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Estado de Minas EM DIA COM A PSICANáLISE

Um presente de grego neste tão esperado verão brasileiro

Depois do derramamento de óleo no mar, o que fazer? Para onde ir? Enfrentamos um desastre enorme que comprometeu quase todo o nosso litoral


postado em 15/12/2019 04:00

Com sua peneira, voluntário tenta livrar o mar do óleo que poluiu a Praia de Poças, na Bahia(foto: Mateus Morbeck/AFP)
Com sua peneira, voluntário tenta livrar o mar do óleo que poluiu a Praia de Poças, na Bahia (foto: Mateus Morbeck/AFP)
Vem chegando o verão. O litoral brasileiro e suas lindas praias convidam o turista ao descanso, merecido depois de um ano de batalha. Uma folga da vida corrida, da falta de tempo – sem relógio, poucas roupas, sol, calor e pé na areia. A maioria de nós, brasileiros, sonha com o momento mágico de quando poderemos ter férias de verão.

O mineiro, privado do litoral, gosta de pisar na areia e banhar-se nas águas do mar. E espera esse momento. Neste verão, no entanto, vamos ao litoral sem saber o que encontraremos. Depois do derramamento de óleo, o que fazer? Para onde ir? Enfrentamos um desastre enorme que comprometeu quase toda a nossa costa e vai tomando proporções jamais imaginadas.

Muitos escolherão as praias do Sul fluminense, onde ainda não há sinais do desastre ecológico que intoxica o litoral do Maranhão ao Rio de Janeiro. Ali haverá, com certeza, águas mais frias e limpas.

Outros, no entanto, preferem não abrir mão das águas quentes da Bahia e do Nordeste, mesmo sabendo que poderão encontrar um cenário adverso. Acreditam que, se todos deixarem de ir, causarão maior problema ainda, intensificando as dificuldades. Já alugaram casas, reservaram hotéis. Passagens de avião estão no bolso.

Aqueles que se prepararam para receber turistas sofrerão muito mais se forem abandonados, vítimas do prejuízo daqueles que cancelarem o passeio por causa dessa fatalidade. Se porventura houver óleo nas praias, os turistas e bons cidadãos se juntarão a mutirões de voluntários que trabalham para salvar o meio ambiente em sofrimento. Acho bonito pensar em ser solidário participando dessa batalha contra criminosos anônimos.

Precisamos encontrar os responsáveis e obrigá-los a responder por seu crime. Porém, estão bem escondidos, na calada, negando-se a assumir seu ato. E o governo brasileiro deixa a desejar nos resultados dessa investigação, que não anda pra lado nenhum.

Presente de grego esse óleo! Destruindo o Brasil, assim como os gregos fulminaram Troia fugindo pelo mar e deixando o gigantesco cavalo de pau de presente admitindo a derrota. Dentro dele guerreiros escondidos, que no interior das muralhas de Troia, na madrugada, dali saltaram, saquearam, mataram e queimaram toda a cidade.

Nem mesmo sabemos quem é o responsável por esse presente, essa barbaridade contra o já sofrido mundo marinho, onde é comum encontrar lixo de toda qualidade. Plástico e materiais sintéticos são ingeridos por animais, que em sofrimento são levados à morte pela insensatez e falta de educação dos homens.

O problema do homem é que ele é seu pior inimigo. O homem consegue destruir a natureza – sua provedora – por causa da ambição desmedida e da fome de dinheiro e poder, sem pensar no que causará a outros homens, animais e à natureza. É chocante a força da pulsão de morte, e a alienação de ceder a ela é mais assustadora ainda.

Coitado do Brasil. Não bastassem os acidentes ecológicos causados pelas mineradoras, com tantas vítimas até hoje sem os direitos atendidos, agora é a vez de praias e mares. Também ficarão impunes os criminosos? E nós, brasileiros, não temos mais a pátria amada no coração? Não faremos pressão para apurar os fatos? Não compartilharemos o problema com nossos compatriotas litorâneos?

Será que o capitão Nemo, personagem de Júlio Verne em 20 mil léguas submarinas, tinha razão ao fugir do contato humano e viver submerso em seu fabuloso Nautilus em meio a algas, ostras, articulados, madrepóricas conchas, esponjas do mar e até tubarões?

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