Questão de reputação
Livro "Mulheres na gestão da reputação" celebra o protagonismo feminino e o impacto das mulheres nessa área de atuação
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A gestão da reputação corporativa é um campo da área de comunicação organizacional que é imprescindível para empresas, clientes, consumidores e, sobretudo, para a nossa cultura. É um trabalho em defesa da ética e transparência, que promove a confiabilidade das empresas que desejam permanecer no mercado. Sem esse olhar, muitas das grandes empresas hoje já teriam se perdido. Diversas crises empresariais no mundo ocorreram por falhas em conduzir uma gestão ética e por ignorar interesses da população e da opinião pública.
No Brasil, empresas como Ambev, Odebrecht, Petrobras e Vale viram sua reputação desmoronar. Mais recentemente, a Serra do Curral, patrimônio tombado, foi explorada ilegalmente por Gute Sicht, Empabra e Fleurs Global Mineração, sem reação efetiva das autoridades. A reputação de políticos e autoridades também está em jogo – e deveria ser lembrada nas urnas.
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Lançado no dia 17 último em BH, o livro “Mulheres na gestão da reputação”, editado por Andréia Roma (Editora Leader, SP) e coordenado por Tatiana Maia Lins, celebra o protagonismo feminino e o impacto das mulheres nessa área de atuação. São inspiradores os artigos de 27 profissionais que, com sua trajetória, contribuíram para a gestão da reputação em empresas de todos os perfis, no Brasil e no mundo.
Dentre elas, duas mineiras se destacam por terem introduzido o tema no país, quando ainda surgiam os estudos que fundamentaram as primeiras pesquisas de percepção sobre a relação das empresas com seus públicos. Ana Luisa Almeida, fundadora do Reputation Institute (atual RepTrak) em nosso país, foi quem trouxe para o ambiente acadêmico e para o mundo corporativo essa lógica de que não é possível atuar visando o lucro apenas, e de que há diversas dimensões que compõem a reputação.
Outra autora, Jussara Belo, relata que no início precisava explicar o que fazia, pois, imagem e reputação pertencem a um ambiente intangível, em que os conceitos precisam ser “desenhados” desde o beabá.
O livro propõe questões fundamentais às empresas, como: o que as pessoas pensam de nós? Isso é imperativo, especialmente a partir da disseminação de informações no mundo digital, dos celulares ao alcance de todos, dos influencers com legiões de seguidores e dos serviços de reclamações pelas redes.
Essas mudanças geraram o novo hábito de buscar informações e opiniões antes de adquirir produtos, serviços ou realizar algum negócio, já que todos podem falar sobre suas experiências, o que expõe a realidade das empresas e serviços. Uma empresa que espera prosperar hoje precisa se abrir à sustentabilidade, à informação honesta, ao escrutínio sobre a qualidade do produto, constantemente respondendo pelo que faz e assumindo posturas que transmitam credibilidade.
A leitura do livro me surpreendeu positivamente, me fazendo lembrar o que disse Freud ao seu ainda pupilo Jung quando, do navio, avistaram Nova York, em 1909. Ele tinha sido convidado para apresentar a psicanálise para os americanos e comentou: “Eles não sabem que trouxemos a peste”.
Sim, o pensamento de Freud revolucionou o pensamento do mundo, com a atenção a uma nova realidade psíquica e seu descobrimento de um inconsciente. O trabalho dessas mulheres também rompe barreiras e exige preparo de empresários e executivos, nem sempre abertos a opiniões e influências em suas decisões. A sociedade está alerta e pronta para julgar – e para escolher entre “as boas e as más empresas”.
Esse artigo contou com a valiosa colaboração de Jussara Belo, uma das autoras.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
