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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Esqueçam a onda de tentar vencer o Cruzeiro com mentiras

Em toda nossa história, não só os títulos, mas as façanhas da torcida celeste confirmaram nosso time como gigante de Minas


postado em 08/07/2020 04:00 / atualizado em 07/07/2020 22:49

Celebrando com a torcida celeste um dos tantos títulos, como o hexacampeonato da Copa do Brasil, em 2018(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press %u2013 17/10/18)
Celebrando com a torcida celeste um dos tantos títulos, como o hexacampeonato da Copa do Brasil, em 2018 (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press %u2013 17/10/18)





“Mas na catraca a gente ganha”. Todo cruzeirense quarentão ouviu esse resmungo da sofrida e prepotente Turma do Sapatênis, na década de 1990, a cada título levantando pelo nosso escrete. Fosse no recreio do colégio, nos corredores da universidade, na reunião da firma, ouvindo a aldeia esportiva ou no almoço familiar de domingo, com a presença dos “primos de Lourdes” e seus suéteres engomados.

Isso não é um fenômeno da última década do século XX. Historicamente, a necessidade de se construir uma leviana superioridade sobre o Cruzeiro sempre foi uma maneira de manter o carcomido status quo dos clubes da elite belo-horizontina, que, inevitavelmente, pelo poderio econômico de suas oligarquias, detinham o monopólio do discurso midiático. Resumindo, a estratégia milenar de “repetir uma mentira mil vezes até que ela se torne uma verdade”.

Dos ingressos esgotados no Estádio do Prado para a estreia do Palestra, em 1921, ao eterno recorde do Mineirão, em 1997. Do primeiro título em 1926 à alforja de multicampeão, em 2018, antes mesmo de completar 100 anos de história. Do “Cruzeiro Duro” das páginas heroicas do estadinho do Barro Preto à Academia Celeste a encantar o mundo. Dos italianos, operários, periféricos e interioranos a uma boa fatia da elite que se rendeu ao clube que nascia para destronar os endinheirados. Não é difícil entender o porquê da necessidade – até hoje – de falastrões funcionais e detentores de fortunas se abraçarem ao América Mineiro para tentarem esconder a decadência secular. São as mil mentiras necessárias para se igualarem as dolorosas verdades do futebol mineiro escritas por Piorra, Fantonis, Bengala, Ismael, Alcides, Piazza, Tostão, Dirceu Lopes, Boiadeiro, Marcelo Ramos, Alex e Fábio.

Crises financeiras? Foram inúmeras. Décadas de 1920 (o crash na economia global), 1940 (a perseguição na II Guerra Mundial), 1950 (a quase extinção do departamento de futebol), 1980 (a falta de dinheiro para pagar até a conta de luz), 2000 (os desmontes dos pós-títulos para saldar dívidas) e o crime do qual o Cruzeiro foi vítima em 2019. Em todas elas, duas singularidades sempre escamoteadas pelos detentores do discurso midiático e publicitário. A primeira: os números provam o quanto a Família Palestrina e a Nação Azul se mantiveram apaixonadas a todo tempo e em ritmo de crescimento constante, batendo recordes de média de público desde a década de 1930 ao campeonato nacional Roberto Gomes Pedrosa, nos anos de 1960. A segunda e mais dolorosa para os “mentirosos das mil vezes”, a de que a combinação “torcida cruzeirense e títulos” levou o clube a se tornar o único gigante de Minas Gerais.

Hoje, em tempos de redes sociais, interatividade, engajamentos, monetização (termos intragáveis para quem gosta de um chão duro de arquibancada) e a nova crise financeira, essa discussão se acende novamente. Como diria José Simão, tucanaram o “torcedor de sofá”, e em tempos de pandemia e estádios sem torcida, essas novas “catracas” tornam-se um mal necessário.

Cabe a nós, cruzeirenses, nos adaptarmos a essa única forma possível (por enquanto) de contribuir com #UmNovoCruzeiro (vide a Operação Fifa). Por outro lado, fica o alerta ao clube para ter sensibilidade e, principalmente, vivência de arquibancada (e não só de teclado e métricas) para não nos distanciarmos da verdade construída ao longo de 100 anos. É vital colocar a inteligência também a serviço de manter viva e apaixonada uma torcida onipresente no interior e amante dos estádios.

Não adianta apostar em estratégias como a de algum mecenas se passar por milhares de torcedores, comprando 100 mil camisas para – no mínimo – transformar isso em marketing. Primeiro, porque não temos dinheiro para tal. E mesmo se tivéssemos, de mil mentiras como essa, das catracas rodadas ao vento ou de torcida de alto-falante, nós, cruzeirenses, jamais nos sentiríamos envaidecidos. O nosso orgulho está enraizado no fato de amarmos o time mineiro das verdades históricas ditas uma vez só.

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