Coluna: 'Dilma no País das Maravilhas'

Ao mesmo tempo em que os brasileiros enfrentam a falta de água e correm o risco de racionamento de energia elétrica, jorram denúncias de corrupção na Petrobras. Parece um poço sem fundo de malfeitos bilionários, sem trocadilho, por favor. A cada dia que passa, novas notícias surgem, delações premiadas ainda têm muito a revelar ao país. É só aguardar, assim como a Petrobras está esperando para divulgar o seu balanço do ano passado. Até hoje, nada.

Sobre a possível falta de água – para não dizer provável, que é mais torcida do que pessimismo –, a ministra do Meio Ambiente classificou a situação de "sensível e preocupante". E pediu à população para economizar água e energia, especialmente nos três estados do Sudeste mais importantes economicamente para o país – São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Um plano para enfrentar a situação já deveria estar pronto há muito tempo, e não estar sendo feito agora, diante da situação crítica. E sendo feito de improviso. Mas o governo estava mais ocupado em reeleger a presidente Dilma Rousseff (PT) e esconder da população a verdadeira situação do país. E não apenas na questão da falta de chuvas.

O freio na economia, a maquiagem nas contas públicas para montar um superávit primário que, em verdade, não houve. E muito, muito mais que foi dito nos debates e apresentado no horário eleitoral obrigatório. Um verdadeiro estelionato político que, se fosse um filme, seria chamado de ‘Dilma no País das Maravilhas’.

Só que, agora, os brasileiros estão no país do pesadelo. Racionamento? Custo: R$ 6 bilhões a menos no Produto Interno Bruto (PIB). Tempestades? Só se forem os raios e trovoadas que aparecem em todo momento na Operação Lava-Jato da Polícia Federal, que investiga a Petrobras.

Resumo da ópera: apague a luz, desligue a televisão, tome banho rápido e frio, ajoelhe-se e faça uma oração com fé a São Pedro.

Modelo pronto

O governador Fernando Pimentel (PT) tem dito que pretende "regionalizar" o estado para facilitar o atendimento à população. Para ganhar tempo, poderia retomar o programa de administrações regionais implantado durante o governo Eduardo Azeredo (PSDB), sob a coordenação do economista Paulo Haddad. Na época, foram criadas 25 administrações com o objetivo, justamente, de atender demandas locais e dar suporte ao crescimento econômico de cada região de Minas. O programa, no entanto, foi abandonado no governo Itamar Franco (PMDB). E olha que Paulo Haddad foi ministro de Itamar.

É só no Maranhão

O que não falta no Maranhão é confusão política. Decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acatou recurso e deferiu a candidatura de Deoclides Macedo (PDT). Com isso, os mais de 56 mil votos que ele teve foram computados e Julião Amin passou de suplente para eleito. E mais curioso ainda. Sabe quem pagou o pato das sentenças judiciais? O deputado Alberto Filho (PMDB), que teve mais de 67 mil votos. E sabe quem mais perdeu? O PMDB, que viu sua bancada reduzida de 66 para 65 deputados enquanto a do PDT passou de 19 para 20.

Pluripartidário

Uma curiosidade acompanha o novo secretário de estado da Fazenda, José Afonso Bicalho, cargo que ele ocupou por alguns meses no governo de Hélio Garcia, depois que o titular Roberto Brant se desincompatibilizou para se candidatar a uma vaga na Câmara dos Deputados. Antes, tinha sido presidente do Bemge. Quatro anos depois, foi para a Prefeitura de Belo Horizonte, na gestão de Fernando Pimentel (PT). Mais importante é que José Afonso Bicalho se saiu bem na gestão em todos os governos.

Novidades por aí?

O prefeito de Uberlândia, Gilmar Machado (PT), circulou pela capital na semana passada. Foi recebido pelos secretários de Estado do Planejamento, Helvécio Miranda Magalhães, e de Governo, Odair Cunha. Será que vêm novidades por aí? Na política, como indicação para cargos, pouco provável. Gilmar está mais interessado em programas do governo, em especial no reforço do contingente da Polícia Militar na cidade e na construção do Instituto Médico Legal, já que o da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) está sobrecarregado. É que ele atende praticamente toda a região.

Um por todos

O lema dos Três Mosqueteiros pode marcar a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados deste ano. Seria uma espécie de “um por todos e todos contra Arlindo Chinaglia (PT-SP)”. O PSDB fez questão de anunciar em sua própria sala o apoio à candidatura de Júlio Delgado (PSB-MG), mas já há um movimento para pegar o grupo petista de surpresa. Os tucanos podem votar em peso na candidatura de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). É a mesma pregação que faz o deputado Paulinho da Força Sindical (SP), líder do Solidariedade. É só aguardar. Quem viver verá!

PINGA FOGO

O Brasil é mesmo o país da piada pronta. A Petrobras está anunciando que termina em 7 de fevereiro o prazo de inscrição para o Prêmio Petrobras de Jornalismo. Já que não ofende: vale reportagens investigativas de corrupção?

O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) anunciou semana passada que também será candidato à presidência da Câmara dos Deputados. Sabe que tem chance nenhuma de vitória, mas, pelo menos, fará o seu comercial.

Basta ver a sua plataforma eleitoral. Vai de taxação de grandes fortunas à defesa intransigente dos direitos humanos. Chico Alencar vai bater forte mesmo é na corrupção. Afinal, é o tema do momento.

O ex-ministro José Dirceu (PT) está entre a espada e a cruz. Primeiro, ataca a presidente Dilma Rousseff (PT), sabe-se lá a serviço de quem. E agora é citado em denúncias na Operação Lava-Jato da Polícia Federal.

Falta uma semana para a eleição na Câmara dos Deputados. Depois de um longo e tenebroso inverno, Brasília volta a ferver com os conchavos internos dentro dos partidos. Eles vão de lideranças a apoio aos candidatos a presidente da Casa.

Já na Assembleia Legislativa, a disputa deve ser mais morna, muito mais morna. Está praticamente tudo combinado. É o estilo mineiro de fazer política. Primeiro combina, depois vota.