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Estado de Minas Mina$ em foco

Mulheres na direção das fazendas de café têm menos acesso à tecnologia

Segundo estudo inédito, 40,3 mil estabelecimentos produtores de café são dirigidos por mulheres no país, 13,2% do total. Em Minas, elas só dirigem 14,3%


23/07/2021 04:00 - atualizado 23/07/2021 07:33

Na cafeicultura brasileira, as mulheres dirigem apenas 8,5% dos estabelecimentos com veículos e 6,5% daqueles que têm implementos e máquinas, mesmo percentual no caso de tratores disponíveis(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press - 20/6/06)
Na cafeicultura brasileira, as mulheres dirigem apenas 8,5% dos estabelecimentos com veículos e 6,5% daqueles que têm implementos e máquinas, mesmo percentual no caso de tratores disponíveis (foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press - 20/6/06)

A luta pelo respeito à diversidade, aos direitos das minorias e contra a discriminação de gênero e cor força avanços nas políticas de recursos humanos das empresas, mas no campo parece esbarrar em dificuldades maiores. No terreno de uma das maiores culturas do Brasil e a mais expressiva de Minas Gerais, o café, a participação já grande, porém nem sempre reconhecida, das mulheres reforça a necessidade de políticas públicas para promoção de igualdade e desenvolvimento sustentável no campo.

É o que mostra pesquisa inédita elaborada pelas pesquisadoras Helena Alves, da Embrapa Café; Cristina Arzabe, da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas também da Embrapa, e Margarete Volpato, da Epamig, com apoio do pesquisador Marcelo Oliveira, do IBGE.

O estudo teve como base os dados do último Censo Agropecuário do IBGE, que levantou pela primeira vez informações sobre gênero das pessoas envolvidas na produção cafeeira do Brasil, em 2017. A organização de forma didática da estatística resultou numa espécie de raio x – Mulheres Cafeiculturas –, apresentado na ExpoCafé Mulheres, evento da feira Expocafé 2021, realizado em maio no formato on-line.

Entre os estabelecimentos agrícolas com produção cafeeira no Brasil, 40,3 mil são dirigidos por mulheres, parcela de apenas 13,2% do total de 304,5 mil propriedades. Esse universo feminino representa 815 mil hectares, o que significa 9,1% da área total ocupada pela cultura. Há, também, grupos de mulheres na condição de cônjuge em codireção de propriedades rurais cafeeiras, formados por 32,4 mil mulheres em fazendas produtoras de café arábica e 15,7 mil em fazendas de café canephora. Ao todo, elas somam 88.700 dirigindo ou codirigindo propriedades produtoras de café no país.

Em Minas Gerais, o IBGE tem dados sobre gênero para o conjunto dos estabelecimentos agropecuários. Eles somam 607.557 propriedades, apenas 86.910 dirigidas por mulheres, que representam 14,3%. A diferença para o comando masculino é gritante.

São 520.647 estabelecimentos que têm homens na direção, correspondendo a 85,7%. Na condição de produtoras, estão 61.143 mulheres, enquanto há 399.919 mil homens nessa classificação. Outras 14.807 mulheres são codirigentes e 10.117 têm encarregados ou pessoas com laços de parentesco para representá-las.

A pesquisadora Helena Alves contou que ao acompanhar eventos sobre o cultivo de café ou as diretorias de cooperativas de produtoras percebeu que a ausência de mulheres levava à percepção equivocada de que elas não desempenham papel relevante na atividade.

Revelador foi também verificar, pelo estudo que classificou as mulheres cafeicultoras, que no comando das fazendas elas contratam mais mulheres, proporcionando ambiente de maior igualdade em se tratando de pessoal ocupado na produção de café.

Comparando a proporção de trabalhadoras, os pesquisadores concluíram que nas propriedades dirigidas por mulheres, 43% do pessoal ocupado são do sexo feminino. Naqueles estabelecimentos que têm homens dirigindo o negócio, só 24% dos trabalhadores são mulheres.

O Sudeste tem o maior número de propriedades com produção de café administradas por mulheres (29.069), ao passo que no Centro-Oeste está a menor parcela, de 663 empreendimentos, ou seja 2%. No desenvolvido Sul do país, elas dirigem somente 4% dos estabelecimentos (1.586).

Tão difícil quanto explicar a disparidade desses números é entender por que o acesso às tecnologias é superior nas propriedades cafeeiras administradas por homens. Os resultados da pesquisa indicam que as mulheres dirigem apenas 8,5% dos estabelecimentos com veículos, 6,5% daqueles que têm implementos e máquinas, mesmo percentual no caso de tratores disponíveis.

Diferenças espantosas em detrimento das dirigentes de propriedades rurais também foram verificadas em relação à disponibilidade de redes de internet, a outras formas de veiculação de informações, assim como a sistemas de irrigação.

A pesquisadora Cristina Arzade destaca que as desigualdades entre homens e mulheres nas áreas rurais do Brasil são estruturais. Os indicadores socioeconômicos são os piores quando analisados em grupos de mulheres e da população negra, embora buscar o desenvolvimento inclusivo no campo seja pressuposto para um desenvolvimento sustentável.

RECURSOS

Minas Gerais e o Maranhão foram os estados onde houve maior demanda de recursos, nos últimos anos, da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), medida de apoio à comercialização pelos produtores rurais. Em Minas, o programa atendeu aos produtos do cerrado e da mata atlântica, a exemplo de pequi, magaba, umbu, macaúba, pinhão e juçara; e no Maranhão, ao babaçu.

RECEITA

R$ 109,8 bilhões - É a estimativa do Valor Bruto da Produção Agropecuária de Minas Gerais neste ano

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