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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Questão ambiental com Lula vai reposicionar o Brasil no mundo

Há muitos recursos no mundo para a Amazônia, que foram desperdiçados durante o governo Bolsonaro


15/11/2022 04:00 - atualizado 15/11/2022 12:42

Lula está no Egito como convidado, por ter vencido a eleição brasileiras
Lula está no Egito como convidado, por ter vencido a eleição brasileiras (foto: SERGIO LIMA/AFP)

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, é a estrela da cúpula do clima das Nações Unidaes (COP27), no Egito, que marca sua volta à grande política mundial com chave de ouro. Fará seu primeiro pronunciamento em fórum internacional como presidente eleito e tem encontros confirmados com o secretário-geral da ONU, António Guterres, o presidente egípcio, Abdel Fattah El-Sisi, e com lideranças de outros países interessados em auxiliar no combate ao desmatamento.

O evento “Carta da Amazônia” sinalizará para o mundo uma guinada na política ambiental, reunindo Lula e os governadores da região: Gladson Cameli (PP), do Acre; Waldez Góes (PDT), do Amapá; Mauro Mendes (União Brasil), do Mato Grosso; Helder Barbalho (MDB), do Pará; Wanderlei Barbosa (Republicanos), do Tocant ins; e Marcos Rocha (União Brasil), de Rondônia.

Os governadores devem entregar um plano de ação para controle do desmatamento, como parte de um movimento para conseguir financiamento e realinhamento internacional após a derrota de Jair Bolsonaro (PL). Há muitos recursos no mundo para a Amazônia, que foram desperdiçados durante os anos de governo Bolsonaro, em sua aliança com garimpeiros, pecuaristas, madeireiros e outros desmatadores.

A principal questão global da atualidade é a emissão de gases do efeito estufa, grande responsável pelo aquecimento global e as mudanças climáticas. O seu impacto no desenvolvimento mundial é transversal e provocou uma mudança de paradigmas.

“O governo Biden busca implementar um Green New Deal, a despeito da acirrada e equivocada oposição republicana; a Europa patrocina inúmeras iniciativas buscando a emissão zero; a China é hoje líder em tecnologia fotovoltaica, em transporte ferroviário avançado e a maior reflorestadora do planeta”, observa o economista Guilherme Accyoli, que durante 10 anos dos 37 que trabalhou no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi um dos gerentes do Fundo Amazônia.

“Essas iniciativas não contribuem apenas para o combate às emissões (embora seja o mais importante), mas, crucialmente, geram tecnologia, dinamismo econômico, aumento na eficiência. Vão crescer e formar um novo paradigma econômico e tecnológico, porém, tendem a criar um novo fosso entre os detentores dessas tecnologias , desses novos setores e processos, e as demais sociedades.

Segundo Accyoli, o avanço tecnológico pode minorar os danos causados pelas emissões. “Infelizmente, dado o volume de carbono já existente na atmosfera, algum aquecimento já está contratado, é irreversível”, lamenta. “Entretanto, o expressivo incremento na eficiência da produção de energia elétrica renovável, principalmente solar e eólica; a tendência à eletrificação quase total dos transportes e aquecimento, os novos materiais e técnicas construtivas, os novos processos de produção de alimentos, eventualmente a retirada e estoque de carbono da atmosfera, são soluções parciais que podem se articular e minorar o problema, evitando a catástrofe climática”.

Desmatamento

Mas há razões para esse otimismo. Com exceção dos últimos quatro anos, nenhum outro país reduziu tanto suas emissões de carbono como o Brasil, com Marina Silva e Isabel Teixeira à frente do Ministério do Meio Ambiente. O diferencial brasileiro é a soberania sobre 60% da maior floresta tropical do mundo, a Amazônia. Isso faz com que cerca de 44% de nossas emissões de gases de efeito estufa decorram do que se chama de Mudança de Uso da Terra, ou seja, o desmatamento. “Ora, é muito mais fácil e barato – e, portanto, mais eficiente – combater o desmatamento do que alterar os sistemas energético, de transporte, de padrão construtivo, de produção de alimentos, embora isso deva ocorrer. O Brasil fez isso, com competência e planejamento, no período 2004/2012, quando reduziu o desmata mento na Amazônia em espantosos 84% e, consequentemente, suas emissões em 67%. Pode fazer de novo, ao mudar o rumno desastroso que vínhamos seguindo”, avalia Accyoli.

Há 38 milhões de brasileiros na Amazônia, cerca de 12% da população, em condições em geral precárias, que desejam e merecem uma vida mais próspera. Não adianta isolar e tratar a floresta como um parque intocado. É inviável politicamente e ineficaz. O Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), que orientou a espetacular redução no desmatamento na Amazônia, deve ser retomado. A chave é a adoção de uma política que combine o controle ambiental, repressão às ilegalidades e iniciativas que tornem a floresta em pé mais valiosa do que sua derrubada.

“É exatamente nesse segundo ponto que se abre a oportunidade de criar uma economia da floresta, gerando produtos, tecnologias e externalidades. É literalmente incalculável o potencial para descobertas farmacológicas e químicas a partir da biodiversidade da floresta amazônica. Ao invés de explorar a região com pecuária de baixíssima produtividade ou com a extração de minérios - ambos insustentáveis, fadados à extinção -, investir e criar tecnologia, conhecimento, riqueza de verdade”, destaca o ex-gerente do Fundo da Amazônia.


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