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Estado de Minas PADECENDO

Em fevereiro tem carnaval

Um bloco feito por mães, para mães, mostrando que ter filhos não é empecilho para ter atividades prazerosas e que tem espaço para a maternidade na folia'


postado em 09/02/2020 04:00


bebel soares 

(foto: bruna tassis/divulgação)
(foto: bruna tassis/divulgação)


Quem não tem memórias afetivas de outros carnavais? Quando eu era adolescente, passava a semana na cidade da minha mãe, Itaúna, interior de Minas. Naquela época, início dos anos 90, Belo Horizonte ficava parecendo cidade-fantasma nesse período. A gente gostava de ir para a casa da minha avó para passar o carnaval com os primos. Durante o dia era festa, à noite ia para o clube, de carona com o Marcelo, umas sete mulheres com ele dentro de uma Brasília. Marchinhas, samba e axé tocando.

Depois dessa época, passei um bom tempo sem curtir um carnaval raiz. Só em 2009, ano do nascimento do meu filho, os blocos de rua voltaram a ganhar força na capital mineira. Mas não tinha nada direcionado ao público infantil.

Em janeiro de 2014, minha amiga Ana Andrade me mandou uma mensagem sugerindo incluir na agenda do Padecendo no Paraíso um bloquinho de carnaval infantil. A ideia foi devolver às mulheres o direito de curtir e fazer carnaval levando os filhos para a folia.

Carnaval é cultura, a festa popular mais famosa do país e a gente queria que nossos filhos pudessem curtir conosco um bloquinho bem família. Fizemos o cadastro na Belotur, escolhemos o local, mandamos produzir abadás e a Ana conseguiu um mestre e algumas mães do grupo dispostas a fazer oficinas para tocar no bloco em fevereiro. Sim, tivemos um mês para fazer tudo, banda para tocar e saiu até a nossa marchinha, Padecendo na folia, com letra de Eduardo Athayde e Ana Andrade, com participação de Luana Ferreira.

Fomos o único bloco infantil cadastrado na Belotur naquele ano. E, mesmo sem tempo para divulgar, fomos surpreendidas por um público de aproximadamente 4 mil pessoas.

Padecendo no Paraíso é um bloco para todas as gerações, pais, mães, filhos, avós. Um bloco feito por mães, para mães, mostrando que ter filhos não é empecilho para ter atividades prazerosas e que tem espaço para a maternidade na folia. A Charanguinha abriu espaço para os filhos das ritmistas tocarem também, eles sempre abrem a nossa apresentação.

2014 ficou marcado como o primeiro ano do nosso bloco e da primeira apresentação da Charanga das Padês. Padês é o apelido carinhoso das mães que fazem parte do nosso grupo, Padecentes, diminutivo Padês. Eram apenas 15 mães tocando em 2014, hoje são 45 ritmistas, além da harmonia. Durante meses, as meninas ensaiam e dão o sangue para fazer bonito no dia do bloco e em outras apresentações. 10% glamour e 90% suor! A turma está ficando tão profissional que tem sido contratada para tocar em eventos.

Em 2016, o bloco passou a homenagear mulheres como Carmen Miranda, Frida Kahlo, Clara Nunes e Madonna. A homenageada de 2020 será a cantora Wanderléa. Símbolo de rebeldia, abriu portas para toda uma geração feminina desde que ela começou a cantar.

2016 também foi o ano da Michelle, nossa amiga muito querida que amava o carnaval. Ela era moderadora do nosso grupo e tocava na Charanga. Em janeiro daquele ano ela descobriu um câncer. Em fevereiro, tocou no bloco com a maior alegria que uma pessoa pode ter quando sente que está fazendo uma coisa pela última vez.

A danadinha só nos contou sobre o câncer no dia seguinte. Ela fez uma cirurgia para retirada do tumor, mas acabou partindo alguns dias depois, em 16 de fevereiro. E, agora, em 2020, nosso bloco vai sair nessa data, 16 de fevereiro. Aniversário de quatro anos da passagem da Micho. Saibam que ela aparece pra gente quando toca Eva. Então, se você estiver por lá no dia e sentir uma emoção mais forte quando essa música tocar, pode ter certeza, é ela passando por lá para abraçar as mães da Charanga e dar um beijo no marido e no filho.

São essas memórias afetivas que vamos construindo ao longo da nossa história. É muito gratificante fazer parte dos bloquinhos de Belo Horizonte e receber um retorno tão lindo das famílias que passam por lá. Especialmente daquelas que não viam sentido no carnaval e passam a entender que a gente precisa desses momentos de alegria, dessa dedicação ao coletivo, dessa união.

Ficamos muito felizes quando uma mãe como a Lívia leva seu filho para ver a Charanga e nos diz: “Sempre odiei carnaval, mas a Charanga das Padês me ensinou que carnaval é um tempo de poder. Não poder de potência, mas poder de possibilidades”.

Nessa altura do campeonato, a Ana já nem dorme! Além de coordenar a Charanga, ela também é responsável pelo figurino, tanto a t-shirt que veio substituindo o abadá, porque mãe gosta de ser fashion, quando a fantasia que usamos na apresentação. Estamos a uma semana do bloquinho, e duas semanas do carnaval.

Fica aqui o convite para você abrir seu coração para o carnaval. Nosso bloquinho estará na praça da Savassi em 16 de fevereiro, a partir das 10h. Esperamos vocês para cair na folia!


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