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Estado de Minas

Diretoria e jogadores devem se explicar


postado em 11/08/2019 04:00 / atualizado em 13/08/2019 15:00

O torcedor celeste é a razão de existir do clube e merece explicações(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
O torcedor celeste é a razão de existir do clube e merece explicações (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)


O Cruzeiro vive um dos momentos mais críticos de sua história, tanto fora de campo, na questão política, quanto dentro dele. Não é possível dissociar as denúncias que assombram os torcedores do time de futebol. As denúncias de corrupção, lavagem de dinheiro e outras coisas mais contra a diretoria são graves, precisam ser apuradas e, caso as irregularidades sejam confirmadas, o afastamento imediato dos dirigentes e o indiciamento pela Justiça. O futebol não pode ser um mundo à parte na questão da lisura e da decência. Os clubes têm um único dono, que é o torcedor, razão de sua existência. Os dirigentes são instrumentos passageiros. É bem verdade que alguns usam os clubes em benefício próprio, ficam ricos. Temos vários exemplos país afora. Como por essas bandas os clubes se recusam a se tornar empresas, não há responsabilidade fiscal e, dessa forma, fica fácil para qualquer dirigente desonesto meter a mão na grana que não lhe pertence. Não estou dizendo que é o caso desta diretoria, mas já vimos isso em várias agremiações. Dividir comissões com empresários, em negociações de jogadores, dizem ser uma prática comum a alguns dirigentes. Se não é crime, é no mínimo imoral.

O Cruzeiro precisa de um norte. Resolver sua crise interna e voltar a ser reconhecido nos gramados. Sempre fui a favor de a diretoria atual se afastar, para se defender das acusações. Seria mais ético e mais confortável para todos. Porém, isso não aconteceu e refletiu, diretamente, no campo. Peguem o Cruzeiro do começo da temporada e o de depois das denúncias. O time caiu do vinho para a água. Não há como separar as coisas. Os jogadores entram pressionados por tudo de ruim que acontece. Em vez das páginas esportivas, o Cruzeiro tem frequentado as policiais. Denúncias em cima de denúncias, crise em cima de crise. Salários atrasados, conselheiros remunerados, dirigentes ganhando bicho dobrado, tudo isso mexe com os atletas.

O Cruzeiro sempre foi um clube equilibrado, respeitado e vencedor. Hoje tem uma dívida que passa dos R$ 500 milhões, folha de R$ 20 milhões mensais e um rombo grande nas finanças. Vai passar por tempos tenebrosos, pois não se consegue sanar uma dívida desse tamanho em pouco tempo. Vai levar anos para o time azul voltar a ter conforto na parte financeira.

No campo, atletas ganhando verdadeiras fortunas sem corresponder ao dinheiro depositado em suas contas. Não vou nominar, mas os torcedores sabem quem são. Não é que estão fazendo corpo mole ou coisa parecida, embora saibamos que quando eles querem derrubam qualquer treinador. A verdade é que se exige de alguns “ex-jogadores em atividade” futebol do passado. O que o cara produziu há nove anos não produz nos dias de hoje, ainda mais com este futebol feio e pegado que os técnicos praticam.

O Cruzeiro vem de uma escola da arte, do drible, do gol. Que o digam Joãozinho, Dirceu Lopes, Evaldo, Natal, Ronaldo Fenômeno, Renato Gaúcho e tantos outros craques que vestiram a camisa azul. Hoje, a gente vê cada come e dorme que dá dó. É preciso uma limpeza geral para pôr a casa em ordem. Sei que dispensas oneram os cofres do clube, mas é melhor limpar a sujeira agora do que jogá-la para debaixo do tapete e ter que recolhê-la lá na frente. Que se mande embora os come e dorme, reduzindo, drasticamente a folha salarial.

O Cruzeiro não é instituição de caridade para manter jogadores que não dão retorno. Na Europa, quando o atleta não tem mais o que dar, o clube faz uma homenagem e o manda embora. No Brasil, os dirigentes repatriam esses restolhos, pagando-lhes salários do Velho Mundo, numa total irresponsabilidade. Por isso, a maioria dos clubes está quebrada e de pires na mão. Um país com 13 milhões de desempregados, economia quebrada e em frangalhos, e os dirigentes brincando de fazer futebol. Amadores ao extremo. Alguns mal-intencionados. Já passou da hora de uma intervenção no futebol dos clubes, para que sejam mais racionais, funcionem como empresas e aprendam a dar lucros e taças.

Como o Brasil é o país da contramão em vários aspectos, no futebol não seria diferente. Vejam que a tal “saidinha do Dia dos Pais” vai privilegiar assassinos, condenados como o Nardoni, que jogou a filha da janela, e a Richthofen, que orquestrou o assassinato dos pais. Fosse nos Estados Unidos, eles seriam condenados à prisão perpétua ou à pena de morte. No Brasil, cumprem sete anos e estão livres, leves e soltos. O saudoso e genial Renato Russo, líder do Legião Urbana, já cantava na década de 1980: “Que país é esse?”.

Torcedor azul, não perca a chance de protestar, de forma pacífica, contra a diretoria e os jogadores que não têm compromisso com seu clube. Você é o dono da instituição. É por você que ela existe. Exija transparência da diretoria e atuações dignas dos jogadores. Pra ser sincero, tirando Fábio e Dedé, dois monstros da bola, e mais uma meia dúzia, eu mandaria o resto embora. O Cruzeiro não é casa de mãe joana para ficar bancando quem não produz.


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