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Estado de Minas COLUNA HIT

O advogado Guilherme Vinseiro e o difícil exercício da empatia

A 'palavra da vez' nesta pandemia exige muito mais do que tratar bem e ser simpático, afirma o convidado de hoje da seção 'Vivendo e aprendendo'


03/04/2021 04:00 - atualizado 02/04/2021 18:59

Guilherme Vinseiro
Advogado
 
(foto: Quinho)
(foto: Quinho)
 
 
O “ano novo” da COVID-19 chegou sem que ela fosse embora. Uma coisa é certa: a pandemia intensificou aprendizados importantes, que antes eram tímidos e sobrepostos por outros temas. O maior deles é que precisamos olhar mais para as pessoas. “Olhar” no sentido literal: observar atentamente, examinar, sondar.
 
Meu depoimento apenas pode abordar meu ambiente de convívio. Não me sinto legitimado a falar sobre nada que vai além disso. Aliás, sobre o que vai além de mim, tenho uma lição que se escancarou com a pandemia: nunca sabemos o peso da cruz que o outro carrega. Fotos de redes sociais, sorrisos em videoconferências, e-mails bem-escritos, mensagens de bom-dia – nada disso demonstra o que o outro realmente está passando.
 
Então, julgar menos é também mais um grande aprendizado. Já deveríamos ter aprendido isso antes, mas nunca é tarde demais... Do outro lado da fronteira do nosso diálogo, pode ter alguém que perdeu algum ente querido para a COVID. Já imaginou isso quando você está conversando com uma pessoa que se mostra impaciente, triste ou nervosa?
 
Do outro lado, pode haver também alguém que está se perdendo de si mesmo por causa da pandemia e de toda a incerteza e ansiedade que o vírus trouxe para o mundo. E, aí, surge mais uma lição: somente evitar julgamentos não basta, é preciso agir. É preciso investigar melhor.
Muito se diz sobre a necessidade de se colocar no lugar do outro. Empatia é palavra da vez. Mas você já parou para pensar em como fazer isso? É um exercício diário e difícil. Colocar-se no lugar de alguém é se despir de suas próprias convicções e tentar enxergar o mundo por meio das lentes alheias, para verificar a sua dor. Depois disso, é necessário ter cautela ao retornar ao nosso lugar e pensar em como podemos ajudar.
 

"Julgar menos é mais um grande aprendizado. Já deveríamos ter aprendido isso antes, mas nunca é tarde demais"

 
 
A pandemia me ensinou que é preciso estar próximo para entender o que efetivamente o outro está passando. Tratar bem é o básico, não julgar também o é, mas fazer o básico muitas vezes pode não ser o bastante. Talvez seja difícil se empenhar mais, mas é um dos únicos caminhos. Por isso, criatividade, paciência e persistência são essenciais para entrar com cuidado na vida de alguém e descobrir a melhor forma de ajudar. Ou seja: apenas fingir que se importa não é mais suficiente. A realidade está escancarada demais e relações falsas têm perdido o sentido.
 
Quer ajudar? Importe-se genuinamente. Abra espaço na sua vida, dê oportunidade de fala, exercite a escuta ativa e entenda o que realmente se passa na vida do outro. Tudo isso sem se esquecer de que quem ajuda também pode precisar ser ajudado. Os super-heróis viram suas fragilidades expostas na pandemia e precisam de alguém para lhes dizer que está tudo bem em falhar, chorar e recomeçar. Somos todos falíveis e podemos começar de novo quantas vezes forem necessárias.
 

"Colocar-se no lugar de alguém é se despir de suas próprias convicções e tentar enxergar o mundo por meio das lentes alheias"

 
 
Aliás, se teve algo precioso no último ano, foi o tal do recomeço. E todo recomeço vem com aprendizado. Por ora, é preciso aprender a ajudar e a ser ajudado. Passada a pandemia, sobreviverá quem aprender e quiser continuar aprendendo com tudo isso.

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