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Estado de Minas ANNA MARINA

Conheça mitos e verdades sobre o uso medicinal da maconha

Tetrahidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD) ajudam a tratar convulsões em epilépticos e espasticidades em pacientes com esclerose múltipla


11/11/2022 04:00 - atualizado 11/11/2022 07:34
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Enfermeira segura dois frascos com óleo de canabidiol, medicamento utilizado em pacientes em Bangcoc
Enfermeira mostra frascos com óleo de canabidiol utilizado em pacientes em Bangcoc, na Tailândia (foto: Mladen Antonov/AFP)

Conheço várias pessoas que gastavam tempo e dinheiro encomendando medicamentos à base de maconha nos Estados Unidos. Por causa disso, passei a divulgar sua liberação, até que o medicamento passou a ser proibido por aqui e, posteriormente, liberado. Recebi esta semana informações sobre seu uso correto, que passo aos leitores:

Mito. O conceito de letalidade está relacionado à segurança de um composto. A segurança de alguns canabinoides e preparações, sobretudo as predominantes em CBD e THC, vêm sendo amplamente investigadas. Embora não estejam livres de efeitos colaterais, o uso medicinal – ou mesmo adulto – de diferentes quantidades desses dois componentes jamais esteve relacionada a qualquer óbito, diferentemente do que pode acontecer com outras classes medicamentosas, como opioides.

Uso medicinal da Cannabis é legalizado no Brasil
Verdade. O uso medicinal de produtos derivados da Cannabis é regulamentado no Brasil e existem várias formas de ter acesso ao tratamento. O primeiro passo foi dado em 2015 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que permitiu a importação por pessoa física de produtos regularizados em outros países mediante prescrição médica e autorização. Em 2017, o medicamento Mevatyl, composto por 27mg/ml de THC (tetrahidrocanabinol) e 25mg/ml de CBD (canabidiol), foi aprovado para comercialização nas farmácias do país, indicado para tratar sintomas de pacientes adultos com esclerose múltipla que apresentam espasmos de moderados a graves

No final de 2019, a Anvisa criou a categoria “produtos de Cannabis”, permitindo que empresas obtenham autorização sanitária para comercializar produtos com qualidade farmacêutica diretamente nas farmácias do país. Nesse cenário, organizações da sociedade civil atuam na defesa dos interesses de milhares de pacientes e lutam pela democratização do acesso de diferentes formas.

É preciso fumar para obter efeitos terapêuticos da Cannabis
Mito. Não é necessário fumar para obter os efeitos terapêuticos, embora essa também seja uma forma possível de se administrar um produto. A forma de apresentação mais comum é a solução oral em veículo oleoso. Esses produtos são administrados por meio de conta-gotas, seringas ou copos dosadores, semelhantes ao xarope.

Também é muito comum encontrar produtos em cápsulas (duras ou moles), pomadas e géis de uso tópico. Mas as opções vão muito além. Mesmo o uso inalado é uma possibilidade de administração viável quando se busca o efeito terapêutico, preferencialmente utilizando-se dispositivos que permitam a vaporização dos componentes, em vez da queima, como acontece no cigarro.

Não há evidências conclusivas dos benefícios terapêuticos da Cannabis
Mito. Esse é um mito que pode ser verdade em alguns momentos. A evidência científica é mais robusta para determinadas composições e condições, como para o CBD na redução de convulsões em epilepsia, ou proporções semelhantes de CBD e THC para tratar a espasticidade em pacientes com esclerose múltipla.

Para essas condições, sim, podemos dizer que existem evidências conclusivas, obtidas através de resultados significativos em estudos padrão ouro e aprovados por agências reguladoras criteriosas.Todas as demais condições para as quais os produtos vêm sendo utilizados ainda não têm evidências conclusivas. Muitas delas têm suporte em estudos menos robustos e evidências do mundo real, outras apenas por dados observacionais, relatos de caso ou ainda resultados pré-clínicos.

Os produtos derivados da Cannabis podem apresentar reações adversas
Verdade. Embora os canabinoides sejam considerados moléculas seguras, produtos de Cannabis podem apresentar efeitos adversos distintos e geralmente leves, que variam conforme o teor de cada um dos principais componentes mencionados anteriormente. O médico deve orientar o paciente com relação a possíveis adversidades da escolha terapêutica para cada caso.

Produtos com Cannabis podem gerar dependência química
Depende. Não há indícios de que o canabidiol (CBD) possa causar dependência química. Por outro lado, embora também tenha efeitos terapêuticos, o uso constante de doses maiores de THC pode gerar dependência, sendo um dos motivos pelos quais ainda há mais restrições de prescrição para esses produtos.

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