O sintoma mais recorrente da endometriose é a cólica menstrual de difícil controle. “Muitas mulheres com endometriose relatam que tinham dores inicialmente controláveis com uso de bolsa com água quente e, passados alguns meses, não conseguiam alívio nem sequer com medicamentos na veia”, relata o ginecologista Marco Túlio Vaintraub. São comuns ainda a dor pélvica, a dor na relação sexual e a dificuldade para engravidar.
Cerca de 30% das pacientes com endometriose reclamam de dor no ato sexual. E, assim como as cólicas, essa dor também aumenta de intensidade gradativamente. O que inicialmente é relatado como um incômodo se intensifica para fortes dores que podem até inviabilizar a prática sexual. As dores ocorrem principalmente em mulheres com endometriose no ligamento útero-sacro (o mais comum), que tem íntimo contato com a vagina. Com a inflamação do local, o atrito na relação sexual gera dor.
Na avaliação de Marco Túlio Vaintraub, uma das opções de tratar a doença adotada por alguns profissionais é a retirada dos ovários, o que, na opinião dele, é uma castração da mulher. “Claro que não é uma solução para a mulher que ainda deseja ter filhos e, de qualquer forma, precisa ser muito bem avaliada.” Ele também considera a mulher curada se ela consegue engravidar e dar à luz. “Quando conseguem ter um filho, uma segunda gravidez é bem mais fácil”, completa.
Palavra de especialista
Carlos Alberto Petta - professor do Departamento de Ginecologia da Unicamp e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE)
Doença de controle
“A endometriose na verdade é uma doença sobre a qual não se fala de cura, mas de controle. A cirurgia é importante quando a doença sai do controle ou quando o problema é infertilidade. Nesse caso a cirurgia ou a fertilização in vitro são mais usados, pois tratamentos clínicos não aumentam a fertilidade. No que diz respeito à questão sexual, a mulher com endometriose pode registrar dor e dificuldade no ato sexual. O que temos notado com o uso do dienogeste é uma melhora na função sexual. Mas, mesmo que muitas mulheres consigam ter mais prazer na relação, por não apresentar mais a dor, algumas ainda se queixam de diminuição da libido durante o tratamento, um fator que deve ser observado pelo médico que a acompanha.”