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Estado de Minas

Após dia de protesto, Dilma e PT sofrem novo golpe com acusação contra tesoureiro da legenda

Ministério Público denuncia o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, preso nessa segunda, por corrupção e lavagem de dinheiro


postado em 17/03/2015 06:00 / atualizado em 17/03/2015 10:41

Preso novamente sob acusação de cobrar propina de contratos, Duque é um dos elos do PT no esquema (foto: ALEXANDRE VIEIRA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO)
Preso novamente sob acusação de cobrar propina de contratos, Duque é um dos elos do PT no esquema (foto: ALEXANDRE VIEIRA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO)

Brasília - Menos de 24 horas após as manifestações que levaram milhões de pessoas às ruas no domingo, a presidente Dilma Rousseff e o PT sofreram mais um golpe. A Polícia Federal e o Ministério Público puseram o tesoureiro da legenda, João Vaccari Neto, e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque — uma indicação do PT — em situações constrangedoras mais uma vez. Às 6h de ontem, a PF batia à porta de Duque, no Rio de Janeiro, com  ordem de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, após descobrir que o ex-funcionário da estatal escondia 20,5 milhões de euros (cerca de R$ 70 milhões) em Mônaco e conseguiu retirar outra parte de dinheiro de contas da Suíça.

À tarde, o MP e a PF anunciaram, em entrevista coletiva, que o tesoureiro era denunciado por arrecadar dinheiro para o PT com recursos de propinas na Petrobras. No entanto, ele permaneceu em liberdade. É a primeira denúncia criminal contra pessoas ligadas à estrutura do partido.

De acordo com os depoimentos de delatores e os documentos em poder dos investigadores, Vaccari e Du    que são o elo do partido com a Operação Lava-Jato. Na Diretoria de Abastecimento, Paulo Roberto Costa remetia propinas para o PP; na Internacional, Nestor Cerveró favorecia o PMDB. O PT ficava com ao menos duas diretorias: de Serviços; e de Gás e Energia, segundo policiais e procuradores. Remessas de recursos no exterior eram feitas por Duque e seu subordinado Pedro Barusco.

Um dos delatores, Barusco disse à PF e ao MP que o tesoureiro arrecadou até US$ 200 milhões para o PT. “Temos evidências de que Vaccari tinha consciência que esses pagamentos eram feitos a título de propinas”, afirmou o procurador que coordena a força-tarefa, Deltan Dallagnol. As doações ao PT recebidas por Vaccari não poderiam ser consideradas de origem lícita, segundo Dallagnol. Ele disse que o tesoureiro sabia que as captações vinham de recursos desviados da Petrobras. O vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, confirmou a suspeita levantada por Augusto Mendonça, executivo da Toyo Setal. De acordo com o diretor da segunda maior empreiteira do país — atrás apenas da Odebrecht —, Vaccari pediu dinheiro do esquema. “O pagamento de propina era disfarçado de doação eleitoral”, revelou Dallagnol. Empresas do grupo de Mendonça fizeram 24 pagamentos de suborno camuflados de doação de campanha, de R$ 4,26 milhões. “Esses pagamentos foram feitos a pedido de  Duque. Vaccari indicava as contas dos diretórios estaduais”, explicou o procurador. Ao decretar a prisão preventiva de Duque, o juiz Sérgio Moro classificou de “assustador” o fato de o ex-diretor continuar a receber propina mesmo depois de deflagrada Lava-Jato, em março do ano passado.

O advogado de Vaccari negou qualquer arrecadação com dinheiro de “superfaturamento, cartel e corrupção”, como sustenta o MP. Luiz Flávio Borges D’Urso afirma que seu cliente “não participou de nenhum esquema para recebimento de propina ou de recursos”. “O senhor Vaccari repudia as referências feitas por delatores a seu respeito, pois não correspondem à verdade.”

Preso pela primeira vez em 14 de novembro, Duque foi solto em 3 de dezembro pelo Supremo Tribunal Federal. O advogado dele disse que a nova prisão é “ilegal” e afronta à decisão do STF. “Duque nega a prática de ilícitos, enquanto diretor da Petrobras”, disse Alexandre Lopes.

A força-tarefa constatou que Vaccari se encontrava com regularidade com Duque “para acertar os valores devidos”. O relato do empresário Eduardo Leite, vice-presidente da construtora Camargo Corrêa, foi decisivo para o oferecimento da denúncia contra o tesoureiro. “Ele revelou que se encontrou com Vaccari e que este pediu doações oficiais eleitorais a título de propinas.” Também tiveram peso na acusação os depoimentos de quatro delatores: Augusto Mendonça, Pedro Barusco (ex-gerente de Engenharia da Diretoria de Serviços da Petrobrás), Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento) e o doleiro Alberto Youssef.

O procurador afirmou ainda que também foram achados 10 milhões de euros (R$ 31,1 milhões) que seriam do ex-diretor de Internacional da estatal Jorge Zelada, que não denunciado ontem. Dallagnol disse que o MPF e a PF vão rastrear esse dinheiro. O empresário e lobista Adir Assad também integra a lista de denunciados. Empresas de fachada dele teriam sido usadas por Youssef para dar fluxo a propinas a políticos em 2003 e 2014. A Justiça Federal decretou o sequestro de R$ 40 milhões nas contas de Assad e de seis empresas ligadas a ele, usadas para movimentar propina. Foi decretado ainda o bloqueio em contas de três pessoas que eram usadas como ’laranjas’ por Assad. O lobista também foi preso ontem.

OBRAS DE ARTE A PF apreendeu 131 obras de arte na casa de Renato Duque. As buscas na residência e em outros dois endereços de Duque foram determinadas pelo juiz Sérgio Moro. A compra de obras de arte é um dos expedientes mais usuais no processo de lavagem de dinheiro. A suspeita é que Duque teria lavado dinheiro de propinas por meio de obras de arte.

Duque chegou por volta das 12h30 à sede da PF, na zona portuária do Rio de Janeiro, de onde foi levado para Curitiba. De acordo com o advogado dele, Alexandre Lopes, o ex-diretor deixou sua casa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, por volta das 12h. A defesa criticou a prisão preventiva. “A prisão é indevida mais uma vez, o juiz antecipa uma pena que ele pode aplicar ao fim do processo”, declarou Lopes. Ele disse ainda que as obras apreendidas “não tinham relação com a Petrobras”.


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