Fachada do prédio da FUNDEP da UFMG, no campus Pampulha, no número 6627 da Avenida Abrahão Caram -  (crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Fachada do prédio da FUNDEP da UFMG, no campus Pampulha, no número 6627 da Avenida Abrahão Caram

crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press

Estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) deflagraram a greve em assembleia geral realizada nessa terça-feira (23/4). Em votação unânime com cerca de 500 alunos, a paralisação estudantil foi debatida e decidida para que além das reivindicações dos técnicos administrativos (TAEs) e professores, demandas do corpo discente sejam cumpridas.

 

Dentre as reivindicações estudantis, as principais são o reajuste do orçamento anual da educação e  melhorias para a infraestrutura da instituição e da assistência estudantil. De acordo com a coordenadora-geral do Diretório Central de Estudantes da UFMG (DCE-UFMG) Luiza Datas, o movimento estudantil já vinha articulando as exigências estudantis e, diante da greve dos servidores da universidade, o momento se apresenta também como uma boa oportunidade de apresentar as demandas.

 

“Das demandas, a mais latente é uma política de permanência estudantil melhor. Existe uma ameaça do aumento do preço do bandejão, por exemplo, poucas vagas nas moradias universitárias, um auxílio-transporte que é insuficiente, não temos política de saúde mental para os estudantes. Além de várias outras coisas, como a falta de infraestrutura”, explica Luiza.

 

 

 

Tais reivindicações são sentidas também pela estudante de Letras Sarah Cecília Ribeiro do Espírito Santo, que considera a assistência estudantil da UFMG defasada há anos. Segundo a graduanda, estudantes que são assistidos enfrentam dificuldade ao tentar acessar médicos, assistentes sociais e psicólogos pela Fundação Mendes Pimentel (FUMP), responsável pelo auxílio financeiro aos alunos mais vulneráveis da instituição.

 

“Recebemos um número de bolsas de pesquisa bem aquém do necessário, tanto de Iniciação Científica, quanto de mestrado e doutorado. A questão é que são essas bolsas de incentivo à pesquisa que muitas vezes cumprem o papel da assistência estudantil e mantêm o estudante mais pobre no ensino superior. O corte das verbas de assistência estudantil impacta diretamente na evasão discente”, conta.

 

Além da assistência, que é essencial para a formação de muitos estudantes, a UFMG enfrenta muitos problemas estruturais. Alguns prédios mais antigos, por exemplo, não possuem ventilador nas salas de aula, que muitas vezes comportam até 50 alunos. Luzes, tomadas e wi-fi também têm o funcionamento comprometido nesses prédios, como é o caso da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH).

 

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Os alunos também reforçam a importância de terem laboratórios que funcionem, assim como verba e ônibus para realizar visitas de campo.

 

Histórico de greve

 

Depois da assembleia, o DCE-UFMG utilizou as redes sociais para compartilhar com os alunos o que foi discutido no encontro. Do ponto de vista da gestão do movimento, muitos estudantes estão levantando questões e com muitas dúvidas acerca da greve. Entre os questionamentos e oposições, parte do corpo discente não compactua com a greve e outra parcela gostaria de ter mais acesso ao assunto para entender o papel dos estudantes na construção de uma greve unificada.


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Diante do cenário, os movimentos estudantis da UFMG estão avaliando a situação com debates, para que todos os alunos possam colaborar na construção da greve. A ideia é construir um calendário de mobilização da greve para pensar ações conjuntas aos técnicos e professores, além de pressionar a universidade a suspender o calendário acadêmico.

 

Greve dos TAEs e professores

 

Desde 11 de março, os servidores técnicos administrativos (TAEs) das universidades federais estão parados por garantia de direitos. Entre as reivindicações, estão a reposição de perdas salariais acumuladas durante os governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), a reestruturação dos planos de carreiras, mais investimentos nas instituições e realização de um concurso para contratação de funcionários. O movimento também pede reajuste imediato dos auxílios e bolsas dos estudantes.

 

os professores se encontram parados desde o dia 15 de abril, em luta pela recomposição salarial, pela valorização e reestruturação das carreiras dos servidores da educação pública federal e por melhores condições de trabalho. A recomposição dos quadros de professores por concurso público, a recomposição orçamentária das instituições federais e a equiparação de benefícios entre as carreiras do sistema federal e entre os servidores da ativa e aposentados também fazem parte das pautas da categoria.