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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Só o Galo pra atropelar a ciência e levantar o caneco

Nosso normal é o anormal. Quando tudo parece que vai dar certo, dá errado. Quanto tudo parece que vai naufragar, o Atlético triunfa


05/12/2020 04:00 - atualizado 05/12/2020 00:31

Com estatística ou sem estatística, o que importará no final do Brasileiro é o Atlético estar na ponta da tabela(foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)
Com estatística ou sem estatística, o que importará no final do Brasileiro é o Atlético estar na ponta da tabela (foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)


Reportagem do Superesportes informa: “Em seis das últimas sete edições do Brasileiro, melhor ataque foi campeão”. O Galo tem o melhor ataque da Série A, com 41 gols, quatro a mais que o São Paulo. Seriam números auspiciosos, capazes de devolver a esperança ao atleticano. Isso se o Galo não estivesse desde sempre em litígio com as estatísticas.

Vou dizer uma temeridade, que Deus me perdoe, mas todo bolsonarista deveria torcer para o Atlético. Uma questão de afinidade. Assim como terraplanistas e inimigos da vacina, nós também somos a negação da ciência, sobretudo da matemática – que, ao fim e ao cabo, tudo explica e equaciona. Com um diferencial importante: podemos provar.

Por falta de explicação, chamamos de azar. Por derrubar teses incontestes, invocamos hipóteses como aquela da cabeça de burro enterrada no velho Mineirão (e retirada por alguma santa escavadeira na reforma empreendida antes da conquista da Libertadores). Nossa maior probabilidade é sempre o improvável. Nosso normal é o anormal. O raio do atleticano não cai duas vezes no mesmo lugar – cai três, quatro, cinco vezes. Sempre a poupar o inimigo, sempre a eletrocutar os nossos sonhos. Acorda, aqui é Galo, porra.

Em 2012, fomos informados de que o time campeão era sempre o vencedor do primeiro turno. No final do campeonato, a regra ganhou uma exceção – claro, a gente. Em 1977, terminamos o Brasileirão invictos, com 10 pontos a mais que o São Paulo. Apesar de isso ser tão crível quanto a Terra ter a forma de um frisbee, e o autismo ser oriundo de vacinas contra a pólio, o São Paulo ganhou e nós fomos vices. Explica essa, Newton. Einstein? Pitágoras? Por que se escondem?

Até quando finalmente ganhamos, em 2013, foi a despeito das estatísticas e da ciência dos números. Ninguém que tomara dois no jogo de ida da Libertadores havia se classificado no jogo de volta. Tomamos e nos classificamos. Tomamos de novo e fomos campeões. O raio caiu duas vezes no mesmo lugar e a nosso favor – uma improbabilidade que deveria refundar a matemática como mero exercício de fé.

Ninguém que tivesse tomado três e precisasse fazer quatro em menos de 90 minutos havia se classificado antes na história da Copa do Brasil. 0% de chance. Tomamos e nos classificamos. Classificados, fomos campeões. O Galo é a Damares do futebol, o Ernesto Araújo – estamos aqui para provar que a ciência é uma tese fracassada, e os números, uma falácia.

Entre 2013 e 2019, o único time a ser campeão sem ter o melhor ataque foi o Corinthians, de Carille. Corintianos costumam repreender os amigos no WhatsApp enviando uma figurinha do professor na beira do campo com a inscrição “RECUA!!!”. Certa vez, um corintiano que acabara de ganhar o título me abordou na rua. Eu vestia a camisa do Galo e pensei: lá vem. O distinto torcedor, no entanto, queria se desculpar pela feiura de seu time: “Se o futebol acabar, a culpa é nossa”. Não é o caso de Sampaoli nem o de Fernando Diniz. Analisando cientificamente a situação, só temos uma chance: ganhar com o pior ataque entre os três e tomando de dois do São Paulo. Ademais, nenhum time com sete derrotas a essa altura do campeonato (nóis) foi campeão tendo seu principal oponente perdido somente duas vezes (eles). Motivo pelo qual só pode ter chegado a nossa hora de ser campeões e eles vice, como 1977 ao contrário.

Duzentas semifinais de Brasileiro e apenas um título. Como diria o nosso guia, e daí?. Coitado dos números perto da nossa fé. Eu acredito! Galo acima de tudo, São Victor acima de todos! Seremos campeões.


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