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Pela longevidade nas passarelas, Alex Cunha é comparado a Gisele Bündchen

Modelo mineiro, recordista em temporadas de moda na Europa, conta sua história que começou no início dos anos 2000, em BH


12/07/2021 04:00

ENTREVISTA DE SEGUNDA
Modelo mineiro Alex Cunha é recordista em temporadas de moda na Europa, além de fazer campanhas para várias grifes famosas (foto: Reprodução)
Modelo mineiro Alex Cunha é recordista em temporadas de moda na Europa, além de fazer campanhas para várias grifes famosas (foto: Reprodução)

"Me sinto honrado em ser comparado a Gisele Bündchen"

ALEX CUNHA/MODELO


Nunca passou pela cabeça de Alex Cunha que sua vida profissional seria construída no mundo da moda. Para ele, talvez o caminho mais natural seria seguir o pai, que é contador. Mas, por uma dessas coincidências da vida, ainda adolescente, por duas vezes, em semanas diferentes, no mesmo ônibus em que voltava do Sebrae para casa, duas modelos da mesma agência o convidaram para um teste. O primeiro convite ele recusou. No segundo, foi ver o que dava. "Nunca imaginei trabalhar como modelo antes, visto que fui uma criança e adolescente acima do peso e não chamava a atenção para a moda. Quando completei 17 anos fui convidado por essas modelos, que me disseram que o dono da agência delas iria gostar de mim", recorda.

"Foram dois chamados em situações diferentes e, por isso, fiquei com aquilo na cabeça. Decidi visitar a agência acompanhado de minha irmã (Marina) e de minha mãe (Marlene). Começamos ali nossas carreiras, eu e Marina. Como tudo na vida tem seu destino, o meu estava começando a ser traçado, organicamente como foi, um trabalho levando ao outro." Quase 20 anos depois, Alex é hoje um dos nomes mais conhecidos da moda no mundo.
Enquanto não firmava o pé nas passarelas, ele fez o ensino médio, passou no vestibular para economia. "Gostava muito do curso e consigo me ver sim atuando na área caso fosse minha decisão de fazê-lo. Meu pai e minha irmã são contadores, portanto, venho de uma família que lida com business e números."

No mundo fashion, pela longevidade da carreira, Alex é comparado a Gisele Bündchen. Ele se diverte. "Gisele?! Quem me dera…", diz. "Acredito que a longevidade da minha carreira é consequência de foco e persistência, e me sinto honrado em ser comparado neste aspecto à maior modelo da história. Já desfilamos juntos em 2005 para a Colcci e foi uma experiência marcante. Afinal, eu estava no início da minha carreira e ela sempre foi uma referência." Sobre os planos do futuro, ele quer continuar trabalhando com a moda e futuramente não descarta se aventurar no teatro.

O sucesso de sua carreira é fato e pode ser medido também pelos números. Você é o modelo recordista de temporadas de semanas da moda no circuito Milão/Paris. Foram 22.  Como conseguiu se manter por tanto tempo em um mercado tão disputado e exigente? 

Realmente, não é um mercado fácil de se destacar. Acredito que a minha perseverança, profissionalismo e carisma foram fatores principais para que eu pudesse ter essa carreira longa. Construí a base do meu trabalho estando sempre presente nos desfiles de Milão e Paris. Conheci pessoalmente todos os designers mais famosos trabalhando para os desfiles deles e, como fui presente durante tantos anos nos desfiles, a minha carreira se solidificou dessa forma. Durante 10 anos, estava em Milão na primeira semana de janeiro e em junho, acabava perdendo minhas férias de verão no Brasil, mas valeu a pena.

Versace é a única grande marca com a qual você nunca trabalhou. Dos estilistas internacionais com que conviveu profissionalmente, mas nunca teve relação de amizade, quais são os que marcaram sua carreira até aqui e por quê?

