frustrar sem saber que surpreendentemente as crianças respondem muito bem ao “meu pai (ou minha mãe) não deixa”, ficando felizes por serem cuidadas. Transmitem-se valores de várias maneiras: através de leituras, histórias, jogos e conversas, que, principalmente, promovem um bom encontro. Nada se transmite sem cuidado ou de qualquer jeito. É no bom encontro que se imprimem à alma da criança valores que ela levará consigo para toda a vida.

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