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Estado de Minas EM DIA COM A PSICANÁLISE

A homologia entre o teatro e a psicanálise é profícua

Ator encena no palco dos sonhos desejos criminosos e proibidos, enquanto o sonhador e o espectador assistem seus desejos realizados: os mesmos desejos que rejeitam e os horrorizam


postado em 13/10/2019 04:00 / atualizado em 11/10/2019 13:19

Alain Badiou, renomado filósofo contemporâneo, em suas Dez considerações sobre teatro, diz que interessa saber “o que pensa o teatro, e se ele tem um sentido, qual é”. Em relação a este pensar, afirma que “no pensamento, não é em última instância, do sentido que se trata, mas da verdade. Se a arte do teatro não é a passagem de algumas verdades públicas que nenhum outro recurso pode maquinar do mesmo modo que ela, então não vale a pena.”

Esta passagem se refere à transmissão na representação teatral em que as cenas vividas pelos atores, as emoções ali encenadas, têm grande alcance e penetração envolvendo o espectador numa identificação através da qual ele vivencia como próprio o que o toca encenação.

Assim, a proposta levada ao palco pelo psicanalista e dramaturgo Antonio Quinet, de apresentar em suas peças conteúdos ligados à transmissão da psicanálise, convoca o público o desvelamento do inconsciente como palco das paixões. Quinet busca na cena teatral o que do inconsciente nos é velado pela consciência para vislumbrar algo de verdadeiro e de real que nos escapa e nos espanta.

Tudo isto e muito mais encontraremos no livro O inconsciente teatral – psicanálise e teatro: homologias, da Editora Artes e Divãs. O autor Antonio Quinet, psicanalista, doutor em filosofia e, desde 2007, dramaturgo, diretor e, às vezes, ator, reúne neste volume de edição primorosa suas razões, aportes conceituais de suas peças, entendendo o inconsciente como estruturado como um teatro.

A homologia entre o teatro e a psicanálise mostra-se profícua quando o ator encena no palco dos sonhos desejos criminosos e proibidos enquanto o sonhador e o espectador assistem seus desejos realizados: os mesmos desejos que rejeitam e os horrorizam.

O projeto gráfico impecável de Caroline Gischewski distribui entre os capítulos fotografias expressivas com jogos de sombras e luzes que captam o clima das cenas visitadas por múltiplos olhares. Se a transmissão da psicanálise na via do teatro, a princípio, foi vista como heresia pelo meio psicanalítico e também o teatral, Quinet conquistou ambos os campos.

Suas peças foram encenadas em várias cidades no Brasil e no exterior. Em Paris, no Hospital Salpêtrière, as Lições de Charcot. Em Londres, no Freud Museum, Hilda e Freud – análise em cena. Índia e Nova York, para onde levou na bagagem espetáculos prenhes da “peste”, apontada por Freud ao desembarcar nos Estados Unidos.

O Inconsciente em Cena, nome da companhia fundada por Quinet há 15 anos, exibe dramas humanos comuns a todos os seres falantes. E o teatro, como nenhum outro recurso, é capaz de realizar. E esta capacidade de promover identificações no espectador já arrebatou incontável público a cada vez que é levada aos palcos.

Para Freud, a psicanálise permite ao sujeito encenar no divã seu teatro privado, trazendo para o consultório a outra cena inconsciente da qual ele mesmo sabe pouco, mas que pode ser revelada ao analista no seu dizer, quando o que se diz em associação livre é sempre mais do que ele próprio se dá conta.

O lançamento e mesa-redonda Inconsciente e teatro, com Guilherme Massara, psicanalista e filósofo, e com as psicanalistas e psiquiatras Gilda Paoliello, Marcia Montezuma e Sandra Carvalhais, será em 18 de outubro, às 19h30, na sede da Ipemed (Avenida do Contorno, 2.073, Floresta).

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