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Estado de Minas Rasgando o verbo

O silêncio dos inocentes

Na busca por imagem 'politicamente correta', empresa extingue palavra e dá tiro no próprio pé


05/10/2020 04:00 - atualizado 05/10/2020 21:09


Na semana passada, uma grande corporação brasileira anunciou o fim do uso da expressão “black week”, usada – mundialmente – para designar uma semana avassaladora de descontos. De acordo com o CEO, a decisão fora tomada a fim de colaborar com a luta contra o racismo. Bem, a única colaboração que vejo nessa história, leitor, é com o bolso da empresa.
 
Antes de explicitar os motivos linguísticos pelos quais a atitude da empresa em questão vai de sorrateira a estapafúrdia, sinto-me compelida a tecer considerações sobre esse tipo de iniciativa, denominado marketing de lacração. Não é de hoje que um sem-número de corporações passou a abordar, na tentativa de manter uma espécie de bom-mocismo, pautas relativas às minorias militantes. Lâminas de barbear repletas de misandrias, cervejas ultrafeministas e chocolates não binários. Vale de tudo para lacrar. Ah! Refrescando a sua memória, houve até banco apoiando exposições infestadas de pedofilia e de zoofilia. Lembra-se?

Voltando à vaca fria, a retaliação ao vocábulo “black” não faz o menor sentido, uma vez que, de acordo com o American Dialect Society, órgão responsável pelo estudo da língua inglesa nos Estados Unidos, a expressão “Black Friday” surgiu em 1951, ou seja, quase um século após a abolição da escravidão. Quanto ao significado original dessa dupla de palavras, leitor, há várias explicações, mas nem uma sequer tem a ver com pessoas negras. A mais conhecida das teorias diz respeito ao momento em que as finanças dos comerciantes saíam do vermelho e voltavam para o preto. Simples assim.

Pois é... O próprio CEO da organização lacradora afirmou não ignorar a inexistência de dados que comprovem a ligação da expressão inglesa com a escravidão, mas disse que a decisão foi tomada em virtude da empatia com os negros que se sentem incomodados com o termo. Fica, então, a pergunta... E os milhões de consumidores que, amordaçados pela ditadura demagógica do “politicamente correto”, sentem-se obrigados a manter um silêncio quase ensurdecedor? O medo de ser rechaçado, presencial e virtualmente, cala, oprime e fere. Esse sim é o verdadeiro silêncio dos inocentes.

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