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Diabética e longe da família, Daniela Fernandes enfrenta a solidão

No 'Diário da quarentena', diretora da mostra de cinema Curta circuito diz que só lhe resta sonhar nestes dias de isolamento social


postado em 25/04/2020 04:00

Diário da quarentena 

O que me resta  é sonhar!

Daniela Fernandes,
Diretora da mostra
Curta circuito

Minha quarentena não tem sido muito fácil, são dias e dias de isolamento, preocupação (estou no grupo de risco por ser diabética e longe da minha família). Sem contar a solidão, ohhh palavrinha danada! Nestes dias tristes e bizarros sem poder fazer o que mais gosto, exibir obras importantes da filmografia brasileira no Curta circuito, no Cine Humberto Mauro, tento me reinventar. E, definitivamente, não fazer coisas para as quais não tenho mais paciência: aprender a cozinhar, yoga às oito da manhã, ver lives noturnas ou retomar as aulas de italiano. Penso que meu otimismo e minha criatividade tiraram férias de mim. Então, o que me resta fazer é sonhar!. 

E como dizia Adélia Prado:

“O sonho encheu a noite

Extravasou pro meu dia

Encheu minha vida

E é dele que eu vou viver

Porque sonho não morre.”

E nos meus sonhos, um pouco delirante nesta quarentena, vejo a vida projetada numa tela, como uma daquelas histórias deliciosas do cinema brasileiro, cada sonho uma produção mirabolante.

Entro no Cine Humberto Mauro vazio, já não existe mais o público, só ouço o barulho do projetor.

Os créditos sobem com os dizeres: “Este filme foi produzido e dirigido por Cléo de Verberena” (pra quem nunca ouviu falar, Cléo foi uma das mulheres mais importantes e pioneiras do cinema brasileiro. Cléo era muito vaidosa, adorava andar sempre chique e tinha a mania de levar uma camélia perfumada e colorida no vestido).

Nessa produção utópica, por que não ter a minha vida interpretada por várias atrizes do cinema brasileiro, como Carmen Santos, brilhante na tela e fora dela.? Carmem defendia o cinema brasileiro com unhas e dentes. Ou Zezé Macedo, com seu tipo físico, magrinha, baixinha e incrivelmente engraçada. Para finalizar esse elenco maravilhoso feminino, nossa diva Ruth de Souza com seu talento e precioso legado.

E como numa chanchada da Atlântica (humor quase sempre ingênuo, às vezes malicioso e até picante), minha vida seria um eterno carnaval! Sem deixar de escalar Grande Otelo e Oscarito para esse grande elenco. No enredo dessas histórias sempre vai ter romance, ação, intriga policial, humor e música. Por falar em música, já vou acordando com o genial Mazzaropi cantando:

“Beija, beija meu doce de coco

Esperando, eu já ando louco

Bem mais perto, chove em meu deserto

Que eu tenho tudo para te agradar.”

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