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Queda de secretário de Cultura nazista foi vitória da sociedade

Se Regina Duarte aceitar o cargo, passará por uma prova de fogo


postado em 26/01/2020 04:00

(foto: reprodução/instagram)
(foto: reprodução/instagram)

Janeiro quente e molhado nos trouxe tempestades de toda natureza. Lamentáveis as que deixaram muita gente desabrigada e sem recursos, senão de abrigos e pessoas que se unem para trazer donativos para apaziguar os corações atormentados destes pais e filhos sem lar.

Enchente sem precedentes, resultante da falta de educação de grande parte da população em dar melhor destinação ao lixo acumulado nas ruas e bueiros, da falta de antecipação preventiva da prefeitura, que não se organiza mesmo sabendo que todo ano esta tragédia se repete, e do desequilíbrio ecológico resultante dos maus-tratos do homem à mãe natureza.

Desmatamos, asfaltamos, assoreamos rios, acabamos com as matas ciliares, desperdiçamos recursos naturais sem que sejam repostos ou reciclados, e o resultado de tudo isto é o desequilíbrio.

Não bastasse a falta de educação do homem com aquilo que recebe do Planeta, ainda na esfera da política temos de lidar com perversos como o ex-secretário Especial da Cultura Roberto Alvim, plagiando Goebbels, ministro da Propaganda Nazista. Foi assustador pensar que alguém que ocupa cargo público no Brasil sustenta tal posição de ameaçar abertamente nossa democracia.

Mas teve um saldo positivo. Brasileiros se levantaram em protesto de tal magnitude que o presidente não pôde ignorar a gravidade do fato, sendo obrigado a exonerar o ignóbil, mesmo que a contragosto.

Outro susto foi o convite para Regina Duarte assumir a Secretaria Especial da Cultura. Namorada do Brasil quando iniciou sua carreira, agora noivando com Bolsonaro. Esperamos o casamento. Se tiver coragem de aceitar, passará por uma prova de fogo, pois enfrentará seus colegas artistas, críticos e resistentes à política atual de repressão e censura da liberdade de expressão. Assim como o tratamento dado à Ancine e ao teatro, o que gerou o repúdio entre artistas brasileiros.

Os brasileiros reagiram. Foi uma bela vitória da democracia, trazendo alívio a todos os que defendem nosso país e que continuarão atentos contra qualquer ameaça à liberdade e à diversidade. Os protestos imediatos vieram até mesmo de escolas de psicanálise.

Cito aqui a pioneira declaração que encontrei antes mesmo de saber o que estava rolando. Abri o zap e lá estava Antonio Quinet, psicanalista do Campo Lacaniano no Brasil, radicado no Rio de Janeiro, pontuando a posição dos psicanalistas diante de qualquer forma de horror, contra todo tipo de política que promova discriminação e nos faça regredir no tempo, adotando os erros do passado.

Erros que causaram tragédias insuperáveis e que mostraram o quanto o homem pode ser cruel contra o outro quando se julga superior ou melhor que os demais, isto é, a megalomania, o narcisismo exacerbado que diminui os demais e 'objetaliza' a humanidade é para nós desprezível e abominável.

Assim, endossamos completamente a nota de repúdio: O Fórum do Campo Lacaniano do Rio de Janeiro repudia veementemente o projeto imperativo de molde nazista para a cultura brasileira, do atual governo, revelado pelo secretário de Cultura, Roberto Alvim. As manifestações artísticas são expressões fundamentais de uma sociedade que permitem a sublimação das pulsões sexuais e agressivas e a possibilidade de expressão da diversidade de criação e inovação permanentes, necessários à vida. A imposição de uma arte que prega ideologia e um pensamento único e imperativo é um atentado grave à civilização e ao ser humano que, por definição, é um ser-para-a-arte.

Temos que estar atentos a todo tipo de atitudes de natureza mórbida e autoritária. Concessões são perigosas porque não podemos medir o horror senão depois de instalado, como se deu no nazismo, por exemplo, que só depois de anos de crimes contra a humanidade foi compreendido em sua real dimensão.

Dizia Freud: onde há fumaça, há fogo. Banalizar manifestações de preconceito, autoritarismo e as possíveis consequências futuras é perigoso. Não podemos ser ingênuos nem banalizar o que as palavras dizem. Dizer que se fala da boca pra fora é negar aquilo que está no coração de quem diz. As palavras devem ser escutadas. A pessoa fala do que está no coração, e algumas palavras e posições são incompatíveis e inaceitáveis naqueles que ocupam cargos públicos e posições políticas em uma democracia.



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