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Estado de Minas PADECENDO

Educação a distância em tempos de coronavírus

E como fica o EaD para as pessoas que não têm computador, não têm acesso à internet? Como fica o ensino a distância para as crianças atípicas?


postado em 28/06/2020 04:00 / atualizado em 25/06/2020 11:55


(foto: Depositphotos)
(foto: Depositphotos)


Alguém mais está com a sensação de estar vivendo o dia da Marmota? Acordando com aquela mesma música?

Estou fazendo uma referência ao filme Feitiço do tempo, em inglês Groundhog day. É um filme de 1993 e eu já perdi as contas de quantas vezes já o vi. Phil é um babaca arrogante que se acha esperto, está P da vida por ter que ir cobrir o "Dia da Marmota", 2 de fevereiro.

Phil e sua equipe são obrigados a pernoitar na cidade e ele entra numa fenda temporal e aquele dia se repete todos os dias até que, depois de não sei quantas centenas de vezes passando pelas mesmas situações, no início sendo um cretino, mas depois aprendendo, evoluindo e virando gente.

Até que ele finalmente se torna humano, deixando de ser macho e vira homem. Então, ele consegue fazer daquele dia o melhor dia que ele pode ter.

Tenho pensado muito nesse filme porque tenho essa sensação de estar vivendo o dia da Marmota. De acordar sempre com a mesma música, das mesmas coisas acontecerem e fazer tudo igual.

Só que aqui não é uma nevasca que nos obriga a pernoitar na cidade, a nos fechar em nossas casas. É um vírus.

Tem muita gente levando vida normal, fazendo seu churrasquinho. Eu e minha família estamos trancados em casa há mais de 100 dias, meu filho não foi nem até a portaria do prédio durante esse tempo. Eu já noto sinais de esgotamento.

Meu sono mudou, acordo várias vezes ao longo da noite, demoro para voltar a dormir. Meu filho, que antes da pandemia tinha uma hora de tela por dia, hoje passa até 10 horas na frente do computador, porque, além das aulas on-line durante toda a tarde, ele faz inglês pela manhã, duas vezes por semana, adora jogar Minecraft, e assistir aos vídeos no YouTube sobre Minecraft.

A sensação que eu tenho é de que este ano já teve 1.800 dias. Que estou trancada em casa há uns 1.200 anos. Cabelo já chega lá no térreo se eu jogar as tranças pela janela aqui do 18° andar. Sinto que envelheci alguns anos nesses três meses. E vejo o mesmo acontecendo com as crianças.

Me pergunto: será que as aulas presenciais vão voltar este ano?. Acho pouco provável, ainda não chegamos ao pico da curva, e parece que vou ter uns 100 anos quando chegarmos lá. E será que essas aulas on-line estão funcionando, será que tem sentido tanto conteúdo neste momento tão atípico?

Uma criança passar tanto tempo na frente do computador aprende? Depois de mais de três meses, essa semana levei minha mesa de trabalho e meu computador para o quarto do meu filho para que eu possa trabalhar ao lado dele e acompanhar as aulas para evitar que ele deixe de assistir ou de fazer alguma atividade. Faz sentido eu ter que fazer isso?

E como fica o EAD para as pessoas que não têm computador, não têm acesso à internet? Como fica o ensino a distância para as crianças atípicas?

Tenho uma amiga, a Márcia, que foi moradora de rua, ela, sua mãe e sua irmã viveram em barracas de lona por um período, quando ela era criança, e ela frequentava a escola naquela época. Já era difícil fazer as tarefas de casa numa barraca e sem luz elétrica, imagina o que seria se as aulas fossem on-line?

Hoje, a Márcia é contadora, tem sua casa, porque ela pôde frequentar uma escola, aprender e se alimentar lá quando era criança. 

Foi há muitos anos, mas ainda temos muitas crianças nas mesmas condições. Será que não é hora de pensar em cancelar o ano letivo?

Como disse a Cecília Caetano @ceciliamarketing:

“As escolas estão perdendo uma baita oportunidade: vamos falar de segurança alimentar, vamos falar de inteligência emocional, de educação financeira, gestão de crises, uso do tempo e produtividade, vamos contar grupos terapêuticos, gestão de projetos (aplicados em projetos sociais durante a pandemia)... tudo isso é viável de se fazer a distância. Discutir literatura. Globalização e os impactos econômicos e políticos da pandemia. Como o mundo está interligado. A imigração. As questões sociais.

As crianças querem poder respirar fundo e rezar pro pai que está tendo que sair todos os dias pra trabalhar não se contaminar e assim contaminar toda a família.

Este ano deveria ser usado para temáticas mais abstratas, para desenvolver habilidades que talvez não tenham tempo pra parar e desenvolver nunca na vida. Deveria ser zerado.

A gente para e recomeça ano que vem. Todos juntos, escolas privadas e públicas. Com segurança, com saúde mental. Com aprendizado real. Com aluno melhores.”

Acho que isso faz muito sentido neste momento. Essa educação que nossas crianças estão tento é uma educação muito individualista que reforça a competitividade e não prepara para o futuro. Além de ampliar as desigualdades.

Eu não sei você, mas eu gostaria muito que meu filho aprendesse outras coisas este ano. Gostaria muito que ele não precisasse passar as tarde entediado na frente de uma tela aprendendo coisas que, neste momento, não fazem nenhum sentido pra ele.

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