Dolce & Gabbana foi a primeira marca que me escolheu para uma grande campanha, me marcou muito, pois desde então trabalho pra eles. Fotografamos com o Mario Testino e a campanha foi um sucesso. Depois disso, fiz a campanha para Bottega Veneta, o que me colocou em um patamar de prestígio, visto que a marca tem um conceito forte na alta moda. Logo, meus trabalhos com o Giorgio Armani começaram a surgir e trabalho para as campanhas dele até hoje! São 10 anos desde a minha primeira campanha para ele, e fiz a última também, que está em veiculação no momento. Não posso deixar de ressaltar a parceria com a Lacoste, que lançou a imagem das cuecas comigo e que até hoje também estão em veiculação. Tom Ford foi uma das campanhas que mais me marcaram pelo tamanho da produção, fotografamos com o Steven Klein em Los Angeles, portanto, foi um prazer estar no set com dois gênios da moda que são dos mais respeitados. Por fim, tenho que mencionar John Galliano! Era sempre um enorme prazer fazer seus desfiles, cheios de encanto e magia! Fiz a campanha de cuecas pra ele também, interpretei um bailarino, trabalho que me orgulho de ter feito pela arte lúdica de Mr. Galliano.

Entre 2004 e 2006, você trabalhou muito em Belo Horizonte. O que marcou seu trabalho nesse período por aqui?
Bom, durante esse tempo em BH, duas pessoas me marcaram como agentes. O Thião Costa, que é dono da agência onde comecei, e o Júlio Martins, que foi nessa época e ainda é meu agente em Belo Horizonte. O primeiro trabalho que fiz foi para uma marca que se chamava Olium e fiz trabalhos para comerciais do governo de Minas e BH Shopping. Trabalhava também com Disritmia e Vide Bula. Zeca Perdigão, da mesma forma, foi uma pessoa que me marcou em BH pela sua visão sempre moderna da moda e foi ele quem deu aulas e dicas de como ser modelo quando fiz o curso inicial. Márcio Rodrigues e Wéber de Pádua eram os fotógrafos com quem mais trabalhava nessa época; portanto, guardo muitas boas recordações de ambos.

Daqui você foi para São Paulo, onde participou de temporadas da SPFW, e depois para a Europa. Voltou ao Brasil algumas vezes até que decidiu deixar a namorada, o curso no Ibmec, para seguir nas passarelas. O que o levou a tomar essas decisões?
Acredito que a oportunidade de viajar, de conhecer outras culturas e aprender novas línguas foram os principais motivos que me levaram a tomar essa decisão. Concomitantemente, eu já começava a ganhar certo dinheiro e isso também me fez arriscar pra ver aonde tudo aquilo poderia chegar.

Qual foi o último desfile de que participou? Com a pandemia, você acha que os grandes desfiles voltarão a ser como eram?
Fiz o desfile do Giorgio Armani e Dolce & Gabbana no ano passado, quando aconteceram os desfiles de inverno em Milão. Muitos clientes estão repensando suas estratégias de venda, que antes eram formatadas na criação de um desfile, um catálogo, um lookbook e a campanha para cada coleção. Algumas marcas estão focando no meio digital para cortar custos. Eu não acredito que os desfiles acabarão, pois a força de um desfile bem produzido ainda encanta compradores e críticos, ajudando a fortalecer a imagem da marca. Acredito que as marcas farão seus desfiles mais esporadicamente, focando em uma ou outra coleção que seja mais importante durante o ano.
  
Como você vê a moda depois da pandemia? Muitos acreditam que não há necessidade de tantas coleções em um ano, o consumo consciente é uma bandeira...
Todos os grandes movimentos de mudanças sociais no mundo são rapidamente absorvidos pelo meio fashion. A moda, como sempre, se reinventa e depois da pandemia acredito que não será diferente. O conceito de slow fashion está em alta e isso é extremamente positivo. Consumir com consciência faz parte da nossa evolução e não somente tratando-se de roupas e acessórios. Temos que ter consciência do nosso consumo em geral, pois o planeta precisa da nossa ajuda. Creio que as pessoas pensarão melhor para fazer uma compra, o que na minha visão impulsiona a alta moda, pois as pessoas procurarão roupas e acessórios de maior qualidade que elas usarão por mais tempo.  A moda é uma arte e nunca vai deixar de existir, por isso acredito que as coleções não são feitas necessariamente para incentivar o consumo exacerbado da população, mas sim como uma maneira inevitável de mostrar novas inspirações e proporcionar diferentes formas de expressão.

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