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Quase dois anos após estrear, ''As hilárias'' volta ao palco do Cine Brasil

Em entrevista à coluna HIT, Kayete e Suzy Brasil falam sobre a interrupção da peça pela pandemia e o futuro da balada LGBTQIA+


11/11/2021 04:00

Muito maquiadas e usando perucas enormes, Suzy Brasil, Sylvetty Montilla e Kayete olham para a câmera
Suzy Brasil, Sylvetty Montilla e Kayete se apresentam na sexta-feira em BH (foto: Reprodução)

"Rever as amigas de cena e o público será inesquecível. Em tempos tão difíceis neste país, o riso é um bálsamo para a alma"

Kayete, atriz


“A emoção está à flor da pele”, afirma Kayete – de cara – no início da entrevista por WhatsApp concedida por ela e pelo biólogo Marcelo Souza, que há 27 anos incorpora a drag queen Suzy Brasil. Nesta sexta-feira (12/11), Kayete e Suzy estarão no espetáculo “As hilárias”, ao lado de Sylvetty Montilla, no Cine Theatro Brasil Vallourec, em BH.

“Rever as amigas de cena e o público será inesquecível. Em tempos tão difíceis neste país, o riso é um bálsamo para a alma”, afirma Kayete. A peça estreou antes da pandemia e seguiria em turnê, mas a COVID-19 suspendeu os planos do produtor Sílvio Ferreira.

Marcelo ficou oito meses sem trabalhar. Quando as casas noturnas cariocas reabriram, ele se angustiou ao constatar que a maioria delas não seguia protocolos sanitários. Com medo, parou com os shows. A reabertura dos teatros permite seguir agora em turnê com “Bye-bye, Bangu”, montado com apoio da Lei Aldir Blanc. “Ir a Minas é uma reafirmação de que a vida está voltando ao eixo”, comemora.

“A arte está em colapso no Brasil, não há incentivo. Ainda tem a difamação do governo, que um bando de gente repete sem entender. Mas, graças a Deus, a arte nunca vai morrer, apesar de sofrer ataques. Quem faz arte tem amor, faz com tesão. Artista é um povo muito apaixonado e luta para fazer a coisa acontecer”, diz Marcelo . 

Se no teatro as coisas começam a melhorar, o mesmo não se pode dizer das boates. Kayete diz que grandes shows de drags perderam espaço em BH. “Precisamos de casas comprometidas com a nossa cultura. É preciso mais união, só assim vamos seguir fortes e resistentes”, defende.

No Rio de Janeiro não é diferente. Marcelo Souza diz que o declínio começou com o avanço da internet. “Com a chegada dos aplicativos, a boate perdeu a função. No Rio, para atrair o público, foi implementado o open bar nas festas. Mas aí o público ficou louco e os DJs ganharam mais visibilidade do que as drags.”

Quais são os desafios impostos pela pandemia à comunidade LGBTQIA%2b ?
Kayete – Pra mim, foi vencer o medo no primeiro momento. Depois, me reinventar e partir para as redes sociais. As lives me aproximaram muito de meus seguidores. No auge da pandemia, escrevi e dirigi cenas curtas para não deixar a cabeça vazia. Claro, foi uma maneira de seguir em frente, pois os teatros estavam fechados, assim como as casas noturnas e os cerimoniais.

Marcelo Souza – Não poder ver as pessoas que você ama, não poder trabalhar e não ter muito para onde correr. Até pedir ajuda era difícil, pois muita gente vivia situação semelhante. Ainda por cima com um presidente contra a vacinação, contra o uso de máscaras e incentivando a aglome- ração. Tínhamos um líder na TV incentivando tudo isso, implementando o uso da cloroquina. Fiquei bem deprê numa época. Tive COVID. As lives foram uma forma de me reinventar. Eu já tinha um trabalho nas redes sociais, mas com as lives me aproximei mais do público. Minha companhia foram as lives.

Qual foi o momento mais assustador da pandemia, além, claro, dos 600 mil mortos?
Kayet e – Ver os colegas desempregados. Nos juntamos com alguns empresários e fomos à luta. Outra coisa foi testar positivo para a COVID-19. Me senti tão mal que fiquei com medo de morrer. Quinze dias de dor e medo.

Marcelo Souza – Meu grupo de amigos estava sem trabalhar, sem ganhar di- nheiro. Drag queens que a vida inteira vimos glamourosas nos palcos, com performances incríveis e visual lindo, passando rifa para ter um dinheiro, recebendo cesta básica e sem comida em casa. A noite LGTBQIA é incerta, não tem respaldo. Foi difícil ver a galera desesperada para conseguir dinheiro, sem falar das mortes. Além de todo mundo que fui perdendo, tinha o Paulo Gustavo no meio. Ele me convidou pessoalmente para a “Vila” (série no Multishow). Os dias de gravação eram de muita alegria. Antes de ser famoso, ele me assistia na Le Boy (boate gay do Rio de Janeiro). Chegava na hora do show para me ver.

Como vocês avaliam a atual situação do país, onde a cultura e os artistas vêm sendo demonizados?
Kayete – País sem cultura é país sem memória. É impressionante como estamos sendo desvalorizados, mas temos de entender que a cultura é muito mais do que artistas em cena no teatro, na TV ou no cinema. Cultura gera empregos, informa, educa. Cultura é a dona Maria, costureira de figurino, o seu João, nosso iluminador. A cultura é a nossa bilheteira, gera empregos. O país que não olha para a cultura com a importância que ela merece é um país ignorante.

Marcelo Souza – O humor foi a tábua de salvação. Eram tantas notícias ruins, tantos absurdos sobre a política no país. A galera que se encontrava nas redes sociais fazendo live foi o suporte para muita gente. Muitos surtaram sem trabalho, sem dinheiro, sem ver a família. Fiz muitas lives e me diverti muito. Elas eram como o camarim cheio de pessoas batendo papo. O humor teve papel de cura, de terapia. O humor funcionou assim a vida inteira. Na pandemia, conseguimos perceber como foi importante levar um pouco de risada para as pessoas.




  

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