"Não existe opinião pública. Existe opinião publicada"
Winston Churchill
"Não existe opinião pública. Existe opinião publicada"
Winston Churchill
O mandachuva do céu

Irene no céu
Irene preta.
Irene boa.
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
– Licença, meu branco!.
E São Pedro bonachão:
– Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
É pedra
Pedro não se chamava Pedro. Chamava-se Simão. Cristo mudou-lhe o nome: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja e te darei as chaves do reino dos céus”. Pedro significa rocha. Em aramaico, a língua de Jesus, rocha é pedra.
A palavra certa
Sai ministro, entra ministro. Ufa! Parece jogo de dominó. A imprensa comenta. Alguns criticam. Outros aplaudem. Há também os que não estão nem aí. Não é o caso do deputado que, para fazer agrados a Bolsonaro, soltou esta: “O presidente pode indicar e desindicar ministros”. O colega que estava pertinho aproveitou a oportunidade para alfinetar. Fez duas observações. Uma: “Presidente não indica. Nomeia”. A outra: “Presidente algum, em bom português, “desindica” alguém. Ele exonera”.
Ida às urnas
Políticos discutem o adiamento das eleições municipais. Pra justificar a urgência da votação, adotaram a contagem regressiva. Recorrem, então, a palavra pra lá de traiçoeira. Trata-se do verbo faltar. Quando o sujeito vem posposto, não dá outra. Desatentos pisam a concordância.
Aparecem horrores como “falta três meses, falta cinco, falta quatro” e por aí vai. Vale lembrar: o dissílabo não goza de privilégios. Concorda com o sujeito: faltam três meses (três meses faltam), faltam 10 dias (10 dias faltam), falta menos de uma semana (menos de uma semana falta).
De tirar o chapéu
E a Rússia, hein? É o terceiro país com maior número de vítimas da covid-19. Mas ignorou a tragédia. Pra comemorar o Dia da Vitória, promoveu parada militar com centenas de homens. O show tirou o fôlego. Repórteres disseram que o presidente pôs em risco a vida da população para levantar "a moral” do povo. Ops! Trocaram o gênero da palavra.
O moral
A juventude dificilmente fala em moral. Prefere dizer astral. Há pessoas que têm alto-astral. Outras, baixo-astral. É o mesmo que o moral. No masculino, a dissílaba indica estado de espírito, disposição de ânimo: Vladimir Putin quis levantar o moral do povo. Com a vitória do time, o moral dos jogadores foi pras alturas. Os derrotados ficaram com o moral no chão.
A moral
A moral é norma de conduta, moralidade. Coisa de mãe. No caso, só o feminino tem vez: A moral nacional depende da cultura de cada povo. Você sabe qual a moral da fábula A raposa e as uvas? Qual a moral da história?
Resumo da ópera
Você fala em astral? Dê vez ao masculino (o moral). Você fala em lição de moral? O feminino pede passagem (a moral).
Leitor pergunta
Por que se diz “fui no Recife” e não fui ao Recife, como se diz fui ao Rio, fui a SP, fui à Europa.
>> José Roberto Rezende Dutra, BH
Recife tem privilégios com o artigo. Pode ou não vir acompanhada do pequenino. Mas precisa curvar-se à regência. Em bom português: Fui a Recife. Fui ao Recife. Fui a Brasília. Fui a São Paulo.
