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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Outra história

Consequências podem vir muito tempo depois, quando menos esperamos ou desejamos%u2019


postado em 12/04/2020 04:00


 
Imigrante italiano, seu Orestes, tinha perto de 75 anos quando conheceu meu marido, há cerca de duas décadas. Empresário do setor de marcenaria no Sul do Brasil, adorava contar casos de sua trajetória desde que aqui chegou, ainda criança, “com uma mão na frente e outra atrás”. Andava na cola do pai o dia inteiro catando pedaços de madeira, com os quais exercitava sua imaginação, inventando todo tipo de brinquedo e engenhoca.
 
Preocupado com a formação profissional do filho, logo o pai decidiu iniciá-lo no ofício presenteando-o com um pequeno martelo e algumas caixas de pregos, do tipo mais longo para facilitar a mira do filho. Era preciso poupar os dedos e acertar a cabeça do prego, ensinava.
 
A criança deveria ter uns oito anos de idade quando decidiu deixar sua marca na mata de reflorestamento que pertencia aos patrões portugueses de seus pais. Os jovens troncos de pinus serviram de teste de força e pontaria de Orestes, que, se pudesse, não poupava nenhum.
Anos se passaram e o pai, de funcionário exemplar, passou a sócio da marcenaria, até que mais adiante conseguiu adquirir a empresa toda com a partida dos velhos companheiros portugueses, que decidiram que era hora de voltar à terra natal.
 
Resumo da história: determinado dia, a criança, que crescera entre aqueles pinus, se tornara proprietária de todos eles e muitos outros mais. Quando chegou a hora de cortá-los e vender como madeira, as velhas árvores cobraram dele o preço de suas brincadeiras de infância.
 
Os funcionários contratados para fazer o trabalho perceberam que muitas das serras de corte estavam tendo seus dentes quebrados com facilidade, o que atrasava muito o serviço e aumentavam os gastos. O motivo é que havia muitos pregos, dos grandes e resistentes, cravados em vários troncos.
Quando teve conhecimento desse problema, não sabia se ria ou se chorava. As lembranças de suas peraltices, muitas das quais certamente preferiu não confessar, fez com que ele refletisse sobre as consequências do que fez ao longo de cada fase de sua vida.
 
Fato é que consequências podem vir muito tempo depois, quando menos esperamos ou desejamos. A própria vida não nos deixa esquecer que, a cada passo que damos, plantamos uma semente que mais tarde fará parte de nossa própria colheita.

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