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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

A alegria de ser Cruzeiro é provar que jamais nos dobramos

Já mostramos que somos mais fortes nas arquibancadas e, em campo, uma Raposa que nunca se entrega


02/04/2022 04:00 - atualizado 01/04/2022 23:14

Sob o embalo de uma incansável China Azul, o Cruzeiro mais que confirma sua histórica capacidade de superação
Sob o embalo de uma incansável China Azul, o Cruzeiro mais que confirma sua histórica capacidade de superação (foto: RAMON LISBOA/EM/D.A PRESS)

Há aproximadamente 40 anos, um encontro entre Cruzeiro e Atlético de Lourdes, no Mineirão, teve contornos parecidos com a atmosfera que cerca a peleja de logo mais. Do lado azul se vivia uma entressafra de títulos (o último em 1977); a eterna dificuldade financeira atingia seu ápice. Do outro, um adversário tricampeão, repleto de craques da Seleção Brasileira. Foi quando a Administração de Estádio do Estado de Minas Gerais (Ademg), às vésperas do clássico, lançou o “Desafio das torcidas” para saber “quem era o Povão do Mineirão”. Não havia momento melhor para os cronistas da “aldeia”, obviamente, em sua maioria, atleticanos, cacarejarem sobre o resultado que já se podia prever pelo momento de desequilíbrio técnico entre os dois times.

Apresentado o contexto desportivo, também é necessário relembrar o histórico. Por mais que o Atlético de Lourdes tenha o DNA das elites socioeconômicas, das oligarquias e das benesses pela proximidade com o poder, naquela época – final de 1981, ele ainda não sobrevivia apenas da tutela dos Bilionários do Brasil Miséria. Assim como o povo cruzeirense, os alvinegros – a Turma do Sapatênis – também enfrentava um momento de muita recessão econômica, sob um regime militar golpista, apesar de a torcida e a diretoria do Atlético, poucos anos antes – em 1972 –, terem preparado uma grande festa, com faixas espalhadas por Belo Horizonte, para, orgulhosa, saudar a visita do ditador Emílio Garrastazu Médici.

Certo é que, tanto para o Time do Povo Mineiro quanto para o clube alvinegro, esse afeito a Médici, era um tempo em que o futebol ainda se sustentava pela paixão; se movia pelo efêmero da poesia. E fato é, no campo de jogo, a superioridade técnica do time de Lourdes, assim como hoje, era inquestionável.

No dia 8 de novembro de 1981, Cruzeiro e Atlético se enfrentariam. A obrigação da vitória e a soberba estavam com a Turma do Sapatênis. Esperava-se dela um banho no gramado e nas arquibancadas. Dentro do “Desafio das torcidas”, a Ademg mandou confeccionar ingressos distintos para a Turma do Sapatênis e para a torcida do Cruzeiro.

Um dia antes, na sede social do Barro Preto, integrantes da Associação das Torcidas Organizadas do Cruzeiro (Astoca) e a então relações-públicas do clube, Ângela Azevedo, juntavam retalhos de papel para levar ao estádio no dia seguinte. O repórter da TV terminou a reportagem como se quisesse dar aos cruzeirenses, derrotados de véspera, um gol de consolação: “Nesse início dos anos 80, a torcida do Cruzeiro não cresceu, mas também não diminuiu”.

O domingo do clássico chegou. O Cruzeiro foi de Gasperin, Nelinho, Wagner, Abel e Cláudio Mineiro; Toninho, Eudes e Remi; Carlinhos, Edmar e Macedo. Já o adversário tinha mais de uma penca de jogadores da Seleção Brasileira: Luisinho, Jorge Valença, Toninho Cerezo, Renato, Reinaldo e Éder.

Ao fim do jogo, o banho esperado no gramado não passou de um empate por 1 a 1 entre o combalido Cruzeiro e a “SeleAtlético”. Nas arquibancadas, o que se viu foi um estádio com quase 113 mil pagantes – teoricamente – dividido ao meio.

Mas, horas depois, a Ademg anunciou o resultado do “Desafio das torcidas”. Apesar de a Turma do Sapatênis registrar ampla vantagem nos setores mais caros do estádio, como as cadeiras numeradas, a torcida do Cruzeiro comprovou-se maior e mais apaixonada. A enorme superioridade numérica veio dos setores populares, como a geral, onde os torcedores eram carinhosamente chamados de “Geraldinos”. Contra tudo e todos, os cruzeirenses, novamente, comprovaram ser o “Povão do Mineirão”.

A partir das verdades do passado se projeta o presente. A decisão de campeonato entre Cruzeiro e Atlético de Lourdes, logo mais no Mineirão, será a de maior diferença de poderio econômico e técnico nesses 101 anos de embate. Se derrotados formos, seguiremos de cabeça erguida em busca do maior objetivo do ano. Agora, se vencermos, mais uma vez faremos justiça com a nossa história de superação.
Vamos, Cruzeiro! Que a alegria dos Geraldinos de 1981 esteja entre nós!

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