– A minha chefe me odeia, Cíntia!
– Por quê?
– Se eu chego atrasada, ela me chama de descomprometida. Se ela chega atrasada, ela se diz atarefada.
– Ela é a chefe.
– Se tomo as rédeas de algum projeto em que acredito, sou perigosa. Se ela faz a mesma coisa, tem espírito de liderança.
– Ela é a chefe.
– Se eu me arrisco, sou aventureira; se ela se arrisca, é visionária.
– Ela é a chefe.
– Se demoro a entregar um planejamento, sou enrolada. Se ela atrasa alguma tarefa, é criteriosa.
– Ela é a chefe.
– Se eu fico nervosa, não tenho inteligência emocional. Se ela fica nervosa, é simplesmente por causa da sobrecarga.
– Ela é a chefe.
– Se eu jogo conversa fora, estou fazendo corpo mole. Se ela joga conversa fora, está fazendo networking.
– Ela é a chefe.
– Se levo namorados diferentes às festas anuais da empresa, sou namoradeira. Se ela leva namorados diferentes, está à procura da própria felicidade.
– Ela é a chefe.
– Se uso roupas chamativas, sou aparecida. Se ela usa roupas chamativas, é alto-astral.
– Ela é a chefe.
– Cíntia, aliás: é a chefe ou a chefa?
– É um substantivo comum de dois gêneros, O CHEFE ou A CHEFE. Apesar disso, muitos defendem a palavra CHEFA como o feminino de CHEFE. Mas eu jamaaaaaaais usaria CHEFA, já que esse vocábulo carrega um quê de informalidade e de imposição. Entende?
– Ixi... Mas ela gosta de ser chamada de CHEFA.
– Bem, querida... Ela é a chefa.
Cíntia Chagas,
Beijos!